Atenção, cinéfilos amantes do vinho. Anotem na agenda: estreia no dia 24 de junho, via streaming, o filme A Vinícola dos Sonhos, do diretor Sean Cisterna, coprodução entre Canadá e Itália de 2019 que chega ao Brasil depois de uma bem-sucedida carreira em festivais. Por bem-sucedida entenda-se prêmios.
A Vinícola dos Sonhos venceu o Beaufort International Film Festival 2020, nos Estados Unidos; o Devour! The Food Film Fest 2019; e o Italian Contemporary Film Festival 2019, ambos no Canadá. O longa também fez parte da seleção oficial do Naples International Film Festival 2019 (EUA) e do Whistler Film Festival 2019 (Canadá).
O circuito de festivais ainda rendeu frutos ao protagonista da trama, o ator Joe Pantoliano. Ele foi homenageado não só por esse trabalho, mas por toda a carreira (que inclui filmes como Amnésia, Matrix e Os Bad Boys) no Festival Internacional de Cinema de Fort Lauderdale (EUA), no Ischia Global & Music Festival (Itália) e no Naples International Film Festival.
Pantoliano interpreta Mark Gentile, um advogado de meia idade em crise, não só pessoal, mas de ética, que larga tudo e viaja para sua cidade natal, Acerenza, na Itália. Ao visitar o antigo vinhedo do avô, que se encontra abandonado, decide revitalizar a propriedade. Para tanto, conta com a ajuda dos moradores para alcançar o objetivo de voltar a produzir vinho.
O roteiro não chega a ser um exemplo de originalidade. Um Bom Ano, filme de 2006 do diretor Ridley Scott estrelado por Russell Crowe, Marion Cotillard e Albert Finney, vai mais ou menos nessa onda ao contar a história de Max Skinner, um banqueiro londrino que herda a vinícola do tio localizada na Provence, sul na França, e muda de vida.
Vamos combinar que ser 100% original nos dias de hoje é um desafio e tanto. Eu não vejo problema nisso, pelo contrário: confesso que adoro assistir a filmes do gênero, me aguçam a curiosidade. Ao ler sobre A Vinícola dos Sonhos, por exemplo, corri pesquisar sobre Acerenza. Minha dúvida era: a cidade é real ou fictícia?
Sim, é real, e fica na região da Basilicata. Essa comune italiana com pouco mais de 3 mil habitantes tem a economia baseada na agricultura essencialmente familiar e nos produtos artesanais. A Basilicata, por sua vez, entrou para o mapa do vinho graças à produção do tinto Aglianico del Vulture, considerado por muitos o “Barolo” do sul da Itália.
Trata-se de um vinho feito a partir da uva Aglianico, cepa de origem grega que chegou à Basilicata no século 7 a.C. e que encontrou no solo vulcânico da região as condições ideais de desenvolvimento. Outros rótulos de destaque da região são o Grottino di Roccanova (blend com até 80% de Sangiovese) e o Matera Bianco. Legal, né?
Voltando ao filme A Vinícola dos Sonhos, além de Joe Pantoliano, outro destaque do elenco é o ator italiano Marco Leonardi, que fez muita gente suspirar no filme Como Água Para Chocolate, de 1992, do diretor mexicano Alfonso Arau, cuja trama tem um pezinho no realismo fantástico, gênero literário nascido na América do Sul.
Alfonso Arau, inclusive, é o diretor de Caminhando nas Nuvens (1995), um dos meus filmes favoritos envolvendo romance e vinhos. A trama conta a história do soldado Paul (Keanu Reeves), que torna-se vendedor de chocolates com o final da 2ª Guerra. Durante uma viagem, ele conhece a herdeira de um vinhedo. Grávida, ela propõe a Paul que se passe por seu marido. Não foi um sucesso de crítica, é um escapismo delicioso.
FICHA TÉCNICA
A Vinícola dos Sonhos
Título original: From The Vine
Ano: 2019
Gênero: Comédia
Produção: Canadá/Itália
Direção: Sean Cisterna
Elenco: Joe Pantoliano, Paula Brancati, Marco Leonardi
Distribuição: Elite Filmes
Estreia no Brasil: 24 de maio de 2021
Onde assistir: www.cinemavirtual.com.br e Now
EM TEMPO
Um exemplo sobre como a ficção inspira a vida real: a vinícola artesanal Bramasole – Vinho de Boutique, com vinhedos em Indaiatuba e Louveira, na região de Campinas (SP), ganhou esse nome em referência ao livro Sob o Sol da Toscana, de Frances Mayes, romance autobiográfico que chegou as telas do cinema em 2003.
Seu proprietário, Luiz Henrique de Oliveira, era um alto executivo do setor de tecnologia que atuava nos Estados Unidos. Ao ser demitido e de volta ao Brasil, ele leu a obra de Frances Mayes e conta que se identificou com a história da mulher que decide recomeçar a vida na Itália após se divorciar.
Assim nasceu a Bramasole – Vinho de Boutique, que realiza degustações regulares de seus vinhos aos sábados, em seu wine garden. Visitei a vinícola em 2019 e foi um passeio muito bacana. Recomendo.
Para mais informações:
- Site oficial: bramasole-vinho-de-boutique.negocio.site
- Facebook: facebook.com/Bramasolevinhodeboutique
- Instagram: @bramasolevinhodeboutique
*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
No Replies to "Cinema e vinho, uma combinação irresistível"