Por Érika Soares
Foto: Divulgação
A gastronomia traz consigo uma das melhores sensações: o prazer. Comidas e bebidas são capazes de levar o indivíduo a lugares distantes, relembrar momentos importantes de sua história, despertar os sentidos.
Sobre a relação desse sentimento com a alimentação, Brillat-Savarin (1), um dos autores mais reconhecidos na área gastronômica argumenta: a comida oferece, durante a curta trajetória de vida das pessoas, o único prazer que não se acompanha de fadiga e ainda possui a capacidade de descansar o indivíduo de todos os outros.
Para muitos, o prazer também está guardado no processo de preparação das delícias, que podem e são muitas vezes usadas para aproximar-se do ser amado, o tal “conquistar pelo estômago”.
Por isso, e não apenas por isso, comida e sexo possuem relação constante. Para o folclorista Câmara Cascudo (2), toda a existência humana é decorrente do binômio estômago e sexo, que são duas necessidades onipotentes e responsáveis por proporcionar prazer ao homem.
Para o historiador Henrique S. Carneiro (3), esses dois prazeres são aproximados de muitas maneiras, desde a mais tenra idade quando o seio materno é a fonte do máximo prazer, como nas práticas eróticas orais, tais como o beijo, em que o mesmo órgão da nutrição produz gratificação sensual. Ele também comenta que o sexo e a comida são, em muitas culturas, representados pelo mesmo verbo: comer.
“Apetite e sexo são os grandes motores da história, preservam e propagam a espécie, provocam guerras e canções, influenciam religiões, leis e arte. Toda criação é um processo ininterrupto da digestão e fertilidade”, disse Isabel Allende, em sua obra Afrodite. E ela tem razão!
>>> Leia mais: Afrodite, de Isabel Allende, para ler, instigar e cozinhar
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1 – BRILLAT-SAVARIN, Jean-Anthelme. A fisiologia do gosto. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
2 – CASCUDO, Luís da Câmara. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2004. 3ª edição.
3 – CARNEIRO, Henrique S. Comida e sociedade: significados sociais na história da alimentação. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 42, p.71-80, 2005. Editora UFPR.
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