Lanche no corte boca de anjo é oficialmente símbolo de Campinas

Se tem algo que é característico dos bares e botecos de Campinas é o lanche no corte boca de anjo, que tem esse nome porque é fatiado em vários pedaços que colaboram para que o sanduíche se torne um petisco compartilhável, sem se importar com o recheio. Quem é da cidade adora, quem vem de fora se encanta (ou acha estranho), mas o importante é que este corte é genuinamente campineiro. Nada mais correto então torná-lo um símbolo da cultura gastronômica local.

Foi o que ocorreu no dia 24 de setembro com a publicação do decreto no Diário Oficial do Município. Outra lei, esta que institui o dia 10 de Maio como data oficial do lanche, também está para ser promulgada.

O caminho para este reconhecimento foi iniciado meses atrás quando a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) Regional Campinas apresentou projeto aos vereadores durante o 1º Encontro com a Frente Parlamentar de Bares e Restaurantes, realizado no HUB Gastronômico da PUC-Campinas. O vereador Luiz Rossini abraçou a ideia transformando-a em Projeto de Lei.

“Diversas cidades e capitais brasileiras têm seu prato típico e Campinas agora tem o Boquinha de Anjo como símbolo gastronômico e Cultural, que é conhecido nacionalmente”, diz André Mandetta, presidente da Abrasel Regional Campinas. “Com essa lei, preservamos a história do lanche, que vem enriquecer a nossa cultura gastronômica, já que Campinas é hoje considerada a Capital da Gastronomia no Interior de São Paulo”, acrescenta.

História e Cultura Gastronômica

O corte nasceu do dia a dia dos funcionários de um dos mais antigos estabelecimentos gastronômicos da cidade, o Giovannetti, pelas mãos de um então chapeiro da casa, hoje falecido, conhecido como Moleza. Com pontas de peças de frios que não eram fatiadas, o lanche feito com pão francês era cortado em oito pedaços e inicialmente servido ao final do expediente para os funcionários.

“Eram ‘juntadas’ as pontas dos frios que sobravam da noite – rosbife, muçarela, entre outros – e colocadas em um recipiente para fazer um lanchão para todos”, conta Genilson Souza Urcino, gerente da unidade do Giovanetti Rosário. “Como o lanche era muito volumoso, cortávamos em pedaços menores para podermos compartilhar com todos”, completa Pedro “Possante” que era funcionário na época.

Pouco depois, foi colocado no cardápio, especialmente para o público feminino, ganhou maior popularidade e ficou o mais famoso entre os clientes. A então novidade lançada pelo Giovannetti também acabou se espalhando no decorrer das décadas por outros bares e botecos de Campinas e conquistou prêmios nacionais de festivais gastronômicos, chegando posteriormente a cidades de outros países, como a metrópole espanhola Madrid.

Vem aí um festival

Segundo o presidente da Abrasel Campinas, a ideia da entidade é criar um festival local de Boquinha de Anjo, com a criação de um prêmio para a escolha do melhor sanduíche pela população. Esse festival, explica, deverá ocorrer nos próximos anos, em março, quando o deverá ser comemorado o Dia do Boquinha de Anjo.

“O projeto que cria a data, no dia 10 de março, já foi aprovado pelos vereadores e só falta ser sancionado”, completa Mandetta.

Texto e foto: Érika Soares

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