Por Letícia Cruz*
Um tributo à bebedeira, à amizade e ao “carpe diem”, “Druk – Mais uma rodada”, filme dinamarquês vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, tem um enredo envolvente etilicamente falando. Um grupo de professores na meia idade decide testar uma teoria de que seriam mais felizes e bem-sucedidos ingerindo bebida alcóolica todos os dias, com objetivo de alegrar um amigo em crise (vivido pelo ator Mads Mikkelsen). A olho nu, pode parecer até um roteiro puxado para a comédia – mas acredite, o filme é um puro e primoroso retrato das nossas misérias. Vale assistir.
Mas não, caro leitor. Essa não se tornou uma coluna sobre cinema! Penso que seria uma pena não exaltar a cerveja nessa obra que vem da terra dos vikings. Ainda que o protagonista prefira reabastecer seu nível de álcool no sangue com destilados, perde uma grande oportunidade de prestigiar as grandes belezas cervejeiras que a Dinamarca oferece. Afinal, a história da Dinamarca é entrelaçada com a da cerveja há mais de 5 mil anos, sendo mais notória na era dos vikings, entre 709 e 1.066 d.C.
A relação que os escandinavos tinham com a cerveja extrapolava o sentido recreativo, sendo uma bebida utilizada para fins religiosos e produzida por quase todas as famílias nas comunidades. O culto à cerveja era tão significativo aos nórdicos que a bebida servia de homenagem ao deus Odin e ao seu filho, Thor. Só participava dos festejos sagrados quem bebia grandes quantidades de cerveja – e quanto maior o teor alcóolico da bebida, mais próximo da divindade a pessoa estaria.
Os nórdicos beberrões tomavam cerveja e também o hidromel em chifres de uma vez só, pela impossibilidade de descansar o copo na mesa. Provavelmente você já viu cenas parecidas em filmes ou séries de televisão: vikings embriagados passando o famigerado chifre de mão em mão em rodas de amigos nas tavernas.
Fato é que essa cultura se modernizou, mas não perdeu a essência. Há reconhecidas e inovadoras cervejarias na Dinamarca e também Noruega, como a Carlsberg, fundada em 1847, a cigana Mikkeler, Evil Twin, Faxe (essa você já deve ter encontrado no supermercado), e muitas outras que posso abordar com mais profundidade em outra oportunidade.
Se eu pudesse sugerir uma cerveja ao protagonista Martin, com certeza seria a Pilsner dinamarquesa. Clara, espumosa, refrescante, teor alcoolico moderado. Perfeita para beber com os amigos do filme nas tavernas – ops, bares – afora. E, por favor, moderação para não acordar no dia seguinte numa sarjeta qualquer. Skål – como diriam os vikings!
Quer mais filmes com referências cervejeiras/alcoólicas? Então toma!
Um Sonho de Liberdade (Shawshank Redemption, 1994, Frank Darabont)
Esse aclamado filme que está na minha lista de prediletos da vida nos brinda com uma cena apoteótica, onde o protagonista Andy Dufresne (Tim Robbins), condenado e preso injustamente pelo assassinato de sua mulher, negocia e consegue que a direção do presídio de Shawshank conceda algumas garrafas de cerveja para ele e seus companheiros (entre eles Red, interpretado por Morgan Freeman) após uma tarde de trabalho intenso. Essa passagem do filme nos lembra da sensação única e relaxante que degustar uma boa cerveja pode nos dar.
Django Livre (Django Unchained, 2012, Quentin Tarantino)
Outro filme oscarizado – que conta a saga de um escravo liberto (Jamie Foxx) com um passado sofrido que aceita a ajuda de um caçador de recompensas (Christopher Waltz) para reencontrar sua mulher -, também tem cena com canecas cheias de cerveja num bar (alô, gatilho) de estilo faroeste.
Lembra de outro filme que te marcou com cenas que dão aquela vontade de tomar uma cerveja? Me conta nos comentários!
Saúde e até a próxima!
* Letícia Cruz Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! Criadora do @cervejopedia no Instagram.
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