O impacto das enchentes no vinho gaúcho

There is nothing to show here!
Slider with alias none not found.

Por Lalá Ruiz*

A cadeia produtiva do vinho foi fortemente afetada pelas chuvas que devastaram o Rio Grande do Sul nos últimos meses, estado que é o maior produtor da bebida no país – segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Rio Grande do Sul responde por 85% da produção nacional.

Os prejuízos ainda estão sendo contabilizados pelas entidades de classe, mas o setor de vinícolas já estima uma perda de mais de R$ 25 milhões. Porém, como a safra de 2024 havia sido finalizada antes das enchentes, os reais impactos dessa verdadeira tragédia climática só serão percebidos nos próximos meses.

Levantamentos preliminares feitos tanto pela Emater/RS ASCAR (entidade que reúne a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural e Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural), quanto pelo Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), apontam, por exemplo, que ao menos 500 hectares de vinhedos foram destruídos pelas fortes chuvas, sendo 250 na Serra Gaúcha.

Em entrevista ao portal gaúcho de notícias GZH, o vice-presidente do Consevitis-RS, Daniel Panizzi, frisou que, além das perdas de infraestrutura e das plantas, os produtores também têm de encarar o impacto da tragédia no enoturismo. Segundo ele, 80% das vinícolas da região dependem do turismo para vender seus vinhos.

Ainda na entrevista publicada no GZH, Panizzi citou como exemplo a Vinícola Don Giovanni, de Pinto Bandeira, empresa da qual é diretor e que é reconhecida por sua produção de espumantes, além de contar com uma pousada e um restaurante. Por lá, o prejuízo para os meses de maio, junho e julho é estimado em R$ 2 milhões, valor que corresponde a 20% do faturamento anual da vinícola.

Enquanto o real alcance dessa tragédia ainda é mensurado, o setor tem se mobilizado para incentivar as vendas dos vinhos gaúchos e minimizar as perdas. Uma das ações foi a criação de um selo especial, cujo objetivo é destacar os produtos “made in Rio Grande do Sul” nos pontos de vendas dentro e fora do estado.

O Consevitis-RS também lançou um vídeo institucional com a canção Querência Amada, do compositor gaúcho Teixeirinha, como forma de reforçar a campanha em prol dos vinhos gaúchos. Assista abaixo:

UVAS & VINHOS

O mercado gaúcho em números*

  • 2% É o que representa o Complexo Econômico da Uva e Derivados (produção de uvas e vinhos) no escopo do PIB do Rio Grande do Sul. Porcentagem não inclui o setor de serviços, com atividades relacionadas ao enoturismo e à enogastronomia.
  • 12,5 mil Propriedades produzem uvas no estado.
  • 44.473 hectares É a área total plantada com vinhedos em diversas regiões.
  • 60 mil Agricultores familiares estão envolvidos nessa atividade
  • 550 Vinícolas e cooperativas estão registradas no estado

*Fonte: Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS)

ENTRE TANINOS

Jolimont realiza leilão beneficente

A Vitivinícola Jolimont realiza, das 9h do dia 9 até as 23h59 do dia 10 de junho, um leilão do rótulo Intendente das safras 2009, 2012 e 2015. A ação será no perfil do Instagram da marca, com 100% do lucro destinado ao apoio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.

O Intendente Jolimont é um tinto premiado internacionalmente – em 2022, por exemplo, foi eleito o melhor do Brasil no Vinus, concurso de vinhos e licores realizado em Mendoza, na Argentina. Produzido no Rio Grande do Sul, é composto por um blend das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat e Cabernet Franc.

As três safras selecionadas para o leilão são raras, principalmente a de 2009, que já não é mais comercializada nas lojas físicas ou e-commerce da Jolimont. Os interessados deverão responder o card oficial do leilão postado no feed e nos stories do perfil da Jolimont no Instagram. A resposta será via direct e o lance silencioso.

  • Mais informações no próprio perfil da marca no Instagram: @jolimontvinicola.

Dicas para brindar o Dia dos Namorados

Com a proximidade do Dia dos Namorados, comemorado em 12 de junho, o sommelier Sergio Cruz, da Cantu Grupo Wine, preparou uma lista com cinco rótulos que acredita vão harmonizar perfeitamente com o clima romântico da data. Confira:

  1. Calvet Rosé D’Anjou – Produzido na França, na região do Loire, com as uvas Cabernet Franc, Grolleau e Gamay, é um vinho perfeito para começar a noite com suavidade e frescor. Com aromas de framboesa, morango e um toque de menta, é ideal para acompanhar saladas, peixes grelhados e comidas japonesas, pois sua leveza complementa pratos delicados, sem sobrecarregar os sabores.
  2. Calvet Bordeaux Superior Metal – Outro vinho da mesma marca, só que voltado para casais que preferem os tintos. Segundo o sommelier, trata-se de um rótulo clássico com o famoso corte de Bordeaux de Cabernet Sauvignon e Merlot. É um vinho que harmoniza com pratos de carnes de caça, carnes vermelhas grelhadas e queijos maduros, uma vez que sua robustez equilibra a intensidade dos pratos.
  3. Albert Bichot Chablis – Também oriundo da França, esse branco se destaca pelos aromas cítricos e minerais que lembram cascas de lima e maçã, o que lhe garantem frescor e sofisticação. Combina com ostras, ceviche e saladas de folhas, pois sua acidez realça os sabores dos frutos do mar e das saladas.
  4. Mosketto Tinto – A quarta indicação do especialista vem da Itália, mais precisamente do Piemonte. Produzido com uvas Moscato e com baixo teor alcoólico, o Mosketto Tinto deve ser servido em temperatura baixa para destacar os aromas doces que lembram romã e cerejas em calda. Ideal tanto para iniciar a noite quanto para harmonizar com sobremesas como bolo de frutas e sorvetes.
  5. Vértice – O sommelier encerra sua seleção com o chileno Vértice, rótulo emblemático no país. Elaborado com uvas Carménère e Syrah, apresenta uma cor rubi intenso e aromas complexos de pimenta preta, especiarias e amoras, com passagem de 22 meses em barricas de carvalho francês. Recomendado para harmonizar com carnes de caça, como javali e cervo, além de queijos bem maduros.

Espumante Antonella abraça a diversidade

Chega ao mercado uma nova marca brasileira de espumantes, cujo conceito se inspira na força da mulher e na diversidade feminina. Trata-se do espumante Antonella, nascido nos vinhedos da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, e que pode ser encontrado em três versões: Antonella Brut (elaborado com as uvas brancas Glera, Trebbiano, Chardonnay e Riesling Itálico, cultivadas em Monte Belo do Sul); Antonella Brut Rosé (elaborado com as uvas brancas Glera, Trebbiano, Chardonnay, Riseling Itálico e a uva tinta Pinot Noir, de vinhedos localizados em Monte Belo do Sul e Nova Prata); e Antonella Moscatel (elaborado com as uvas brancas Moscato Bianco e Moscato Giallo, cultivadas nas serras Gaúcha e Catarinense).

  • Onde comprar: os espumantes Antonella estão à venda nas lojas físicas e no e-commerce da World Wine.

HARMONIZA+SOM

Fração Única combina com Nenhum de Nós

Um dos vinhos gaúchos de que mais gosto é o Fração Única Pinot Noir, da Casa Perini. Me encanta o frescor desse rótulo, que experimentei pela primeira numa das edições do Vinho no Trem, evento bacanérrimo realizado anualmente em Campinas (SP). Mais do que harmonizar com carnes vermelhas em geral, ele fica muito melhor quando degustado ao som de um bom rock gaúcho.

Nesse caso, indico o disco Acústico ao Vivo, lançado em 1994 pelo grupo Nenhum de Nós. Além de sucessos como O Astronauta de Mármore (versão de Starman, de David Bowie), Camila, Camila e Ao Meu Redor (uma de minhas preferidas), também traz a cover de Canção da Meia-Noite, clássico dos anos 1970 de outro grupo gaúcho, o Almôndegas, que contava entre seus integrantes com os irmãos Kleiton e Kledir.

Segue o link do álbum, disponível, entre outras plataformas, no canal da banda no YouTube:
youtube.com/playlist

É para brindar com orgulho e ouvir sem moderação. Saúde!

Vale lembrar que, no último dia 26 de março, o gaiteiro e tecladista do grupo, João Vicenti Vieira Santos (segundo da esquerda para a direita na foto acima). Ele tinha 58 anos e lutava contra um câncer nos rins. Faleceu devido a um quadro de insuficiência hepática.

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

No Replies to "O impacto das enchentes no vinho gaúcho"

    Leave a reply

    Your email address will not be published.