Brasil tem nova indicação geográfica: Sul de Minas

Por Lalá Ruiz*

Uma boa notícia para o vinho brasileiro: a produção nacional tem uma nova indicação geográfica, a IG Sul de Minas. O reconhecimento, na categoria Indicação de Procedência (IP), valida a região como produtora de vinhos de inverno e foi publicado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) na Revista da Propriedade Industrial (RPI) do último dia 11 de fevereiro.

A IG Sul de Minas compreende os vinhos produzidos em um território descontínuo de 4.239,6 km², com altitude mínima de 800 metros, e que abrange áreas dos municípios de São João da Mata, Cordislândia, São Gonçalo do Sapucaí, Três Corações, Três Pontas, Campos Gerais, Boa Esperança, Bom Sucesso, Ibituruna e Ijaci.

São rótulos elaborados exclusivamente com uvas brancas e tintas do tipo Vitis vinifera autorizadas, cultivadas por meio do método conhecido como dupla poda, em ciclo invertido, para colheita no período de inverno, em condições climáticas específicas.

Entre as variedades autorizadas para a produção de vinhos tintos e rosés estão Syrah, Merlot, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Marselan, Tempranillo, Petit Verdot, Pinot Noir e Grenache. Já para os brancos podem ser utilizadas as cepas Sauvignon Blanc, Viognier, Marsanne e Chardonnay. Outras variedades podem ser aprovadas pelo Conselho Regulador, desde que comprovadamente contribuam para a qualidade da vitivinicultura na região.

Para a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, o reconhecimento como Indicação Geográfica impulsiona o desenvolvimento socioeconômico dessas regiões. “Os pequenos produtores se tornam mais competitivos no mercado e a região, com sua produção controlada, ganha uma proteção legal contra falsificações e uso indevido dos nomes reconhecidos”, afirma Giesbrecht.

Com a nova IG Sul de Minas, o Brasil passa a ter 13 Indicações Geográficas para vinhos, sendo 11 indicações de procedência e duas denominações de origem. São elas:

Indicação de Procedência

  1. Pinto Bandeira (RS)
  2. Vale do São Francisco (PE/BA)
  3. Vale dos Vinhedos (RS)
  4. Altos Montes (RS)
  5. Monte Belo (RS)
  6. Farroupilha (RS)
  7. Campanha Gaúcha (RS)
  8. Vales da Uva Goethe (SC)
  9. Vinhos de Altitude de Santa Catarina (SC)
  10. Vinhos de Bituruna (PR)
  11. Sul de Minas (MG)

Denominação de Origem

  1. Vale dos Vinhedos (RS)
  2. Altos de Pinto Bandeira (RS)

Entenda a diferença

De acordo com o Inpi, a Indicação Geográfica (IG) identifica a origem de um produto ou serviço que tem certas qualidades graças à sua origem geográfica ou que tem origem em um local conhecido por aquele produto ou serviço. A Indicação de Procedência refere-se ao nome do local que se tornou conhecido por produzir, extrair ou fabricar determinado produto ou prestar determinado serviço. Já a Denominação de Origem refere-se ao nome do local, que passou a designar produtos ou serviços, cujas qualidades ou características podem ser atribuídas à sua origem geográfica.

ENTRE TANINOS

Chegou a hora da Confraria Elas & Vinhos

Se você é mulher, gosta de vinhos e mora em Campinas (SP), fique ligada nessa novidade: vem aí a Confraria Elas & Vinhos, que surge com o objetivo de reunir mulheres em encontros esporádicos para degustação de vinhos, trocas e visitas a vinícolas. A adesão é por evento, e o primeiro será realizado no dia 25 de abril (uma sexta-feira), às 19 horas, na Grand Cru do bairro Cambuí (Rua Dr. Sampaio Ferraz, 336).

Mulheres que gostam de vinho (Foto: Canva)

O tema desse encontro de estreia é a Itália. Assim, serão degustados quatro rótulos escolhidos especialmente para o evento. O valor é R$ 335,00 no PIX ou R$ 348,60 no cartão (pagamento em até três vezes). As vagas são limitadas e a confirmação é feita após o pagamento. Mais informações podem ser obtidas com Mirian Paula Teixeira de Oliveira, no WhatsApp (19) 99397-5229, ou no perfil @confrariaelasevinhos no Instagram.

HARMONIZA SOM

E já que o assunto é o vinho do Sul de Minas…

…que tal aproveitar e celebrar esse importante feito ao som do álbum Milton + Esperanza? Lançado em 2024, o trabalho reúne o cantor e compositor brasileiro Milton Nascimento e a contrabaixista e cantora norte-americana de jazz Speranza Spalding.

O disco concorreu recentemente ao Grammy de Melhor Álbum Vocal de Jazz e é uma pérola que reúne clássicos de Milton, tais como Cais e Morro Velho; composições inéditas; uma cover dos Beatles (A Day in The Life); e uma homenagem ao saxofonista Wayne Shorter, grande incentivador desse encontro e que morreu em 2023.

Milton Nascimento e Esperanza Spalding: parceria (Foto: Divulgação)

Milton + Esperanza está disponível nas principais plataformas de streaming. Como aperitivo, compartilho aqui a regravação de Morro Velho, que contou com a participação especial da Orquestra Ouro Preto:

Vale lembrar que Milton Nascimento é mineiro por adoção. Embora tenha nascido no Rio de Janeiro, mudou-se ainda na infância com a família para Três Pontas, cidade que integra a região da IG Sul de Minas.

Um brinde aos bons vinhos e à boa música!

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

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