*Por Lalá Ruiz
O bacalhau, tão típico nas mesas portuguesas, é também uma tradição por aqui, principalmente nas comemorações da Páscoa. Faz parte da herança cultural brasileira. Assim, se na sua Páscoa não pode faltar um bom bacalhau, saiba que para cada receita testada e sacramentada ao longo dos anos, há um vinho que combina perfeitamente. É o que pontua a sommelière paulistana Érika Líbero.
O Bacalhau à Brás, por exemplo. Esse prato feito com bacalhau desfiado, batata palha, cebola frita, ovo mexido, azeitona e salsinha, pede, na avaliação da profissional, um vinho leve e com acidez. Nesse caso, ela indica um Sauvignon Blanc, vinho que já possui aromas de ervas, o que, segundo ela, eleva o nível da harmonização.
Já o Bacalhau à Gomes de Sá vai muito bem com um Pinot Noir, indica a sommelière. Isso porque a receita original, cuja autoria é atribuída ao comerciante de bacalhau da cidade do Porto, José Luís Gomes de Sá Júnior (1851-1926), prevê a utilização de lascas do peixe amaciadas em leite e cozidas com azeite, alho e cebola, e depois acrescidas de azeitonas pretas, salsa e ovos cozidos.
Um prato da Beira
No caso do Bacalhau à Lagareiro, que é regado no azeite, com cebola, batatas e servido com alho cru, Érika é taxativa: “Aposte em um vinho verde branco”. A título de curiosidade, consta que esse prato tradicional da Beira Litoral teria sido criado pelos trabalhadores dos lagares de azeitona da região. Originalmente, era confeccionado com bacalhau salgado e empanado com pão duro e esmigalhado. Durante a Era dos Descobrimentos, as batatas foram introduzidas à receita.
Para acompanhar o Bacalhau com Natas, que é preparado com creme de leite fresco (as “natas” que batizam a receita), mais as onipresentes batatas e cebolas, Érika Líbero indica um Chardonnay. “Se quiser deixar a harmonização ainda mais interessante, procure por um Chardonnay com um pouco de passagem por barrica (até 6 meses)”.
Esse “empadão” pede um Merlot
Quase um empadão português, o Bacalhau à Zé do Pipo foi criado nos anos 1960 por José Valentim, dono de um restaurante da cidade do Porto e cujo apelido era Zé do Pipo – daí o nome do prato. Além do pescado, a receita leva maionese, purê de batatas, cebola, leite, azeite, pimentão vermelho, louro e azeitonas. Na avaliação de Érika, como o purê de batata traz “estrutura para o prato”, a sugestão aqui é um vinho tinto com a uva Merlot.
E dentro desse escopo bacalhau + vinho, dois petiscos clássicos – Bolinho de Bacalhau e Pastel de Bacalhau – não poderiam ficar de fora. “Aqui um espumante vai fazer o contraste entre a gordura do prato e o frescor do vinho. Procure por espumantes mais secos, como o brut, por exemplo”, completa a sommelière.
E aí, já decidiu o cardápio da sua Páscoa?
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EM TEMPO
Produtores de Cava comemoram resultados de 2022
Os produtores de Cava, que é o espumante espanhol, organizados sob a Denominação de Origem Cava, contabilizaram 249 milhões de garrafas comercializadas em 2022, uma alta de 4,5% em relação a 2021. Isso significou um faturamento de 2.192 milhões de euros, 15% a mais que no ano anterior.
Do total de garrafas vendidas, 69% se destinaram à exportação, sendo os principais países consumidores a Alemanha, Estados Unidos, Bélgica, Reino Unido e Suécia. Houve ainda um aumento nas vendas para Suíça (50%), Brasil (24,3%), Estônia (22,1%) e Lituânia (21,9%). No total, o Cava está presente em 150 países.
Em entrevista ao portal EFE:Agro, publicada no dia 24 de março, o presidente da D.O. Cava, Javier Pagés, disse que os números de 2022 confirmam a recuperação do setor iniciada em 2021, com cifras superiores ao período pré-pandemia. E mais: os números superaram as estimativas iniciais, que apontavam uma alta de 3%. Sem dúvida, uma ótima notícia.
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(Crédito da foto no alto: Freepik)
*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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