O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional considera que é direito de todos o acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
No entanto, o mais recente relatório Estado Mundial da Alimentação e da Agricultura 2019 (SOFA, sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que mais de 5 milhões de brasileiros ainda sofrem com a escassez de alimentos. No mundo, são 2 bilhões de pessoas sofrendo com insegurança alimentar moderada ou grave, ou seja, seres humanos que não têm acesso regular a alimentos nutritivos, suficientes e que não são danosos aos seus organismos.
O assunto vem a tona com força em 16 de outubro, por conta de ser o Dia Mundial da Alimentação, data de criação da FAO, em 1945. Todo ano, a partir de 1981, um tema é abordado. O de 2019 é “Dietas Saudáveis para um mundo de #fomezero”. Isso porque, não é a falta de alimento apenas o fator preocupante, mas a forma como se come também. Atualmente são 40 milhões de crianças menores de cinco anos com sobrepeso e 672 milhões de adultos com obesidade.
O Brasil já esteve em situação pior neste quesito, pois houve uma queda considerável da fome em um intervalo de dez anos. Tanto que em 2014, o país saiu do mapa da fome. Dados da FAO apontam que a parcela de desnutridos no Brasil caiu de 4,6% da população no período de 2004-2006 para menos de 2,5% entre 2016 e 2018. Porém, ainda há muito o que fazer, afinal esse percentual representa algo como 5 milhões de pessoas, como já dito acima.
Oferecer segurança alimentar é possível
Um programa que mostra a possibilidade de reduzir ainda mais a fome no Brasil é o Bom Prato, criado em 2000 pelo Governo do Estado de São Paulo. São 57 unidades em funcionamento, sendo 22 localizadas na capital, 11 na Grande São Paulo, sete no litoral e 17 no interior, que oferecem almoço e café da manhã, com valor simbólico de R$ 1,00, e R$ 0,50, respectivamente, para população de baixa renda, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Crianças até 6 anos não pagam.
Campinas é um dos municípios que tem unidade do programa. De acordo com a Prefeitura, são servidas diariamente 2,4 mil refeições de 1.200 calorias, compostas de arroz, feijão, salada, legumes, um tipo de carne, farinha de mandioca, pãozinho, suco e sobremesa. Mas neste Dia Mundial da Alimentação, os usuários do Bom Prato vão ter uma deliciosa surpresa. O cardápio será costelinha suína com molho de goiabada, batatas assadas com alecrim, salada de folhas com ora pro nóbis, arroz, feijão, doce de banana e suco de uva, assinado pelo jornalista e cozinheiro Manuel Alves Filho. A iniciativa conta com o apoio da rede Griletto, que doou 235 quilos da proteína.
“Uma ação como essa é fundamental para mostrar a importância de programas que atendem aos mais necessitados. Felizmente, empresas como o Griletto entendem essa necessidade e apoiam a causa, em busca de um mundo melhor e menos desigual”, afirma Alves Filho.
Falta de comida X desperdício
O relatório da FAO também aponta que a América Latina e o Caribe são responsáveis por 20% da quantidade total de alimentos perdidos desde a pós-colheita até o varejo. A região abrigar apenas 9% da população mundial, mas mesmo assim desperdiça um quinto de todos os alimentos.
As principais causas de perdas estão relacionadas com colheita no momento errado, más condições climáticas, práticas incorretas de colheita e de manejo. Decisões inadequadas nos estágios iniciais da cadeia de abastecimento também geram perdas significativas e um prazo de validade mais curto para alguns produtos. Sem contar, os problemas com logística, processamento e instalações inadequadas de armazenamento.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), na Região Metropolitana de Campinas (RMC) são desperdiçados por dia cerca de 60 mil quilos de alimentos pelos 12 mil bares e restaurantes em funcionamento, uma média de cinco quilos por cada estabelecimento.
Para o presidente da Abrasel na RMC , Matheus Mason, o desperdício de alimentos na região poderia ser bem menor caso leis municipais sobre doação de alimentos estivessem em pleno funcionamento. Como exemplo, cita a lei municipal de Campinas, sancionada em 2015, que previa a doação de alimentos por parte de bares e restaurantes para o Banco de Alimentos da cidade. “Se a lei fosse mais clara, retirando penalidades aos estabelecimentos, com certeza esta quantidade de alimentos estaria indo para as mesas dos mais necessitados”, completa.
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Triptem 24 de janeiro de 2020 (17:53)
Matéria muito interessante e pertinente, principalmente na época que vivemos, onde as pessoas estão muito individualistas, pois quem vê a necessidade é quem realmente precisa ou quem se coloca no lugar dos outros.