Se tem algo que Entre Sabores valoriza é a história existente por traz da alimentação, seja se está relacionada com a criação de um prato, seja se tem a ver com a situação em que ele era consumido. Por isso, o evento promovido pelo Festival Sabores da Terra no último sábado, dia 25, que integrou a programação na edição Jaguariúna e Holambra (ainda em andamento), tem muito relevância e deve ser registrado aqui.
A começar pela viagem na Maria Fumaça – passeio que pode ser apreciado aos finais de semana com partida da Estação Anhumas, em Campinas – que traz toda nostalgia de um tempo em que os trens eram os principais veículos de transporte de pessoas e cargas. Trafegar sobre os mesmos trilhos da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro, desativada desde 1971, nos dias atuais é experiência que as novas gerações deveriam vivenciar.
Mas o dia reservava ainda mais cultura, gastronômica inclusive. A proposta da organização do festival era essa mesmo: levar um grupo seleto de convidados e jornalistas para refazer os passos de maquinistas, que por vezes, ao final da jornada, assavam uma leitoa na fornalha da Maria Fumaça na Estação Carlos Gomes, assegurando assim uma boa comida para o jantar.
Durante a viagem de ida, Juarez Spaletta, um dos fundadores da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF, contou como surgiu a iniciativa de usar o calor do fornalha para cozinhar.
“Depois que encerrávamos os trabalhos na Estação Carlos Gomes, era difícil ter o que comer lá. Se não levássemos um lanche ou ficasse procurando os barzinhos da região – que eram mais pra botecos – não tínhamos o que comer. Foi aí que um associado nosso, de Santa Rita do Passa Quatro, trouxe uma leitoa e sugeriu que aproveitássemos o calor da fornalha da locomotiva, que já estava parada, mas ainda como muita caloria”, disse Spaletta, que continuou: “Então preparamos um espeto, colocamos a leitoa lá e pudemos fazer uma refeição decente. Foi algo inusitado e ficou muito bom. Depois disso, de vez em quando, a gente repetia”.
Importante destacar que a estação Carlos Gomes não é aberta para turistas, mas recebeu os convidados muito bem. Ao desembarcar, uma mesa com salada e acompanhamentos já estava posta, mas só então o porco iria para a fornalha. Foi quando a locomotiva chegou à estação, pela primeira vez, com o único objetivo de finalizar as porchettas preparadas pelo chef Erick Alsaro, com colaboração do chef Adriano Emídio e estudantes de gastronomia da Faculdade de Jaguariúna. Em menos de 5 minutos elas pururucavam por conta das altíssimas temperaturas.
“É claro que não estamos fazendo exatamente igual aos que eles faziam no passado, mas a ideia é que as pessoas vivenciem algo semelhante”, comentou o Alsaro. E o resultado foi o esperado. Todo mundo quis ver, fotografar e experimentar, claro.
O almoço farto ainda contou com harmonização de cerveja artesanal da Cervejaria Landel e drinks feitos ao gosto de cada um com as vodcas da Kadov, uma das patrocinadoras do evento junto com a Castelo Alimentos.
A volta no trem foi alegre, com música e conversa. Certamente, um dia pra ficar na memória e, quem sabe, ser repetido outras vezes para que mais e mais pessoas tenham essa experiência cultural e gastronômica.
Confira abaixo um resumo do passeio: [wpvideo uh1OsQXT]
1 Reply to "Porco assado na fornalha da Maria Fumaça"
Porco na Fornalha do trem: um passeio gastronômico aberto e imperdível | Entre Sabores 24 de agosto de 2017 (14:04)
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