A data de 31 de março é reservada à reflexão sobre saúde e nutrição, e o momento atual pede um olhar atento para este assunto. Por um lado, está a insegurança alimentar, por outro um número crescente de pessoas com obesidade. E, diferente do que muitos pensam, as duas situações podem estar conectadas.
Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são obesas, sendo 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças.
A estimativa da OMS é que aproximadamente 167 milhões de pessoas ficarão menos saudáveis por estarem acima do peso ou obesas, até 2025.
No Brasil, uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), entre fevereiro de 2019 e março de 2020, revelou que uma em cada dez crianças brasileiras de até 5 anos está acima do peso.
Enquanto isso, uma análise realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, em 2021, mostrou que quase 116,8 milhões de brasileiros não se alimentavam como deveriam, com qualidade e em quantidade suficiente, onde 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome.
“A pandemia de covid-19 expôs – e continua expondo – um número muito grande de famílias à insegurança alimentar, ameaçando vidas e a saúde de gerações”, comenta Heloisa Oliveira, diretora-presidente do Instituto Opy de Saúde, uma entidade filantrópica que foca na promoção da saúde em áreas estratégicas, como o cuidado nos primeiros 1000 dias de vida e na prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs).
Para a presidente da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição), Ruth Guilherme, trata-se de uma crise global que tem numa ponta os sistemas de saúde sufocados por conta do aumento das DCNTs e na outra a grave insegurança alimentar. “Aqui no Brasil a fome avança e atinge mais de 20 milhões de pessoas. Precisamos agir todos os dias, seja promovendo mudanças nos hábitos da população, seja provocando movimentos para criação de políticas públicas eficazes”.
De acordo com ela, o Dia da Saúde e da Nutrição não deve ser encarado como mais uma data de calendário. “Este dia nos convida a olhar para os desafios que estão nos campos, nas prateleiras de mercados, nos pratos cheios de ultraprocessados e nos pratos à espera de comida de verdade. Precisamos olhar, refletir e agir.”
Foto: Steve Buissinne – Pixabay
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