Syrah, uma uva antiga que se adapta a diferentes terroirs

Por Lalá Ruiz*

Dezesseis de fevereiro é o Dia da Uva Syrah. Também chamada de Shiraz, Sirac, Marsanne Noir, Entournerein, Sereno, Hermitage, Crozes-Hermitage, Cornas, Côte-Rôtie e St. Joseph, trata-se da sexta variedade vinífera mais cultivada no mundo.

Diz a lenda que o vinho servido por Jesus Cristo na última ceia que realizou com os apóstolos, antes de ser traído por Judas Iscariotes, era um Syrah.

Mas, lendas à parte, o fato é que essa variedade é uma das mais antigas de que se tem notícia e que se adapta a diferentes terroirs, incluindo o brasileiro. Por aqui, é muito popular em regiões onde se pratica a técnica da dupla poda, que consiste em “enganar” a planta com o objetivo de mudar o ciclo da colheita do verão para o inverno.

Uma dessas regiões é a Serra da Mantiqueira, entre os estados de São Paulo e Minas Gerais. A coluna O Assunto é Vinho selecionou três rótulos produzidos por lá para brindar essa uva tão importante. Confira:

1. Vale de Pedra – Tinto 2019

Produzido pela Guaspari, vinícola de Espírito Santo do Pinhal, em São Paulo, que está entre as mais premiadas do país, é um vinho 100% Syrah, de corpo médio e maturado por quatro meses em barricas de carvalho francês. Apresenta coloração rubi profunda e boa acidez.

2. Casa Geraldo Gran Reserva Syrah Colheita de Inverno 2018

Produzido pela Casa Geraldo, vinícola localizada na cidade de Andradas, em Minas Gerais, que tem feito uma forte aposta em vinhos finos e espumantes. De vermelho intenso, o vinho passou um ano em barricas de carvalho franceses e americanos. É considerado um vinho estruturado, encorpado, porém equilibrado.

3. Casa Verrone Colheita Especial Syrah 2020

Rótulo da Casa Verrone, vinícola que colocou a pequena cidade de Itobi, próxima a São José do Rio Pardo, em São Paulo, no mapa do vinho brasileiro. Passou seis meses de barrica de carvalho francês e apresenta um bom equilíbrio entre o corpo e a acidez.

Duas menções honrosas!

As também paulistas Bramasole Vinho de Boutique e Vinícola Góes não ficam na Serra da Mantiqueira, mas têm vinhos feitos 100% com uvas Syrah cultivadas a partir da técnica de dupla poda.

O Di Vino Syrah 2020, da Bramasole, por exemplo, é um excelente vinho com passagem por seis meses em barrica de primeiro uso de carvalho. Porém, mais do que comprar uma garrafa, indico um passeio, com degustação, até a vinícola, cujos vinhedos ficam nas cidades de Indaiatuba e Itupeva. Já fui e recomendo. Para mais informações: bramasole-vinho-de-boutique.negocio.site.

Conhecida pelos vinhos de mesa e pelo suco de uva, a Vinícola Góes tem investido fortemente em vinhos finos. O seu Góes Tempos Míneres Syrah, por exemplo, é produzido em São Roque, sede da empresa, mas com uvas plantadas em Andradas.

Saúde!

EM TEMPO

Motivos para comemorar

Em 2021, quando completou 90 anos, a Cooperativa Agrícola Garibaldi, uma das mais tradicionais produtoras de vinhos, espumantes e sucos de uva do Brasil que fica localizada na Serra Gaúcha, registrou uma alta de 29% nas vendas em comparação a 2020, com a comercialização de 19,5 milhões de litros de bebidas e R$ 243,5 milhões de faturamento.

Desse total, 40% correspondem à venda de espumantes, com 5 milhões de garrafas comercializadas em 2021, volume 31% maior em relação a 2020. Os moscatéis foram o grande destaque, correspondendo a 45% da produção. É dessa família de espumantes o premiado Garibaldi Moscatel, eleito o melhor do Cone Sul pelo Catad’Or World Wine Awards, no Chile.

Um brinde ao espumante brasileiro!

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.