Uma nova estação: as cervejas de outono

Quando chega uma nova estação, cores, aromas e temperaturas mudam junto com ela. É o que acontece quando transicionamos do verão para o outono: o calor característico já deu espaço para ares mais frescos. E não estranhe se aflorar sua vontade por estilos de cervejas diferentes das mais refrescantes. Para quem aprecia uma variedade de cervejas, cada estação realmente reflete todas essas sensações de uma estação. Assim como as (um tanto clichês, confesso) folhas secas e avermelhadas características do outono, cervejas com perfis mais complexos, de coloração âmbar ou marrons – vamos combinar – são a cara da temporada.

Mas existe mesmo essa história de cerveja de outono? Assim como existem as cervejas de inverno, aquelas mais encorpadas e alcoólicas, essa é a oportunidade para trocar uma cerveja leve por uma baseada na escola belga, por exemplo. Cervejarias apostam no marketing de seus rótulos mais propícios para a estação. A Bodebrown, por exemplo, destaca suas cervejas mais potentes. A 4 Blés, uma Belgian Strong Dark Ale feita com quatro tipos de trigo, leva tâmaras e damasco em sua receita.

A tônica das cervejas de outono é resumida por aí. Ao meu ver, são cervejas que flertam com aromas provenientes dos ésteres vindos do processo de fermentação das Ales, que lembram as frutas secas como as uvas passas e afins. Menos potentes que as cervejas pesadas de inverno, passeiam entre as Brown Ales, as Irish Red Ales,

Amber Ales, entre outros estilos. Geralmente, combinam com aquele toque de caramelo e pão, dos maltes, com uma certa picância. O teor alcoólico delas é variado, mas nunca inferior a 5% ABV (índice de graduação alcoólica da bebida).

Quando se fala em cerveja cor âmbar, alaranjadas e vermelhas, cor característica das folhas secas, muitos podem até associar às IPAs clássicas e maltadas. Errados não estão, apesar de eu achar que elas se saem muito bem no ano inteiro, como estilo-coringa. Há muito mais a se explorar.

Por isso, deixo aqui algumas dicas de boas cervejas nacionais e bem acessíveis para apreciar nessa época. Aproveite!

Chocolate com Pimenta
(Schornstein)

A Bock é uma cerveja mais escura que apresenta aromas intensos de toffee e o tostado do pão, com amargor bem leve e pouco lupulada. A receita da Schornstein traz a pitada inteligente da adição do chocolate com a pimenta habanero. Não é uma cerveja pesada – aliás, muito pelo contrário. São aromas e sabores sutis, com 7% de teor alcoólico. Já dá pra esquentar, sem pesar.

Mad Dog
(Cervejaria Landel)

Essa American Strong Ale se aproxima bastante de uma cerveja de inverno, mas é ótima também para qualquer data ou época. A mais alcoólica dessa lista, com 9,5% ABV, é cítrica mas também resinosa. Possui cor âmbar/marrom, com dry hopping de lúpulo Centennial. Agrada tanto quem busca o amargor quanto a complexidade de uma Strong Ale.

Roleta Russa Brown Ale
(Roleta Russa)

É uma cerveja sazonal, bem fácil de encontrar na época entre abril/junho. Ela resgata a era americana das cervejas artesanais americanas nos anos 1980, com coloração marrom (claro!) e as indefectíveis notas caramelo. Tem amargor médio/baixo, com 5,5% ABV. Uma ótima drincabilidade, diga-se de passagem.

Taverne
(Hopmundi)

Cerveja Tripel viva, inspirada nas tavernas belgas, com boa carbonatação, leve adocicado e condimentado com aroma de frutas secas, com teor alcoolico de 8,5% perceptíveis ao gole. O chamariz aqui é sua aproximação com a escola belga, trazendo essa sensação das frutas maduras.

Me conta nos comentários se gostou das dicas!

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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