Por Lalá Ruiz*
Relatório divulgado no dia 29 de setembro de 2021 pela OIV – Organização Internacional da Vinha e do Vinho apontou um crescimento médio anual de 13%, entre 2005 e 2019, de vinhedos orgânicos certificados em todo o mundo. No mesmo período, a título de comparação, as plantações convencionais de uva diminuíram 0,4% ao ano.
Em 2019, segundo a OIV, 63 países, a maioria na Europa, estavam envolvidos com a vitivinicultura orgânica, com vinhas certificadas estimadas em 454 mil hectares, ou seja, o equivalente a 6,2% da área mundial plantada com uvas. Pode parecer pouco, mas, na avaliação da OIV, representa um importante avanço.
De acordo com o relatório da instituição, a vitivinicultura orgânica é um fenômeno relativamente recente e que teve uma expansão significativa no final do século 20. Entre os fatores que explicam esse crescimento estão questões sociais ligadas à proteção do meio ambiente e à saúde.
Mas, o que caracteriza uma vitivinicultura orgânica? Conforme uma resolução de 2012, elaborada pela própria OIV, para ser certificado como tal, o produtor deve seguir os Princípios Gerais da Vitivinicultura Orgânica. A saber:
Países que apostam no orgânico
O relatório também aponta que dez países concentram 91% dos vinhedos orgânicos certificados. Três estão na Europa – Espanha, Itália e França – e respondem por 75% dos cultivos, sendo a maior parte de uvas destinadas à produção de vinho.
Completam a lista: Estados Unidos (4%), com uma produção dividida entre uvas viníferas, de mesa e passas; Turquia (3%), que basicamente produz uvas de mesa e passas; China (3%), que planta tanto uvas viníferas quanto de mesa; Alemanha (2%); Áustria (1%); Grécia (1%); e Argentina (1%), com uvas majoritariamente destinadas ao vinho.
Já quando o assunto é o peso que a produção orgânica tem na vitivinicultura de um país, esse mapa muda um bocado. A liderança fica com a Itália, onde 15% dos vinhedos são orgânicos, seguida da França (14%), Áustria (14%), Espanha (13%), Suíça (9%), México (8%), Alemanha (8%), Bulgária (5%), Grécia (5%) e Croácia (5%).
Mas, e o Brasil?
O Brasil, informa a OIV, possui a terceira maior área de vinhedos orgânicos da América do Sul. Porém, a área plantada em 2019 não chegava a 1 mil hectares, com 97% das uvas usadas para a produção de suco de uva, com variedades, na avaliação da entidade, que apresentam alto rendimento e são resistentes a doenças causadas por fungos.
Se você se interessou pelo assunto, saiba que o relatório da OIV é bem completo e pode ser acessado no site da organização (clique aqui), uma das mais prestigiadas do mundo e que tem sede na França.
EM TEMPO 1
Entre os produtores de vinho orgânico no Brasil estão a Garibaldi Cooperativa Vinícola, de Garibaldi, e a Vinícola De Cezare, de Farroupilha, ambas do Rio Grande do Sul.
EM TEMPO 2
Experimentei no domingo passado o Petit Verdot 2020 da Finca Martha, de Mendoza, na Argentina. Que vinho gostoso! Ainda não conhecia essa uva, que é natural de Bordeaux, na França. Recomendo!
Crédito foto no alto: Jill Wellington por Pixabay
*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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