Por Lalá Ruiz
Num episódio do programa Um Brinde ao Vinho (+Globosat) que assisti recentemente, em reprise, a apresentadora Cecília Audaz sugere aos telespectadores que dão os primeiros passos no mundo do vinho que anotem, em um caderno, os rótulos que tomaram. Que escrevam não apenas nome, safra e vinícola produtora, mas também teor alcóolico, se o vinho tem Indicação Geográfica Protegida e qualquer outra informação que achar pertinente, sem esquecer de registrar suas notas pessoais sobre a bebida.
Achei essa dica super interessante e resolvi seguir o conselho. Não sou uma novata no assunto, mas passo muito longe de ser uma expert. Porém, mais do que me ater às informações sobre o vinho, decidi me “aventurar” pelos lugares de origem de cada rótulo degustado. Foi a forma que encontrei, neste período de isolamento social em virtude da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), de ir a lugares distantes sem sair da sala, mas sonhando que, num futuro próximo, essas viagens “na taça” se tornem reais.
O primeiro vinho que anotei no meu pequeno caderno me levou ao Valle Central do Chile, na região do vulcão Ojos del Salado, na fronteira com a Argentina. O vinho, um Shiraz da linha Dancing Flame – nome que faz referência a uma antiga lenda sobre a noite em que o céu do país se iluminou com chamas dançantes devido à erupção do vulcão -, é produzido pela vinícola Luis Felipe Edwards, uma das mais tradicionais do Chile. O vulcão, com seus 6.893 metros de altitude, é considerado o mais alto do mundo.
Por sua vez, o chardonnay Turning Leaf safra 2010, da Leaf Vineyards, me levou à cidade de Modesto, no estado norte-americano da Califórnia. Sem dúvida, um município que não faz jus ao nome – cidade natal de personalidades como o nadador Mark Spitz, recordista de medalhas de ouro em uma Olimpíada, e o cineasta George Lucas, criador das franquias de sucesso Star Wars e Indiana Jones, Modesto fica a 500 quilômetros de Los Angeles e é um destino turístico dos mais descolados, com direito a uma Canabis free zone.
Outro vinho que gostei muito, o Fortant de France – Grenache Rosé Littoral 2018, com Indicação Geográfica Protegida, me fez descobrir a cidade costeira de Sète, no sul da França. A localidade, considerada a porta de entrada para o mar Mediterrâneo, é cortada por canais e um destino de férias de sonho, com suas marinas, gastronomia, festivais de arte e um terroir propício aos bons vinhos. Para completar, tem 12 quilômetros de praias de areias branquinhas. É daqueles lugares que a gente precisa visitar uma vez na vida.
Em tempo: o caderno que escolhi para anotar essas “viagens” é, na realidade, um bloco de notas que ganhei de uma amiga. E tem uma história bem legal. Em 2018, viajei à Itália e passei alguns dias sozinha em Roma. Para driblar a falta de companhia, eu almoçava no Mercato Centrale, um mercado gastronômico gourmet anexo à estação de trem Termini. Gostei demais de lá, mas não trouxe nenhuma lembrança. Pois essa amiga, que foi ao Mercato Centrale por indicação minha, me trouxe esse caderninho como agradecimento.
ANOTE
Links para saber mais sobre…
…o Valle Central do Chile: chile.travel/en/where-to-go/central-area-santiago-and-valparaiso
…Modesto: visitmodesto.com
…Sète: pt.tourisme-sete.com
* Lalá Ruiz é jornalista, gosta de vinhos, viagens e boa música. É uma das criadoras do @turismoevinho.com.br no Instagram.
2 Replies to "Dica de enoturismo sem sair de casa"
Marco Antonio Batista de Oliveira 10 de agosto de 2020 (14:48)
Eu viajei com seu texto. Gostei demais.
Lalá Ruiz 10 de agosto de 2020 (17:11)
Muito obrigada! Siga acompanhando para podermos viajar juntos novamente 🙂