Por Lalá Ruiz*
O Poderoso Chefão, um clássico do cinema mundial, completou 50 anos este ano – foi lançado em 15 de março de 1972. O longa-metragem, que mostra a gradativa transferência de poder do patriarca de uma família mafiosa, Don Vito Corleone (Marlon Brando), para o filho Michael (Al Pacino), tem direção por Francis Ford Coppola e é baseado no romance homônimo do escritor norte-americano Mario Puzzo (1920-1999).
Sempre presente na lista das melhores produções de todos os tempos, O Poderoso Chefão foi indicado a dez prêmios Oscar, tendo vencido nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator (para Marlon Brando).
A produção também deu origem a uma bem-sucedida trilogia com o lançamento dos longas O Poderoso Chefão 2, de 1974, até hoje considerada a melhor sequência já feita em Hollywood, e O Poderoso Chefão 3, de 1990, o mais fraco dos três, mas com uma parte final arrebatadora.
Porque estou falando sobre cinema numa coluna de vinhos? Francis Ford Coppola, além de cineasta magistral – são dele outros clássicos da sétima arte como Apocalypse Now (1979), Vidas Sem Rumo (1983), O Selvagem da Motocicleta (1983), Cotton Club (1984) e Drácula de Bram Stocker (1992) -, também é um reconhecido produtor de vinhos.
Uma de suas marcas mais famosas, inclusive, é uma homenagem à sua paixão-primeira. Trata-se da linha Director’s Cut, que é o nome que se dá, no meio cinematográfico, à versão final de um filme, aquela que reflete a visão original do diretor. Dessa forma, a bebida representa a visão do produtor do que é um varietal que expressa o caráter dos vinhos produzidos na região de Sonoma, na Califórnia (EUA).
Atualmente, a linha Director’s Cut é composta pelos seguintes vinhos:
- Director’s Cut Cinema 2018 (52% Zinfandel, 37% Cabernet Sauvignon, 11% Cabernet Franc);
- Director’s Cut Alexander Valley Cabernet Sauvignon 2018 (80% Cabernet Sauvignon, 10% Petit Verdot, 5% Cabernet Franc, 3% Syrah, 2% Petite Sirah);
- Director’s Cut Sonoma County Cabernet Sauvignon 2018 (91% Cabernet Sauvignon, 7% Malbec, 1% Syrah, 1% Cabernet Franc);
- Director’s Cut Pinot Noir 2019 (100% Pinot Noir);
- Director’s Cut Zinfandel 2018 (78% Zinfandel, 20% Petite Sirah, 2% Cabernet Sauvignon);
- Director’s Cut Chardonnay 2020 (100% Chardonnay);
- Director’s Cut Alexander Valley Sauvignon Blanc 2020 (100% Sauvignon Blanc).
Uma curiosidade: o design gráfico dos rótulos das garrafas imita uma sequência de fotogramas de um rolo de filme 35mm, que é o tamanho da bitola cinematográfica que vigorou nas produções da Paramount Pictures, responsável pela trilogia O Poderoso Chefão, até 2014, ano em que seus filmes passaram a ser 100% digitais. É de uma lindeza só.
À moda de Sofia
Além da Director’s Cut, a “família Coppola” tem outra marca que guarda ligações com o cinema. Trata-se dos vinhos Sofia, batizados em homenagem à filha única do diretor, Sofia Coppola, que não por acaso é cineasta, roteirista, produtora e atriz. Aliás, ela fez sua estreia no cinema em O Poderoso Chefão 3, no papel de Mary Corleone, filha de Michael Corleone.
Diretora de filmes como As Virgens Suicidas (1999), Encontros e Desencontros (2003) e Maria Antonieta (2006), Sofia dá nome a uma linha de brancos, rosés e espumantes atualmente composta pelos seguintes rótulos:
- Sofia Blanc de Blancs (79% Chardonnay, 21% Pinot Blanc);
- Sofia Brut Rosé (80% Pinot Noir, 20% Chardonnay);
- Sofia Méthode Champenoise (85% Chardonnay, 15% Pinot Blanc);
- Sofia Rosé 2020 (50% Grenache, 30% Syrah, 10% Pinot Blanc, 6% Pinot Grigio, 4% Pinot Noir).
Bacana ou o quê?
Quem quiser saber mais os vinhos e vinícolas de Francis Ford Coppola, pode acessar o seguinte site: www.thefamilycoppola.com.
EM TEMPO 1
O termo varietal diz respeito aos vinhos elaborados com uma única uva. Porém, alguns países ou regiões têm um entendimento diferente sobre isso. Nos Estados Unidos e no Chile, por exemplo, a legislação permite que, caso um vinho tenha no mínimo 75% de uma mesma variedade de uva na composição, que o nome da cepa seja estampado no rótulo como varietal. Já na Alemanha, o percentual mínimo é de 85%. Também existem vinhos com denominações de origem que não trazem o nome da uva no rótulo e são varietais 100%. Ou seja: tem que conhecer sobre a região para saber o que se está bebendo.
EM TEMPO 2
Para comemorar os 70 anos do reinado de Elizabeth II, foi lançado na Grã-Bretanha o espumante Buckingham Palace English Sparkling Wine. Trata-se de um blend de 50% Chardonnay, 40% Pinot Poir e 10% Pinot Meunier produzido na região de Kent e West Sussex, a partir do método tradicional. O rótulo é inspirado no manto que Elizabeth II usou para a coroação em 1953, um ano após o início de seu reinado. A garrafa custa 39 libras e o valor arrecadado com a venda será revertido para a Royal Collection Trust, instituição de caridade da Casa Real.
*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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