Por Lalá Ruiz*
Com a proximidade da Páscoa – em 2025 a tradicional data cristã será celebrada neste domingo, 20 de abril –, muita gente tem dúvidas sobre qual vinho servir para acompanhar os pratos do almoço especial junto à família e/ou amigos. Pensando nisso, as sommelières Thamirys Schneider, do clube de assinaturas Wine, e Sthephani Mercado, da Cantu Grupo Wine, prepararam algumas sugestões, incluindo dicas que harmonizam com comida vegetariana e com o imprescindível chocolate. Vamos a elas:
1. Quando o assunto é bacalhau
Bacalhau é sinônimo de Páscoa. Para Thamirys Schneider, uma receita clássica do pescado pede um bom vinho branco, como por exemplo, o português Casa Burmester Reserva D.O.C. Douro Branco 2022. Produzido no Douro, este vinho é um blend de três uvas brancas muito representativas da região: Gouveio, Rabigato e Viosinho. Segundo a especialista, essa mistura resulta num vinho que equilibra estrutura e frescor.
Sthephani Mercado, por sua vez, indica o espanhol Vinho Branco Mar De Frades Albariño 2023 para servir com um bom Bacalhau à Brás ou um Bacalhau com Natas, duas das receitas mais populares que têm o pescado como base. Produzido na região de Rías Baixas com 100% da uva Albariño, é um vinho conhecido pelo frescor, mineralidade e notas salinas.
Se a preparação escolhida for um Bacalhau à Lagareiro, que leva muito azeite e alho, Sthephani explica que o ideal é servir com um branco encorpado ou até mesmo um tinto leve. Sua sugestão é o chileno Ventisquero Grey Chardonnay, que realça a untuosidade do azeite, ou o Ventisquero Reserva Pinot Noir, pela leveza e elegância.
2. Páscoa também é tempo de cordeiro
A carne de cordeiro fica perfeita com um bom vinho tinto. Se a opção for por um carré, que é uma carne próxima ao osso e de sabor mais intenso e aromático, o ideal é um vinho de Bordeaux, da França, um Chianti italiano ou um tradicional blend de La Rioja, na Espanha. Nesse caso, Thamirys Schneider indicação o italiano Monteguelfo D.O.C.G. Chianti 2023, um vinho elaborado pela família Cecchi com perfil moderno e foco na uva Sangiovese, tinta emblemática da região.
Agora, se o prato for um cordeiro assado com ervas, Sthephani Mercado indica um vinho tinto encorpado, com boa acidez e taninos macios. A dica da sommelière é o chileno Escudo Rojo Gran Reserva. Segundo ela, esse vinho de corte bordalês é ótimo para harmonizar com essa preparação por sua estrutura e complexidade.
3. Para um almoço vegetariano
Segundo Thamirys Schneider, um almoço à base de vegetais, queijos, massas com molhos feitos de ervas finas ou que une todos esses ingredientes numa só opção, como numa lasanha de abobrinha ao pesto, por exemplo, pede vinhos brancos. Para esse prato específico, ela indica o chileno T.H. [Terroir Hunter] D.O. Valle De Leyda Sauvignon Blanc 2022 por sua expressividade aromática, volume, sensação de frescor e persistência no paladar.
4. Sua majestade o chocolate
Na hora de harmonizar vinhos com chocolate, a orientação de Thamirys Schneider é observar o nível de gordura e doçura da iguaria típica da Páscoa para depois escolher o vinho. Quanto mais doce o chocolate, mais doce precisa ser o vinho, caso contrário, o vinho será “atropelado” pelo chocolate, uma vez que o açúcar muito denso preenche demais o paladar.
Segundo ela, chocolates mais amargos, com mais concentração de cacau, conversam melhor com vinhos tintos com mais taninos, até mesmo com os que passaram por barrica, como o Malbec argentino, o Cabernet Sauvignon ou Zinfandel californianos, e os Primitivos da Puglia, na Itália. E isso porque o cacau também tem taninos. Portanto, o importante é que o vinho escolhido não seja tão seco.
De maneira geral, os tintos fortificados são ótimas opções para harmonizar com chocolates, dos mais doces aos mais amargos. Um bom exemplo, de acordo com Thamirys, é o português Burmester LBV Porto 2019 produzido pela vinícola Burmester, um rótulo de qualidade superior cujas uvas são colhidas manualmente nas melhores parcelas do vinhedo.
Para não errar na hora de harmonizar com um chocolate ao leite, Sthephani Mercado recomenda o Vinho do Porto Ruby, cujo aroma de frutas vermelhas combina não apenas com chocolates mais adocicados como também com sobremesas cremosas. Já para sobremesas elaboradas com chocolate meio amargo, ela indica o português Porto Tawny 10 anos, que equilibra o amargor da preparação.
Agora, me conta: você já escolheu o seu vinho para a Páscoa?
– ENTRE TANINOS –
Rio Grande do Sul: safra 2025 já é considerada histórica
A safra 2025 já é considerada histórica pelo setor gaúcho de vitivinicultora. A previsão do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) é de uma colheita de 750 mil toneladas de uva no Estado este ano, com destaque para a região da Serra Gaúcha. Esse número significa uma alta de 38,5% na cadeia produtiva de vinhos, espumantes, sucos e derivados do fruto em relação a 2024.

O resultado positivo, aliado à qualidade dos produtos, deve impulsionar o setor, uma vez que é esperado um aquecimento na comercialização. Pelo menos essa é a expectativa do Consevitis-RS, Luciano Rebelatto. “Se olharmos para o histórico, me arrisco a dizer que será a safra das safras dos últimos anos. A partir da colheita, temos excelente capacidade e tecnologia para produzir produtos de altíssima qualidade dentro das indústrias, impulsionando o nosso mercado”, afirma.
O diretor da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani, também está otimista, e diz que espera convencer tanto o consumidor local quanto o internacional de que os produtos brasileiros “são uma bela escolha”. “A nossa perspectiva é de que o mercado, neste ano, se amplie e tenhamos um ano com um bom aumento na comercialização de produtos vitivinícolas, dada a qualidade da safra, uma das melhores que já colhemos”, celebra. (*Com informações Assessoria de Imprensa)
E por falar em Rio Grande do Sul
A Wine South America, uma das mais importantes feiras de vinhos da América Latina para compradores e profissionais do setor vitivinícola, será realizada entre os dias 6 e 8 de maio em Bento Gonçalves (RS), cidade considerada a Capital Nacional do Vinho. A 5ª edição da feira vai reunir expositores de todas as regiões do Brasil e de mais de 20 países, entre eles Espanha, França, Itália, Portugal, Argentina, Chile e Uruguai.
Durante os três dias de evento, os visitantes terão acesso a uma agenda repleta de palestras, workshops e masterclasses com especialistas do mercado, além de oportunidades de networking e rodadas de negócios.
Interessados em participar podem se inscrever pelo site: www.winesa.com.br. Com comprovação, compradores profissionais têm inscrição sem custo. Para as demais categorias do setor, tais como sommeliers, enólogos e outros especialistas, há descontos especiais na aquisição dos ingressos.
O evento tem patrocínio do Sicredi, BRDE, Caixa Econômica e Governo Federal. O apoio é do CONSEVITIS-RS, em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi-RS) e da Apex-Brasil. (*Com informações Assessoria de Imprensa)
– HARMONIZA SOM –
Considerado pela revista estadunidense Rolling Stone como um dos mais importantes discos de rock latino de todos os tempos, Fruto Proibido, álbum que fez a carreira solo da cantora e compositora Rita Lee mudar de patamar e transformou-a numa estrela da música brasileira, completa 50 anos em 2025.
Trata-se do quarto álbum de estúdio da artista, tendo sido lançado em 30 de junho de 1975 pela gravadora Som Livre. Com produção do norte-americano Andy Mills, o disco traz as seguintes músicas: Dançar Pra Não Dançar, Agora só Falta Você, Cartão Postal, a faixa-título Fruto Proibido, Esse Tal de Roque Enrow (parceria de Lee com Paulo Coelho), O Toque, Pirataria, Luz del Fuego e Ovelha Negra.
Isso sem falar na superbanda que a acompanhou nas gravações, a Tutti Frutti, na época integrada por Luis Sérgio Carlini (guitarras, slide, violão, gaita e vocais), Lee Marcucci (baixo e cowbell), Franklin Paolillo (bateria e percussão), Guilherme Bueno (piano e clavinete) e os gêmeos Rubens e Gilberto Nardo (vocais), além da própria Rita no violão e sintetizador. O disco ainda contou com a participação especial do músico Manito no saxofone, flauta e órgão Hammond.
Quem conhece Fruto Proibido sabe que é um clássico. Quem não conhece tem que corrigir essa falha com urgência – o álbum está em todas as plataformas musicais de streaming. Para ter um gostinho, confira abaixo o videoclipe histórico da clássica Ovelha Negra:
É para escutar desfrutando de um bom espumante nacional! Saúde!

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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