Abrindo a latinha da sua cerveja favorita

Por Letícia Cruz*

Cerveja é algo que desperta sentimentos contraditórios: quem ama, ama de verdade e defende até o fim. Quem odeia, não chega perto e prefere pedir algum drink do cardápio. Pois, acreditem eu, Letícia, era uma dessas pessoas que olhava meio torto pro copinho americano de qualquer uma dessas cervejas comerciais, as mais comuns no nosso BR (ainda que as coisas estejam mudando, ainda bem). Longe de mim desdenhar daquele sabor que não era nada atrativo para mim, apesar de seus méritos. Porém, acompanhava os colegas no happy hour da empresa quase por educação e para ficar, digamos, no mesmo nível de animação dos demais. Fama de fresca? Pode ser, até então. Mas, calma. Sempre vem o plot twist.

De lá pra cá, quem não me vê há muito tempo até estranha. Tirando o fato de ser uma mulher com mais de trinta, tatuada e mãe de família, tomei gosto por cerveja, que foi – desculpem o clichê – amor à segunda vista. Descobri que a cerveja pode ser tudo, e não era só aquilo que eu cresci vendo minha família consumir. Ela pode ter texturas, cores e aromas que nem imaginava que poderia. Cerveja tem história, identidade e cultura. É uma arte, é também gastronomia (por que não?).

Experimentar foi como abrir as portas para que minhas idas aos bares, pubs e botecos da vida fosse algo mais prazeroso não somente pelo teor alcoólico, mas por toda a alquimia que existe por trás de cada estilo de cerveja, de cada receita que alguém teve a ideia e fez acontecer. O meu encontro com os lúpulos foi arrebatador e, como não deixaria de ser, tenho descaradamente o meu estilo favorito (que vocês terão de adivinhar ao longo das semanas, risos).

Perdoem-me a pitada egocêntrica deste primeiro texto na coluna, mas é necessário dizer: o meu interesse pela cultura cervejeira tornou-se mais do que somente uma “quedinha”, e foi se consolidando como um noivado, como um compromisso de alguém leigo que promete nunca perder a vontade de conhecer mais e mais alguma coisa. Como jornalista e curiosa que sou, uni o útil ao agradável. Foi então que criei a Cervejopédia em 2015, primeiro como um site e depois migrando para as redes sociais como Facebook, onde hoje pouco mais de 12 mil pessoas acompanham, e para o Instagram – onde, confesso, tenho sido mais ativa. Ao todo, eu calculo ter degustado mais ou menos 300 rótulos diferentes entre resenhas e redes sociais. A partir deste novo projeto, comecei a frequentar festivais, conhecer pessoas ligadas ao mundo da cerveja e a me interessar, principalmente, pela inserção das mulheres – que também produzem e consomem e muito a cerveja.

Não foi a minha primeira vez resenhando. De 2011 a 2013, mantive um blog chamado “Grand Gastrô” com dicas de restaurantes em São Paulo, também como leiga e sem pretensões. Com a Cervejopédia, o meu objetivo foi ir além e criar conteúdo também audiovisual. Todas as quartas-feiras, publicava um vídeo mostrando detalhes e curiosidades de algum rótulo que escolhia como destaque. Cheguei a indicar um rótulo diferente de alguma cerveja artesanal (nacional ou importada) por dia. Sim, uma cerveja por dia! Uma ideia um tanto ambiciosa (e louca) que, aos poucos, fui declinando – mas sempre trazendo dicas novas. Hoje um dos meus motes é o #bebalocal, sempre indicando rótulos nacionais e microcervejarias dos arredores que vem sendo afetadas pela crise criada pela pandemia.

Fato é que há mil possibilidades de explorar o mundo cervejeiro, e nunca haverá uma verdade absoluta sobre estilo x ou y. E aí está a beleza da coisa, ao meu ver. Há toda uma indústria que visa a formação de sommeliers, algo que ainda está nos meus planos como formação, mas penso que cerveja é algo tão sensorial que extrapola cartilhas. A forma mais eficaz de conhecer essa bebida amada é se livrar de preconceitos e se jogar, degustar o desconhecido. Ter o privilégio de ter visitado e tomado cerveja em países onde ela é referência para o mundo fez a diferença para mim. Mas, se há algo a se orgulhar neste Brasil hoje é a criatividade e efervescência dos nossos cervejeiros locais. Temos muito o que conhecer aqui mesmo, sem precisar nem de passaporte.

Neste espaço vou compartilhar com os caros leitores curiosidades e descobertas que eu vez ou outra faço. Quem aí nunca foi numa taphouse (uma choperia de cervejas artesanais, vai) e se pegou perguntando quais as diferenças entre uma Juicy IPA e uma Imperial IPA, já que todas são IPAs? Ou como diabos é possível uma cerveja com lactose? E por que o garçom traz (ou deveria) trazer um copo diferente para cada estilo que você pede no bar?

É tanta dúvida que eu poderia citar aqui por anos de tão rica que é a cultura cervejeira. Sorte a nossa que, daqui por diante, teremos este lugarzinho para explorar.

Sejam bem-vindos, e como sempre digo lá nas minhas redes: Saúde!

Ah! Aproveite e siga a @cervejopedia no Instagram.

Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram.

1 Reply to "Abrindo a latinha da sua cerveja favorita"

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    Leticia Cruz 12 de abril de 2021 (10:59)

    Parabéns e sorte nessa nova fase, Entre Sabores!

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