Que é uma bebida milenar você já deve ter ouvido falar, sobre seus efeitos benéficos ao organismo também, mas há muita informação sobre o chá que ainda é desconhecida de boa parte das pessoas e que, além de ser interessante, é também útil no dia a dia.
Para obter todas as propriedades medicinais que ele pode fornecer ao corpo na prevenção e na colaboração de tratamento diversas doenças é preciso saber escolher e preparar corretamente, por exemplo. Mesmo que a apreciação da bebida não seja para fins terapêuticos, seguir alguns passos são necessários para extrair o seu melhor na xícara (ou no copo), tanto em aroma como em sabor.
Segundo Rodrigo de Araujo Lopes, tea sommelier desde 2015, formado por El Club del Té da Argentina, existem várias coisas que importam para o correto e melhor preparo do chá – da água (que deve ter menos minerais), passando pelo bule, tipo de infusor e outras variantes. “Água na temperatura correta (por exemplo 80ºC para o chá verde), quantidade correta de chá (dica, se quiser um chá mais forte, use mais erva) e por último o tempo de infusão. É essencial respeitar o tempo de infusão para cada tipo de erva ou o chá fica amargo”, explica Lopes, que é responsável pelas inovações apresentadas pela Moncloa Boutique, rede que possui várias lojas pelo país, uma delas em Campinas.
Ele recomenda aos consumidores que leiam as embalagens antes da preparação. “Atualmente, todas as marcas de chás apresentam essas três instruções em seus rótulos”, comenta.
O verdadeiro chá
Sabe aquele preparado em saquinho de papel vendido em qualquer supermercado? Se você quer um chá de verdade, abandone-o. Aliás, se tem algo que a maioria das pessoas desconhece é como preparar um chá (até com os sachês a gente costuma fazer errado ao ficar sacudindo ele dentro d’água).
Para começar é preciso saber que só é verdadeiramente de chá a bebida que vem de uma planta chamada Camellia Sinensis, originária da Ásia. “O chá verde, o chá branco, o chá preto, o chá azul (oolong), o chá amarelo e o dark tea vêm todos das folhas desta mesma planta, a diferença entre eles está na forma em que as folhas são processadas. Chás brancos e verdes não são oxidados, oolong é parcialmente oxidado (entre 20% e 80%) e o preto é 100% oxidado”, explica Lopes.
As ervas, flores, frutas, folhas e raízes colocadas em água quente são chamadas de infusões. É o caso da camomila, maçã, cidreira, gengibre, capim-limão e outras tantas variações que são chamadas, erroneamente, de chás.
Sabendo disso, é importante lembrar de olhar as dicas do rótulo do produto adquirido e deixar o chá ou infusão descansando pelo tempo descrito na embalagem. Nada de ficar mexendo na chaleira ou onde quer que você esteja preparando sua bebida.
Outra dica valiosa do tea sommelier é para os chás gelados. Proceda normalmente seguindo as instruções do rótulo (mas dobre a quantidade de ervas) e na hora de coar coloque direto em copo com gelo para consumo imediato. Assim as propriedades ficam mantidas, além do sabor e aroma.
Harmonizações
Um dos pontos fortes do chá é o fato de ser uma bebida natural e saudável, caso sejam ervas inteiras/soltas (loose leafs), especialmente quando comparadas a produtos industrializados.
Da mesma forma como vinhos e cervejas, os chás seguem a mesma regra para combinações perfeitas com pratos: eles não devem se sobrepor ao sabor da comida e, vice-versa. Ele também pode ser ingrediente na receita ou como acompanhamento do prato. “É importante testar e perceber que diferentes tempos de infusão, quantidade de erva, temperatura podem variar de acordo com o prato que está sendo preparado quando o chá é usado na receita”, orienta o sommelier.
Bebidas mais encorpadas vão combinar com comidas mais gordurosas, saladas harmonizam com infusões mais cítricas e herbais, assim por diante.
Chás em alta
Para Lopes, esse é o momento do chá no Brasil. “É hora de vermos novas marcas de chás chegando de fora ou nascendo aqui mesmo. O consumidor busca cada vez mais essa bebida pelo apelo saudável, pela experiência sensorial completa que pode ter com a bebida, pela diversidade de sabores que pode encontrar com os diferentes blends e pela excelente opção para presentear a quem a gente gosta”.
Junto com o interesse em degustá-la, deve também crescer a procura pela profissão de “entendedor” de chás. A profissão de tea sommelier é muito recente no Brasil, mas chegou com o papel de difundir a cultura do chá. “Esse movimento é importante para que as pessoas possam entender a diferença dos chás ortodoxos para os de sachê, fiquem atentas ao correto preparo da bebida e que possam valorizar a variedade de sabores que os de qualidade superior podem oferecer e de maneira natural e saudável”, conclui Lopes.
E para quem se interessou pela área, uma dica. O Brasil possui cursos profissionalizantes nesta área. É o caso do Instituto CHÁ, uma escola itinerante inaugurada em 2016, que leva conhecimento sobre a bebida para diversas capitais do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e Recife). Saiba mais sobre no site http://institutocha.com/
2 Replies to "Chá ou infusão? Diferenças, preparo e harmonização"
Felipe Calabrez 12 de dezembro de 2017 (22:53)
Excelente conteúdo!
Campinas Entre Sabores 13 de dezembro de 2017 (10:42)
Agradecemos seu comentário e elogio Felipe! Navegue sem moderação pelo nosso conteúdo!