Por Lalá Ruiz*
Em 13 de março, é comemorado o Dia Internacional da Uva Riesling. Essa variedade, que por uns bons anos foi sinônimo de vinho de baixa qualidade, é listada como uma das principais castas viníferas brancas do mundo, principalmente devido à sua versatilidade – a partir dela se produzem tanto vinhos secos quanto doces, incluindo bons vinhos de sobremesa.
Quer saber mais sobre essa uva? Segue o fio:
Um pouco de história
De origem alemã, onde reina absoluta, os primeiros registros oficiais da existência da Riesling datam do século 15: no inventário de um armazém localizado na cidade de Rüsselsheim, lavrado em 1435, constava uma uva de nome Rießlingen. Passadas algumas décadas, em 1552 a cepa foi batizada de Riesling.
Alguns pesquisadores, contudo, acreditam que, bem antes desses registros, os romanos já cultivavam a Riesling no vale do rio Mosela, na Alsácia, região francesa que faz fronteira com a Áustria e com a Alemanha, e no vale do Reno, este em território alemão.
Aliás, a Alemanha concentra 50% dos vinhedos cultivados com a Riesling, variedade que também é plantada nos seguintes países: França, Áustria, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá. E no Brasil? Por aqui se planta a Riesling Itálica, que nada tem a ver com a alemã ou veio da Itália, apesar do nome – essa variedade tem origem na Croácia!
Afinal, de onde veio a má fama que a Riesling cultivou até pouco tempo atrás?
Até o século 19, os vinhos produzidos a partir da Riesling viveram dias de glória e eram listados entre os melhores da Europa. Porém, o século 20 reservou tempos sombrios para os produtores alemães devido às duas grandes guerras mundiais.
Para sobreviver, as vinícolas arriscaram sua reputação e lançaram vinhos baratos com uvas Riesling plantadas em diferentes regiões. Essa fase passou, obviamente, e a Alemanha voltou a ser reconhecida pela qualidade de seus rótulos.
No Brasil, o grande responsável pela “má fama” dos vinhos feitos com a uva Riesling atende pelo nome de Liebfraumilch. Sim, ele mesmo, o vinho branco doce (e barato) da garrafa azul, que desembarcou no país graças à parceria do importador Otávio Piva de Albuquerque, da Expand, com o produtor alemão Josef Friederich.
O Liebfraumilch começou a ser distribuído por aqui na década de 1970. Nos anos 1980, correspondia a 60% do vinho importado pelo Brasil. E após a abertura econômica promovida pelo então presidente Fernando Collor de Mello no começo da década de 1990, o rótulo tornou-se o vinho importado mais vendido no país.
Com o passar dos anos, o consumidor brasileiro ficou mais exigente, de forma que o Liebfraumilch perdeu espaço no mercado e ganhou a pecha de vinho de qualidade duvidosa. Porém, manteve uma fatia de público e continua à venda em muitas adegas e supermercados país afora.
Características da uva e dos vinhos Riesling:
- Variedade branca com cachos médios, bagos pequenos e delicados de coloração verde-amarelada.
- Tem um longo ciclo de maturação e sua qualidade é diretamente afetada pelas chuvas.
- Sua acidez pronunciada proporciona sabores fortes e impacta diretamente na longevidade dos frutos.
- Os vinhos têm coloração amarela, por vezes um pouco esverdeados ou até mesmo “desbotados”.
- Os Riesling secos combinam com: joelho de porco (o famoso Eisbein); peixe frito, mexilhões, lula e outros frutos do mar; aves; queijos mais salgados; e embutidos.
- Os Riesling doces combinam com: strudel de maçã; panna cotta; e mousses de frutas cítricas.
EM TEMPO
O cantor, compositor e apresentador Ronnie Von está de volta à TV com o programa Além do Vinho, do canal Sabor & Arte (canal 618 da Vivo Fibra e canal 561 da Claro TV). Nos 12 episódios que compõem a temporada, ele recebe os convidados em sua casa, em São Paulo, para falar sobre viagens, cultura, história, lembranças e experiências, sempre tendo o vinho como ponto de partida. O programa é exibido às quartas-feiras, às 23h, sendo que o episódio de estreia foi ao ar no dia 9 de março. Ah! É claro que tem degustação e muita informação não apenas sobre os rótulos apresentados na atração, como também sobre temas ligados ao universo do vinho. Saúde!
*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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