Encontro do rock com o vinho orgânico

Roqueiro Sting e sua mulher Trudie produzem vinhos orgânicos na Toscana. Algumas produções da vinícola Tenuta Il Palagioque têm nomes das composições do artista.

Por Lalá Ruiz*

Sou muito fã de Sting. Dono de uma carreira singular na música, o britânico criou canções emblemáticas do rock à frente da banda The Police, tais como “Message in a Bottle”, “Roxanne”, “Don’t Stand so Close to Me” e “Every Breath You Take”, entre outras.

Como artista solo, surpreendeu os fãs por se distanciar da sonoridade da banda que o consagrou ao flertar com o jazz e o pop. Entre seus sucessos fora do The Police estão clássicos como “Englishman in New York”, “We’ll Be Together” e “Sister Moon”.

Defensor das causas ambientais, ficou amigo do cacique Juruna. Tomou chá de ayahuasca no Rio de Janeiro e ainda se arriscou como ator de cinema – atuou em filmes como “Duna” (1984), “A Prometida” (1985) e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (1998).

Mas, só recentemente descobri que Sting também é um respeitado produtor de vinhos orgânicos. Uma bem-sucedida iniciativa empresarial que começou em 1997, quando ele e a mulher, a atriz e produtora Trudie Styler, decidiram comprar uma propriedade na Itália.

A região escolhida foi a icônica Toscana, mais precisamente a cidade de Figline Valdarno, localizada a 40 minutos de Florença. Ao que consta, inicialmente a intenção do casal era ter um refúgio para descansar e ter um pouco de paz, longe dos holofotes da fama.

A fazenda de 350 hectares adquirida por eles produzia o próprio vinho desde o século 16, do plantio das uvas à fermentação e engarrafamento. Assim, os dois decidiram manter a tradição, replantaram vinhedos e dessa forma nasceu a vinícola Tenuta Il Palagio. 

Hoje, além de vinhos – alguns batizados com algumas das célebres canções de sucesso de Sting – a propriedade produz azeite, diferentes tipos de mel e ainda possui um mercado que comercializa salames, prosciutto, ovos, frutas e vegetais frescos. Tudo local.

E como várias vinícolas localizadas da Toscana, a Tenuta Il Palagio é aberta à realização de festas, casamentos e eventos dos mais diversos, oferecendo acomodações para até 49 pessoas – para quem se interessou, os preços são informados apenas sob consulta.

MAS, E OS VINHOS?

Atualmente, o site da Tenuta Il Palagio destaca os seguintes vinhos:

Message in a Bottle – Tinto de Indicação Geográfica Típica (IGT) da Toscana criado pelos enólogos Daniel O’Donnell e Paolo Caciorgna. Descrito como um vinho versátil, sua composição é 70% Sangiovese, 15% Syrah e 15% Merlot, sendo envelhecido por 12 meses em barris de carvalho francês.

Casino Delle Vie – Chianti característico da Toscana (outra bebida com classificação IGT) batizado em homenagem à casa principal da propriedade, datada do século 19. É considerado um vinho intenso para o dia a dia, composto majoritariamente por uvas Sangiovese, Canaiolo, Colorino e outras variedades, fermentado em tanques de aço inoxidável.

Sister Moon – Primeiro vinho produzido pela Tenuta Il Palagio a receber a IGT da Toscana, também foi nomeado a partir de uma canção de Sting. Sua composição é 40% uvas Sangiovese, 30% Cabernet Sauvignon e 30% Merlot. Fermentado em tanques de aço inoxidável, envelhece por 18 meses em barris franceses.

When We Dance  – Outro vinho batizado com o nome de uma composição de Sting. É considerado uma opção para o dia a dia, ou seja, um vinho produzido para consumo imediato. Descrito como possuidor de um “glorioso vermelho rubi” com “uma paleta equilibrada e suave”, sua composição é 95% Sangiovese, misturada com uvas Canaiolo e Colorino. A fermentação é em tanques de aço inoxidável.

Apesar de o site destacar esses quatro rótulos, em uma breve pesquisa na internet encontrei à venda um espumante Brut feito com uvas Vermentino e Chardonnay, também batizado como Message in a Bottle. E, para quem já está se perguntando se dá para comprar, os preços variam entre R$ 150 e R$ 600 em lojas on-line de comércio de vinhos.

FAMOSOS E SEUS VINHOS

EM TEMPO

No livro autobiográfico Fora do Tom, lançado no Brasil em 2006 (352 págs, editora Cosac & Naif), Sting narra em detalhes sua experiência com chá de ayahuasca em uma cerimônia do Santo Daime, durante uma viagem ao Rio de Janeiro. Essa é apenas uma das boas histórias contadas por ele. Li e recomendo.

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.