Mudanças alimentares na geração prateada, uma realidade


Por Érika Soares
Especial para Planta.VC

Que o transcorrer da vida traz mudanças no corpo todo mundo sabe. Mas o que isso impacta na forma de se alimentar? A resposta para essa pergunta é individual, mas um estudo publicado, em 2022, na Revista PLOS Medicine, aponta que manter uma rotina alimentar mais saudável pode prolongar a vida de quem está acima dos 60 anos.

Segundo a “Estimativa do impacto das escolhas alimentares na expectativa de vida: um estudo de modelagem” **, alimentação baseada em leguminosas, grãos integrais e castanhas podem fazer mulheres e homens acima dos 60 anos aumentarem em oito e nove anos as suas vidas, respectivamente. A mudança traz benefícios neste sentido até para quem já ultrapassou os 80 anos.

O parâmetro da pesquisa é a substituição de uma “dieta típica ocidental”, que traz ricas porções de carne vermelha e alimentos processados, por uma “dieta otimizada”, com menos desses ingredientes e mais frutas e vegetais, legumes, grãos integrais e frutos secos.

Em entrevista à Planta, quatro mulheres 60 + , que nunca leram sobre esse estudo, revelaram terem mudado a forma de se alimentar exatamente neste sentido. A redução de carne vermelha foi apontada por todas elas.

“Há alguns anos fiz algumas mudanças, embora eu sempre tenha privilegiado uma alimentação saudável”, comenta Márcia Cardoso, 67 anos, que ainda consome carne vermelha, mas não diariamente.

Neuza Martins da Cunha, 68 anos, diz que reduziu, especialmente, os lacticínios e a carne, acrescentando mais legumes, verduras e grãos por questão de consciência corporal. No que diz respeito ao que compra no supermercado ela diz que é bastante atenta aos rótulos: “Além das principais exigências da Anvisa, como origem do produto e data de validade, eu observo os ingredientes, tabela de valores energéticos e etc, também se tem ingredientes alergênicos, como lactose e outros”.

O principal motivo para as mudanças citadas, além da busca pela saúde, é facilitar a digestão.

“Depois dos 60 anos, a digestão mudou muito. Nesse momento procurei me interessar por outros alimentos. Mudei muito a rotina com o uso do açúcar e me afastei dos gordurosos, como batata frita, apesar de adorar comer, preferi me afastar”, comenta Tereza Arantes, 67 anos. “Consegui substituir muito o carboidrato por proteínas fazendo, por exemplo, sanduíche de ovo sem pão, no lanche da tarde uso whey protein batido com frutas”.

Núbia Carla de Paula e Silva, 62, concorda totalmente. “Como agora menos carne e mais legumes e frutas. Troquei a carne por ovos e peixe, porque é mais fácil a digestão! Também não sou de muitos processados e industrializados.”

** Fadnes LT, Økland JM, Haaland ØA, Johansson KA (2022): Estimativa do impacto das
escolhas alimentares na expectativa de vida: um estudo de modelagem. Medicina PLOS
19(3): e1003962. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1003962

Saiba mais sobre o assunto na entrevista com o nutrólogo Werther Busato:


Foto: Sabine van Erp por Pixabay

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