Por Lalá Ruiz*
Como boa parte dos brasileiros, minha história com o vinho começou com os chamados vinhos de mesa, aqueles feitos com uvas originalmente destinadas ao consumo in natura, sucos, geleias etc. “Seo” Affonso, meu falecido pai, gostava de comprar a bebida em garrafões de cinco litros, inclusive do icônico Sangue de Boi (ainda hoje um sucesso de vendas, diga-se de passagem), e eu e meus irmãos dávamos nossas “bicadinhas”.
No início da vida adulta, meu gosto começou a se “refinar”. Por exemplo: na época em que cursei a faculdade de jornalismo, nos longínquos anos 1980, o fino era beber Liebfraumilch, vinho branco adocicado de origem alemã vendido por aqui numa vistosa garrafa azul e rótulo um tanto rococó. Servido bem geladinho, o Liebfraumilch era sucesso garantido em qualquer almoço ou festinha (a quem interessar possa, dá pra comprar em lojas on-line).
Jornalista, especialmente de hard news (que trabalha em jornal diário), é cervejeiro por convicção. Mas, como atuei em grande parte da minha vida profissional nas editorias ligadas à cultura, variedades e entretenimento, assuntos ligados ao vinho começaram a fazer parte do meu cotidiano quando passei a receber convites para degustações, jantares harmonizados e viagens que incluíam visitas a vinícolas. É um caminho sem volta.
Não que eu tenha abandonado a cerveja – pelo contrário. Porém, o universo do vinho me encanta. Adoro histórias de quem produz e de ser surpreendida com uma boa taça de um rótulo até então desconhecido. Amo filmes e livros sobre o tema ou que tenham o vinho como pano de fundo. Só não gosto da empáfia que por vezes existe no entorno desse meio – beber vinho não pode ser algo complicado, simplicidade é tudo na vida.
Bom. Essa longa introdução é pra contar que o assunto dessa coluna é sim vinho, mas vinho descomplicado. A proposta é trazer informações, dicas (inclusive de viagens), reflexões, entrevistas e um pouco de história e curiosidades sobre essa bebida que acompanha a humanidade desde os primórdios da civilização. Convido a todos que me sigam por aqui e também no Instagram (@oassuntoevinho). Tintim!
EM TEMPO:
Li recentemente “Vinho & Guerra – os franceses, os nazistas e a batalha pelo maior tesouro da França”, de Don e Petie Kladstrup (254 págs., editora Zahar). Leitura deliciosa sobre as artimanhas e desafios dos produtores de vinho para salvar não apenas seus negócios, mas suas próprias vidas durante a invasão alemã na França na Segunda Guerra Mundial. Achei pra lá de curiosa a relação entre os vinicultores franceses e os compradores alemães “convertidos” em interventores pelo Terceiro Reich. Recomendo.
Foto: Felix Wolf – Pixabay
*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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