Adentrar o mundo do café especial – provar, aprender, adquirir – está mais acessível para quem mora em Campinas. Aberta há poucos meses em Barão Geraldo, por Francisco Massucci e Cristina Cinesi, a Virgínia Coffee Roasters é um estabelecimento 4 x 1, por assim dizer, no que diz respeito a essa bebida que faz parte da cultura nacional e é tão apreciada pelos brasileiros.
Está tudo ali: de equipamentos a grãos especiais, que podem ser torrados na hora, para levar pra casa, ou degustar imediatamente preparados no método de sua preferência (V60, Aeropress e Chemex, espresso, por exemplo), até o oferecimento de cursos de degustação e oficinas.
Um dos destaques do ambiente (descolado e bem decorado) é uma máquina, que mais parece uma “locomotiva”, mas que na verdade é microtorrefadora de cafés especiais, a primeira existente em Campinas. Dela é possível sair grãos com diversos perfis de torra, o que permite o cliente escolher o tipo de bebida que prefere em sua xícara.
Mas não é só nisso que o local é pioneiro. Para quem precisa de indicações na hora de escolher seu café (a casa possui diversos varietais à disposição), mais um quesito faz toda a diferença: a Virgínia é uma das poucas cafeterias no país a contar permanentemente na equipe com um Q-Grader, profissional habilitado e certificado pelo Coffee Quality Institute dos EUA a avaliar e pontuar cafés especiais. A pessoa em questão é Francisco Massuci, mestre de torra e sócio do espaço.
Ele adianta que a cafeteria enfatiza os métodos filtrados, além de oferecer espresso e bebidas geladas com cafés, como Iced Latte, café vietnamita e coldbrew, que em bom português é um café extraído à frio.
Da fazenda para a xícara
De acordo com Massuci, a qualidade dos grãos comercializados na cafeteria tem vital importância e, em sua maior parte, vem de sua própria fazenda em Piraju, cidade localizada na Alta Sorocabana no Trópico de Capricórnio, área mais ao Sul de produção de café no mundo. “O inverno mais acentuado dessa região influencia no tempo de maturação dos grãos, que fica mais longo. E quanto mais lento é este tempo, maior é a produção de açúcar”, comenta.
Em conversa com Entre Sabores, Massuci contou que há algum tempo atrás o café da Fazenda Santa Virgínia era exportado, mas por um valor muito baixo. “A gente percebeu que tinha possibilidade de vender o café aqui no Brasil com boa qualidade se trabalhássemos ele, ou seja cuidássemos até o final da cadeia. Hoje acompanhamos nossos grãos desde o plantio até servi-lo aqui”, explica o especialista.
Segundo Massuci, a fazenda possui 320 mil pés de café e vários tipos de varietais, caso do Acaiá, Mundo Novo, Catuaí amarelo e vermelho, Ouro verde, Catucaí, Icatu, Tupi e Ubatã. A colheita é feita sepadaramente o que possibilita uma maior percepção de sabor entre eles. Lá, eles são secos em terreiro suspenso, beneficiados com todo o cuidado e os melhores grãos são enviados ainda verdes à Virginia Coffee Roasters. “Aqui passam novamente por processo de seleção manual em duas etapas – antes e depois da torra”, comenta.
Para satisfazer pessoas que querem grãos de outras regiões, recentemente a Virginia Coffee Roasters começou a buscar produtores que tenham o mesmo comprometimento com a qualidade do produto para vender na loja, nos mesmo moldes que seus cafés próprios.
Café foi parar na Cerveja!
O Café da Virgínia é tão artesanal que se encaixou perfeitamente nos planos do mestre cervejeiro da Landel, Marcelo Crósta, para compor uma das cervejas sazonais da marca, a Cafetina. “Todo ano buscamos um novo café de aromas e sabores diferentes para fazer a nossa english brown porter. Vinha pesquisando microlotes quando fiquei sabendo da nova cafeteria. Ao entrar na Virgínia já tive certeza que o café de 2017 seria dali”, contou a Entre Sabores.
O começo da preparação da Cafetina se deu com troca de ideias entre os profissionais de ambos os segmentos. O grão escolhido foi o Icatu Vermelho, que passou por diversos testes em microlotes para definição de qual perfil de torra seria usado exclusivamente na fabricação da cerveja. A ideia era manter ao máximo os aromas dos grãos do café no produto final.
Chegou então a vez dos mestres cervejeiros da Landel entrarem em ação e o resultado foi surpreendente. “Essa versão da Cafetina é extremamente equilibrada, mais do que nos outros anos. Ela tem um final seco na boca, muito agradável, leve e o aroma do café ficou bem vivo na cerveja”, comenta Marcelo Crósta, um dos sócios da Cervejaria Landel. “Ela é complexa nos aromas, pois tem várias nuances sai do cítrico, passando pelo floral, até chegar aos de torra, como baunilha, cacau e café propriamente dito. Na boca, floral intenso que lembra chá indiano ou chinês, o que considero a marca mais interessante da cerveja porque fica até o retrogosto. É uma cerveja fácil de beber, muito redonda”, conclui.
A breja ficou tão boa, que o primeiro lote da Cafetina já esgotou em menos de um mês. Mas a cervejaria promete uma nova leva no segundo semestre deste ano.
Serviço
Virginia Coffee Roasters
Av. Dr. Romeu Tórtima 285, 1° andar, Barão Geraldo, Campinas.
Horário de funcionamento: das 9h às 19h
www.virginiaroasters.com.br
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