Sustentabilidade na alimentação: pensar e agir é urgente

Produzir e fazer com que o alimento chegue até as pessoas, consumi-lo de forma responsável e consciente, agir em favor da sustentabilidade na produção de alimentos é urgente. O assunto vem sendo tratado na última semana, especialmente, por diversas associações e organizações por conta do dia mundial da alimentação, ocorrido em 16 de outubro.

O relatório mais recente da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO, em inglês), lançado em julho deste ano, aponta que 49,6 milhões de brasileiros – entre eles crianças – deixaram de comer porque não tinham dinheiro ou tiveram uma redução significativa na qualidade e na quantidade de alimentos ingeridos, entre 2018 e 2020.

A estimativa é que 23,5% da população brasileira tenha vivenciado insegurança alimentar moderada ou severa neste período. Em relação ao último estudo da FAO (2014-2016), são 12,1 milhões de pessoas a mais passando fome por aqui. No mundo, quase 40% da humanidade, cerca de três bilhões de pessoas, não têm dinheiro para uma alimentação saudável.

Ao mesmo tempo, a forma de produção, consumo e desperdício impactam nos recursos naturais, clima e meio ambiente.

“O desafio do Brasil está em mudar a forma como produzimos, como consumimos e como descartamos os alimentos. Estes são três fatores-chave para uma transformação efetiva em nossos sistemas agroalimentares, com uma cultura de consumo mais consciente que diminua o preço dos alimentos, além de práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis que nos permitam atender à crescente demanda por alimentos, reduzindo drasticamente o desperdício e as perdas globais”, comenta Rafael Zavala, representante brasileiro da FAO.

Uma ferida chamada desperdício

Cerca de um terço do que é produzido em alimentos no país é desperdiçado em todo o sistema, segundo a engenheira de alimentos Ana Garbin, da Alimenteia, instituição de Campinas que trabalha no sentido de impulsionar uma economia regenerativa do setor.

Em entrevista ao Jornal Entre Sabores, que é realizado às sextas-feiras, no perfil @entresabores.erikasoares no Instagram, ela explicou que por trás daquela colher de arroz, que pode ter ido parar no lixo, estão muitos recursos, como água, energia, esforço do trabalhador. Mas o desperdício ocorre não apenas nesta esfera, mas em todo o percurso: na hora de plantar e colher, no transporte, no comércio e na indústria, e, claro dentro de casa.

“Trata-se de uma ferida no sistema, em que cada etapa pode ter usado recursos de forma irresponsável, enquanto por outro lado há milhões de pessoas estão passando fome. É uma conta que não bate”, comenta Ana, que completa: “Mas não há um único responsável, é um problema sistêmico, que necessita de políticas públicas e de consciência das pessoas de que o alimento precisa chegar ao destino final e não ficar pelo caminho”.

Assista à integra do bate papo com a Ana Garbin no Jornal Entre Sabores

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