Por Lalá Ruiz*
O vinho de mesa, aquele elaborado com uvas americanas ou híbridas, tais como a Isabel e Niágara, originalmente destinadas ao consumo in natura ou em sucos, é uma preferência nacional. Segundo dados da Embrapa Uva e Vinho, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, essa categoria responde por 80% do mercado brasileiro de produção e comercialização de vinhos.
Por muito tempo considerado de baixa qualidade, o vinho de mesa brasileiro, hoje, está longe de ser aquela bebida feita “de qualquer jeito” em pequenos sítios, fato que lhe rendeu a pecha de ruim. Assim como acontece com os vinhos finos, a produção de vinhos de mesa, que foi iniciada por aqui pelos imigrantes europeus, também se beneficiou das muitas técnicas e tecnologias de plantio e manuseio de uvas desenvolvidas pelo setor agrícola ao longo dos anos.
E essa evolução ganhou um reconhecimento inédito com o 1º Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa, competição que será realizada na cidade de Jundiaí (SP), com a avaliação de vinhos nas seguintes categorias: Brancos Tranquilos, Tintos Tranquilos, Secos Rosados Tranquilos, Frisantes, Espumantes, Filtrados Doces, Jurupingas (combinação de vinhos suaves aromáticos) e Mistelas (mosto simples não fermentado, adicionado de álcool etílico vínico).
O concurso será entre os dias 1º e 3 de agosto, e vai utilizar os mesmos critérios e regras das competições internacionais. Dessa forma, cada amostra selecionada será avaliada às cegas por um júri especializado, formado por enólogos e jornalistas. As que obtiverem as devidas pontuações, receberão um desses três reconhecimentos: Grande Medalha de Ouro, Medalha de Ouro ou Medalha de Prata. Além disso, os ganhadores receberão um diploma identificando o vinho premiado e a safra.
“A gente tem um patamar muito bom de qualidade, que, praticamente, se iguala aos vinhos finos. Um vinho Lorena bem elaborado é muito parecido com um vinho Riesling ou de qualquer outra variedade europeia.”
LUCIANO REBELLATTO
Presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS), em entrevista publicada no site da Embrapa
Todo o processo de avaliação das amostras de vinho selecionadas será feito nas dependências do novo Centro de Enologia da cidade de Jundiaí, localizado na Escola Técnica Estadual (ETEC) Benedito Storani, pertencente ao Centro Paula Souza. Porém, a competição não é aberta ao público – o resultado será posteriormente publicado aqui na coluna.
Quem apoia a iniciativa
O 1º Concurso Brasileiro de Vinhos de Mesa tem apoio da Embrapa; do Governo do Estado do Rio Grande do Sul; do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS); da Federação das Cooperativas Vinícolas do Rio Grande do Sul (Fecovinho); do Sindicato da Indústria do Vinho (SindVinho) de Minas Gerais; do Sindicato da Indústria do Vinho, do Mosto de Uva, dos Vinagres e Bebidas Derivados da Uva e do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (Sindivinho RS); da Prefeitura de Jundiaí; e do Centro de Enologia da ETEC Benedito Storani.
Mais informações: www.concursovinhosdemesa.com.br
EM TEMPO
Variação sobre o mesmo tema
O carro-chefe do nicho vinho de mesa é, sem sombra de dúvida, o chamado vinho suave, aquele em que é adicionado açúcar durante o processo de elaboração da bebida. E esse foi o tema de um dos episódios do ótimo podcast Vinhos de Corte, sob o comando de Daniel Perches, com o título “Vinho Suave é bom?”. Nesse episódio, Perches conversou sobre essa questão que ainda gera controvérsia com o enólogo Gustavo Borges, da vinícola Bellaquinta, de São Roque (SP). Segue o link pra quem quiser conferir:

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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