Por Lalá Ruiz*
Confesso que as únicas vezes que tomei vinho em caixa, embalagem cujo nome oficial é bag-in-box, foi nas tradicionais festas juninas da Casa de Portugal, em Campinas (SP). Uma aglomeração portuguesa com certeza, com muito bacalhau, alheiras, caldo verde, pastel de nata (ou de Belém, como queiram), rancho folclórico e vinho tinto de mesa seco Alandra saído direto da caixa para o copo.
Também confesso que nunca pensei em comprar para consumir em casa, em parte devido ao preconceito. Na minha ignorância, sempre associei essa opção a um vinho de pouca qualidade. Mas, ao pesquisar sobre o assunto por sugestão do Marco Antonio B. de Oliveira, o Neno, amigo de longa data, leitor da coluna e consumidor de vinho em caixa, percebi que está mais do que na hora de deixar o preconceito de lado.
A bag-in-box não é uma embalagem ao estilo leite Longa Vida. Na realidade, o vinho é colocado em um tipo de bexiga de polietileno equipada com torneira e acoplada a uma caixa de papelão. As primeiras versões, vejam só, surgiram na Austrália, na década de 1960, inspiradas nas “peles de vinho” que os pastores gregos da antiguidade usavam para transportar a bebida.
Com capacidade para três ou dez litros, a bag-in-box mantém a qualidade do vinho por até 30 dias. É ideal, por exemplo, para restaurantes que comercializam vinho em taça e querem evitar o desperdício. Porém, pela praticidade, tem se tornado bem popular entre consumidores “pessoa física”, principalmente em países como Austrália, Eslováquia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia. No Reino Unido, em tempos de pandemia, também tem se observado um crescimento nas vendas desse tipo de produto.
No Brasil, Casa Valduga, Aurora e Perini, entre outros, já comercializam seus vinhos no formato. Aliás, por aqui tem até startup que enxergou nos vinhos em caixa um modelo de negócio. Estou falando da Fabenne, jovem empresa fundada por Adriano Santucci, Thiago Santucci e Arthur Garutti no bairro da Mooca, em São Paulo (Capital), que comercializa vinhos de produtores da Serra Gaúcha em bag-in-box de três litros a preços bem interessantes – a partir de R$ 99,00.
Confira abaixo um resumo das vantagens e desvantagens da embalagem:
Conclusão: xô preconceito!
EM TEMPO
Estou com saudade das festas juninas da Casa de Portugal. Sempre foi um programa imperdível aqui na Casa Ruiz. É uma muvuca deliciosa, mas impensável em tempos de Covid-19 – é tudo junto e misturado, sem chance para regras de distanciamento. Como acredito na vacina e na ciência, torço para que em 2022 possamos retomar essas tradições de convívio social cheias de comidinhas gostosas e cultura. Vacina para todos já!
Crédito da Foto: Vinicius Murari/Divulgação
*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.
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