Cerveja e chocolate, uma combinação e tanto!

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Verdade seja dita, uma dupla que tem sincronia é chocolate e cerveja. Ambos têm muito mais semelhanças do que se imagina e vão muito bem quando harmonizados. Para celebrar o Dia Mundial do Chocolate, comemorado no dia 7 de julho, a coluna da semana é dedicada a estas duas delícias! Aviso de antemão que não é preciso ser sommelière de cervejas para aproveitar ao máximo as experiências.

O chocolate é uma iguaria que data de cinco mil anos atrás, quando houve os primeiros registros de cultivo de cacau na América do Sul, mais especificamente entre Peru e Equador. Acredita-se que era consumida uma bebida fermentada feita a partir da polpa do cacau e, segundo registros arqueológicos, o costume veio dos Maias e Astecas, civilizações pré-colombianas.

Assim como a cerveja na antiguidade, estas civilizações consideravam a bebida de cacau um líquido sagrado e era consumida em festejos religiosos. Além disso, tomar o chocolate era sinônimo de status social – além de ser considerado um afrodisíaco. Hoje sabemos que o chocolate de fato libera serotonina no organismo, alivia o estresse e dá sensação de bem-estar. Com a vinda dos exploradores europeus à América, o chocolate passou a ter inserção também no velho continente por volta do século XV. O chocolate era consumido quente pela aristocracia, que adicionou o açúcar à receita. E daí por diante é história.

A Bock com nibs de cacau e pimenta da Schornstein, que harmoniza com o dulçor do chocolate ao leite

Até 2019, o uso de ingredientes de origem animal ou vegetal nas cervejas era proibido pela legislação brasileira – ou seja, nada de chocolate, mel ou lactose. Com decreto que flexibilizou o uso de adjuntos na receita, a criatividade dos mestres cervejeiros voou longe. Hoje há opções de cerveja com chocolate para todos os gostos! Destaco aqui dois rótulos de estilos diferentes. A primeira, uma interessante Imperial Stout (ou pastry stout) com adição de pasta de amendoim e chocolate, 10% de teor alcoolico e aroma arrebatador de chocolate com paçoca – a Icon da Cervejaria Spartacus. A segunda é uma Bock, de corpo e teor alcoolico leves, com chocolate e pimenta habanero – a Chocolate com Pimenta, da Cervejaria Schornstein. 

Lembro-me de um Natal em que levei uma garrafa de Baden Baden Chocolate Beer – uma cerveja escura com cacau e baunilha – para comemorar o Natal em família, numa época em que cerveja artesanal ainda era bicho de sete cabeças para mim. Mas meu feeling era de que aquilo daria muito certo quando degustado junto do pavê obrigatório, ou do famoso “brigadeirão” de minha tia. Mal eu sabia que estava muito da correta, aliás, nessa minha primeira empreitada com cervejas com adição de cacau e sobremesas.
 

Doce tarefa

Cada um possui uma experiência pessoal, mas há algumas regras que otimizam a harmonização: por contraste (ou oposição), semelhança ou corte. Optar por harmonizar por semelhança, ou complementação, é talvez o método mais simples, guiando por elementos como dulçor, notas de torra, acidez, frutado, amargor e etc. Ao optar pelo contraste, os sabores se equilibram (por exemplo, equilibrar amargor com o dulçor, picância com refrescância). Já a harmonização de corte tem objetivo de limpar o paladar, um dos exemplos mais clássicos é harmonizar cheesecake com cerveja ácida.

Tipo mais popular no Brasil, o chocolate ao leite tem uma proporção de 30% a 40% de cacau com leite e açúcar – deixando o amargor de segundo plano. Essa variedade foi criada em 1875 e serviu, além de contemplar paladares que preferem o adocicado, disfarçar imperfeições do cacau. O doce do ao leite combina com cervejas que têm notas tostadas como Stout, Bock, Robust Porter ou Dry Stout. 

Já o chocolate meio amargo, que contém 60% ou mais de cacau, pede cervejas mais densas e alcoólicas, como Imperial Stouts, Imperial Porters, Wee Heavy e Dunkels, pois elas ajudam a envolver o chocolate na boca. Considere harmonizar com cervejas mais amargas. No caso dos bombons, trufas e tortas de chocolate (meus prediletos), a escolha mais certeira é acompanhar com uma boa Belgian Dark Strong Ale (Quadrupel), que oferece toques frutados e combinam com recheios. Outra boa indicação são as tripels, com suas notas complexas de frutas cristalizadas.

Deixo o polêmico chocolate branco para o fim. Muitos não o consideram um tipo de chocolate, na realidade, por ser composto da manteiga de cacau, leite, essência de baunilha e açúcar (por isso, é o tipo mais doce de todos). Mesmo assim, casa bem com algumas cervejas de dulçor característico, como Porter e Fruit Lambics (Kriek). Esta última, por ser mais ácida, ajuda também a quebrar a sensação de gordura na boca. Bônus: experimente comer um bolo de chocolate com frutas vermelhas junto com uma Fruit Beer de cereja!

Experimente as dicas. Saúde!

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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