Casarão do café: uma joia na Vila Industrial Campinas

There is nothing to show here!
Slider with alias none not found.

Cidades como Campinas que têm no seu ambiente citadino a indústria e agricultura desde o século XIX, atravessaram o século e influenciaram comércio e investimentos de empreendedores no começo do século XX gerando vilas, bairros inteiros em função das negociações e mão de obra que tocavam os empreendimentos.

Com o café permeando os negócios não foi diferente, podemos destacar a vila industrial nesta realidade. Hoje a “Vila” como é conhecida em Campinas (SP), mantém algumas características destes investimentos, principalmente na área arquitetônica e vez em quando vemos despontar entre profissionais da área como arquitetos e até mesmo investidores projetos para manter a memória local.

Podemos afirmar que quem visita a Vila Industrial vê nela uma influência do que foi preservado e também de novos investimentos,  prédios que remontam o começo do século que possuem comércio e instituições.

Com muita história ali para ser contada e vista a Vila Industrial, ganha agora mais um prédio restaurado e que tem ligação com a cultura do café.

Falo do empreendimento que se chama Espaço Casarão Campinas , Localizado a rua Perdizes, que foi  sede do casarão  construído no bairro Vila Industrial em Campinas no início do século XX por Vincenzo  Guariglia Italiano natural de Santa Maria de Castelabatte (Itália).  

Segundo Tiago J. de Melo descendente direto de Vincenzo Guariglia, ele  resolveu fixar moradia definitiva no Brasil em 1912  em Campinas/SP,  foi proprietário de diversas casas de carne da cidade inclusive do Mercado municipal e sócio do Matadouro localizado na Vila Industrial .

Em 1921 adquiriu ao equivalente a 25.000 m² de terras localizadas na vila industrial na Rua das Perdizes, local onde construiu o casarão que se tornou seu lar e também seu comércio.

O Casarão tem uma passagem interessante com a história da cidade de Campinas, quando serviu de  refúgio para dezenas de famílias durante o bombardeio aéreo que a cidade  sofreu em 1932 durante a Revolução Constitucionalista. Histórias como essa estão sendo resgatadas agora.

Melo explica que o Casarão, como é conhecido, foi modificado nos anos 70 e está atualmente sendo restaurado da forma original por ele e  seu pai e incentivador Aparecido Retali de Melo. Tiago Melo faz parte da 5 geração da família. ” Tentamos trabalhar para chegar ao máximo de como era o Casarão”

Segundo Melo a ideia do restauro passa não só pela conservação arquitetônica mas também em disponibilizar a população as memórias e histórias que ali estiveram.

O casarão comemorou seu centenário que ocorreu recentemente em Novembro de 2021, o auge do mesmo aconteceu na década de 1920/30 quando seu proprietário e construtor Vincenzo Guariglia decidiu investir também no ramo do café, fazendo do local além de sua própria moradia que situava-se no primeiro andar um Armazém de grãos selecionados de café.

 O Armazém ficava no andar térreo do casarão, onde haviam muitas mesas com várias funcionárias que eram contratadas para que o café ,que era apanhado bruto, fosse selecionado em  seus melhores grãos, isso fez com que o local ganhasse grande destaque no ramo cafeeiro da cidade.

Essas funcionárias contratadas em grande parte eram moradoras da “coloninha”, um complexo em torno de 20 casas construídas atrás do casarão pelo proprietário, que se tornou um dos grandes nomes do comércio da cidade de Campinas.

O café era comprado dos diversos produtores das fazendas de café da região e em seguida eram selecionados os melhores grãos e ensacados para venda no local.

Melo acredita que a localização da vila que foi ao lado do pátio ferroviário central  das antigas Cia Paulista e Cia Mogiana, facilitou o comércio local. 

Estudos mostram que neste pátio ferroviário existiam dois armazéns para depósito de grãos de café, o que deve ter facilitado o comércio do italiano Vincenzo Giglardia na Vila Industrial.

Os dois armazéns que mais se destacaram foram: o armazém 1, da Cia Paulista próximo ao viaduto Miguel Vicente Cury (onde hoje localiza-se a Ceprocamp), e o armazém 2, também da Cia Paulista, porém, utilizado pela Cia Mogiana. Este último situava-se mais próximo ao estabelecimento do sr. Vincenzo (próximo a atual rodoviária). 

Quando perguntado ao Thiago o porquê do restauro vemos que as lembranças dele do que vivenciou pesou muito na decisão de restaurar e trazer para a “Vila” algo que esta totalmente ligado as memórias do local e também da cidade de Campinas.

“Lembro que todo final de tarde minha família, que morava na mesma rua , e descendentes de Vincenzo Guariglia, nos reuníamos no Casarão para contar e relembrar história dos integrantes da família, ouvíamos música italiana e aprendíamos a língua dos nossos antepassados” Tivemos uma infância e juventude muito alegre e tudo girava em torno do casarão.

Com o passar do tempo isso foi se perdendo e segundo o proprietário agora com ao restauro e refit dará para resgatar alguns momentos assim e criar novas memórias em torno do Casarão que hoje tem planos de ser local para eventos.

Para mais informações e acesse: @espaçocasaraocampinas

Sandra Racy, jornalista com atuação na área rural, professora universitária com mestrado em História e Memória, barista de café há 10 anos, com experiência em consultoria, cursos e eventos em fazendas e sítios de café, bem como gastronomia voltada para o café. Siga @sandra.barista no Instagram.

No Replies to "Casarão do café: uma joia na Vila Industrial Campinas"

    Leave a reply

    Your email address will not be published.