Bière Brut: o feliz casamento entre cervejas e espumantes

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Se você é fã de espumantes, venho aqui provar que é possível dar espaço às cervejas artesanais na ceia de Natal ou nas celebrações de ano novo. Afinal, são duas bebidas que andam lado a lado sim, e têm mais semelhanças do que diferenças. Isso porque há um imenso universo de cervejas com perfis aromáticos que remetem ao vinho, seja por adjuntos com perfis ácidos ou simplesmente pelas leveduras e o método de fermentação. O melhor exemplo que posso dar são as Brut Beers, estilo “inaugurado” quase que por acidente, como veremos a seguir. Uma das maravilhas da cerveja é que ela permite toda essa versatilidade.

As Brut são cervejas secas, leves e muito elegantes, conhecidas também como Bière Brut ou Bière de Champagne. Têm cor clara e aromas mais frutados e florais. Não é difícil reconhecer as cascatas de bolhas, a perlage, características dos espumantes e das bruts. Principalmente quando servidas em taças flute, taças mais estreitas que têm objetivo de prolongar a carbonatação. A Brut IPA é um subestilo que ganhou maior notoriedade ao longo dos últimos três anos, aliando a potência crua dos lúpulos com o final seco e carbonatado.

Como toda história interessante, a Brut surgiu a partir de tentativas com muitos erros e acertos. O cervejeiro da Social Kitchen and Brewery de São Francisco, Kim Sturdavant, pensou em anular o açúcar de cervejas Double e Triple IPA. Para isso, ele testou usar a amilase (uma enzima que ajuda a quebrar carboidratos) durante a fermentação, e chegou num resultado além do que o esperado: conseguiu uma cerveja sem qualquer tipo de açúcar residual. Isso fez com que a IPA se tornasse uma bebida mais seca, mais leve e mais alcoólica. Basicamente, as Brut IPAs nos permitem sentir mais os lúpulos sem o açúcar para interferir no sabor.

Para ganhar o aspecto translúcido e leve, a cerveja passa por processos de centrifugação – tornando-se o contrário do que seria uma New England IPA, por exemplo. É um processo que segue um refinamento tal e qual é necessário para se obter um bom vinho. Mas os caminhos das Bruts podem ir muito mais além do que isso: existem exemplares produzidos a partir de várias outros estilos-base, usando receitas belgas tradicionais como Belgian Golden Ale, Belgian Golden Ale, Tripel, Saison, entre outras.

A mágica acontece somente depois de pronta a base da cerveja, quando ocorre uma refermentação na garrafa com as leveduras próprias para o champagne – método chamado Champenoise. Antes de chegar à sua garrafa final, a que chegará ao consumidor, a cerveja passa períodos adegado, em posição inclinada, sendo girada levemente a cada dois dias (processo de rémuage). Depois, é posicionada com o gargalo para baixo para que a levedura se concentre para ser removida. Mais artesanal, impossível.

A Casa Valduga é um excelente exemplo de que os caminhos entre vinhos e cervejas podem, sim, se cruzar. Eles produzem há cinco anos as cervejas Leopoldina que, inclusive, foi premiada no World Beer Awards desse ano na categoria Brut Beer, com sua Italian Grape Ale. O rótulo utiliza do mesmo método de Champenoise, também utilizado nos frisantes da Famiglia Valduga, tradicional da Serra Gaúcha. Feita com uva Chardonnay do Vale dos Vinhedos, a premiada cerveja tem o estilo Saison como base, destacando a acidez e perfil cítrico. A marca comemora o que parecia impossível: harmonizar os mundos da cerveja e do vinho.

Garrafas de cerveja para estourar no Réveillon

Ficou com vontade? Aqui vão algumas dicas de cervejas Brut para degustar nas festas que se aproximam.

Deus Brut de Flandres

A belga Deus, da Bosteels, foi a primeira cerveja Brut que tive contato, ainda nos primórdios de 2014. E já na época havia toda uma discussão sobre o valor elevado da cerveja aqui no Brasil, custando em média R$ 300. O valor, ainda que fora dos padrões, se justifica pelo refinado processo de refermentação e de Champenoise por nove meses. 11,5% ABV.

Morada Double Vienna Brut

Versão da American Amber Lager fermentada com levedura de champagne por 18 meses, passando por todos os processos de Champenoise. Com notas de especiarias e final seco e lupulado, 11,5% ABV.

Bodebrown Brut IPA Galaxy

A Bodebrown denomina o rótulo de “espumante de lúpulo”. A cerveja é efervescente, com uso de lúpulo Galaxy, bem aromático e refrescante. 6,5% ABV.

Leopoldina Italian Grape Ale

Esta premiada cerveja possui adição de uva Chardonnay, com terroir do Vale dos Vinhedos. É elaborada com o método de fermentação na garrafa, e apresenta notas cítricas, frutadas e condimentadas. 8,5% ABV.



Saúde!

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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