Cinco motivos para consumir cerveja artesanal brasileira

O dia 5 de junho é comemorado desde 2012 como o Dia da Cerveja Brasileira, uma forma de enaltecer a produção nacional que, sim, tem muita história pra contar. Tanto que a data homenageia um personagem importantíssimo e valioso para essa história: o senhor Rupprecht Loeffler, o seu Loffa, mestre cervejeiro da Cervejaria Canoinhense – tradicional cervejaria que foi uma das pioneiras na região de Santa Catarina, e segue em funcionamento até os dias de hoje. Você pode ler mais sobre a Canoinhense abaixo:

Nascido justamente no dia 5 de junho, seu Loffa ainda é cultuado pelos amantes cervejeiros que mantém vivo seu legado. E, claro, uma dose extra de admiração na tentativa de seguir seus passos. Há de se comemorar que a produção cervejeira nacional hoje siga criativa e pulsante, ainda que com os percalços próprios de que ousa em empreender no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Indústria da Cerveja (CervBrasil), a produção nacional aumentou 2,9% em 2020. Por isso, a coluna desta semana tem como objetivo listar ao leitor algumas das muitas razões para escolher prestigiar as cervejas de cá.

Frescor da cerveja

“Beba local”, um lema que parece tão batido entre os beberrões artesanais, é muito mais do que uma frase de efeito para decorar bares mundo afora. O conceito veio de fora, de países como Estados Unidos e Inglaterra, justamente lugares que abraçam a cultura cervejeira e pequenos produtores. Além de outros muitos benefícios este conceito, está a qualidade imensamente superior da cerveja quando produzida localmente e consumida por clientes direto da fonte ou de cidades próximas.

Há cada vez mais tap houses que privilegiam cervejas produzidas a determinado raio de distância, que chegam frescas nas torneiras e com suas características e perfis preservados. Quanto mais tempo uma cerveja fica armazenada para transporte e distribuição, mais há chances de comprometimento de aromas e sabores. Salvo quando há a necessidade da pasteurização, o que deixa todo o papo da “cerveja viva” em segundo plano.

Ingredientes típicos nacionais

Somos um país de muitas possibilidades quando tratamos de ingredientes e receitas, de riqueza ímpar da flora nativa. Graças à criatividade cervejeira, usamos nos mais variados estilos cervejeiros frutos desde os clássicos café e cacau até os regionais, como bacuri, cupuaçu, açaí, cumaru… uma verdadeira viagem às cinco regiões brasileiras. Um baita privilégio.

Apoiar as microcervejarias e produção local

A possibilidade de poder colher o lúpulo fresco e utilizá-lo na brassagem de uma cerveja com insumos totalmente nacionais parecia papo de pescador, mas é realidade. Não que seja negativo usar os bons e velhos lúpulos estrangeiros – pelo contrário, para cada cerveja há um objetivo sensorial a ser atingido. Porém, deixar de ser refém da importação do insumo é uma libertação importante para a produção nacional.

Como já falei no primeiro tópico, o conceito de beber local puxa e impulsiona uma cadeia importante de produção: o simples ato de produzir local ajuda produtores locais – desde o plantio de lúpulo e malte, até a produção de embalagens, mão de obra e abertura de vagas de emprego nas pequenas cidades. No início da pandemia, o conceito de apoiar o comércio local foi um hit por um motivo: quanto mais gente interessada em consumir local, maior o incentivo e movimento da economia local. E, com isso, mais cervejarias surgem.

Valor mais acessível e democrático

Há controvérsias quanto a valores das cervejas artesanais brasileiras, principalmente entre as cervejarias mais cultuadas e os rótulos mais exclusivos e de ingredientes mais exóticos. Mas é inegável que neste mar de opções há as cervejas de qualidade que são opções democráticas no mercado, com estilos “porta de entrada” para a bebida, como as IPAs, Weiss, entre outras.

Mergulhar na interpretação brasileira de receitas clássicas

Além da opção de ingredientes nacionais, há um fato fascinante na cerveja artesanal brasileira, que é a possibilidade de fazer releituras de clássicos – bem ao nosso estilo, claro. Afinal, temos a possibilidade de repaginar uma tradicional belga Dubbel com adição de melaço de cana, como fez a piracicabana Leuven, com o rótulo Dark Wolf. Revigorante, se você é aberto a novas possibilidades.

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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