Código de Hamurabi: o que a lei teve a ver com cerveja?

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Sabemos que a produção de cerveja data da antiguidade, tão distante no passado que pode se equiparar ao período em que se propagaram as plantações e cultivo de lavouras nas civilizações. A produção da cerveja primitiva começou quando o homem (a mulheres que tomavam conta dos plantios, na verdade) entendeu que quando misturados com água os cereais fermentavam e geravam o álcool. E daí, como sabemos, nunca mais paramos de fazer essa mágica acontecer. Poucos sabem, portanto, que leis e regras em torno da fabricação da bebida são igualmente antigas.

Provavelmente você deve ter escutado sobre o Código de Hamurabi por meio da famosa frase “olho por olho, dente por dente”, que – baseado na Lei de Talião – determinava que a punição fosse equivalente ao crime cometido. Este foi o primeiro conjunto de leis conhecido da história do mundo, criado entre 1792 a 1750 a.C na Mesopotâmia por Hamurabi. Este, por sua vez, foi o sexto rei da Suméria – local de onde, segundo registros, nasceu a cerveja.

Nada mais justo então que o Código contemplasse o tópico, uma vez que a cerveja foi por muito tempo considerada um alimento sagrado. Entre as 282 leis estabelecidas entre punições e multas, o texto regulamentou termos para o comércio e produção da cerveja. O artigo mais drástico versa sobre a execução por afogamento do cervejeiro que fizesse cerveja tão intragável que tivesse de ser desperdiçada. A qualidade da cerveja, desde sempre, foi assunto sério – e não duvido que muitas mortes tenham ocorrido por este motivo.

Até mesmo sacerdotes que por ventura fossem encontrados em tabernas poderiam ser executados. Donos de tabernas que tentassem ludibriar clientes também corriam risco de sérias represálias.

A lei da pureza Reinhetsgebot, criada muito tempo depois em 1516 na Baviera, Alemanha, sacramentou a preocupação da sociedade com o respeito aos processos de produção e aos ingredientes da bebida. A lei alemã regulamentou que a cerveja deveria ser feita somente com água, malte, cevada e lúpulo – tendo a levedura sido introduzida na receita posteriormente porque não havia tal conhecimento. O texto só permitia o uso do trigo nos casos de cervejas de alta fermentação. Cervejarias tradicionais seguem até hoje tais regras.

Voltando aos tempos mais antigos de Hamurabi, a população em geral também tinha sua cota nas regras. A cerveja era “porcionada” diariamente entre os habitantes da Babilônia: administradores e o sumo sacerdote recebiam 5 litros de cerveja por dia, 3 litros aos funcionários públicos e 2 litros para os trabalhadores. A tal desigualdade, desde os primórdios!

Caso tenha curtido a história sobre o Código, aqui vai uma curiosidade: a pedra de diorito em que as regras foram escritas há tanto tempo existe até hoje e está em exposição no museu do Louvre, em Paris.

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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