A Catharina Sour, o primeiro estilo brasileiro de cerveja, ganhou merecidamente seu espaço em um lançamento simultâneo no dia 19 de janeiro, fruto de mais uma iniciativa do Movimento Toda Cerveja. Foram 64 marcas, entre cervejarias, bares e restaurantes, compartilhando a mesma identidade visual para promover o estilo que tem a cara do verão: refrescante, frutado e tipicamente brasileiro. Conheça todas as cervejarias participantes por meio do perfil oficial @todacerveja, clicando aqui!
O Movimento Toda Cerveja é uma iniciativa recente (do ano passado) que tem objetivo de objetivo fazer ações colaborativas entre marcas de todo o país para a disseminação da cultura cervejeira, mas que já fez bastante barulho. No ano passado, o estilo escolhido para a ação foi o inglês Bitter. Você pode ler sobre num texto passado, clicando aqui!
Aproveitando o ensejo do movimento, pergunto ao caro leitor: você conhece o estilo? A Catharina Sour nasceu em 2016, em Santa Catarina, com o início da produção entre cervejeiros locais de uma Berliner Weisse com adição de frutas e com graduação alcoólica mais elevada do que as tradicionais alemãs. A primeira cerveja do estilo nasceu da parceria da Cervejaria Blumenau com o The Liffey Brewpub, rótulo batizado de “Coroa Real”. A cerveja levava adição de abacaxi e hortelã.
Percebendo que ali nascia uma nova tendência, a Associação Catarinense de Cervejarias Artesanais (ACASC) chamou workshop ainda naquele ano para debater os métodos de produção da Catharina Sour e deliberar diretiva para o estilo. A partir desse movimento, cervejarias catarinenses decidiram endossar o coro e lançar cervejas no estilo. A ideia foi tão boa que, em pouco tempo, a Catharina Sour já figurava em concursos cervejeiros nacionais e teve seu reconhecimento oficial pela Beer Judge Certification Program (BCJP), principal guia de estilos, em 2021.
Segundo a descrição oficial do BCJP, a Catharina Sour é uma cerveja de trigo leve e refrescante com adição de fruta fresca. “Baixo amargor, corpo leve, teor de álcool moderado, carbonatação moderada permite que o sabor e aroma da fruta sejam o foco principal da cerveja. A fruta da receita é frequentemente, mas nem sempre, de natureza tropical”, define o guia.
A cerveja é feita tipicamente com metade de malte Pilsner e trigo, utilizando o método de fermentação em chaleira com cepa de lactobacillus e levedura ale. As frutas de escolha são adicionadas frescas e na etapa pós-fermentação. É preferível degustá-la fresca e viva, embora possa ser envazada. No copo, a cerveja apresenta palidez – de clara a turva – dependendo da maturação ou da fruta utilizada. É efervescente, com boa retenção de espuma.
O aroma é perceptível de imediato, aliado à acidez lática limpa, em apoio à fruta. Geralmente não há proeminência de malte, e não existe notas de leveduras selvagens (funky das Brettanomyces), nem lúpulo ou álcool acentuado. Na boca, a fruta da cerveja sempre aparece fresca, sem características artificiais, ou sem cozimento ou compota. O amargor do lúpulo é muito baixo, quase imperceptível. O álcool, ainda que presente moderadamente (mais do que uma Berliner Weisse, por exemplo), não deve fornecer aquecimento. A Catharina Sour é mais potente que a Berliner, e menos azeda que as Lambics ou Gueuzes.
Hoje, a Catharina Sour já tem inserção fora da região Sul e até mesmo fora do Brasil. Há cervejarias no Canadá (Market Brewing Company) e nos Estados Unidos (Farnham Ale and Lager) que já aderiram à refrescância do estilo brasileiro.
Se interessou pelo estilo? Vale conhecer a iniciativa das cervejarias participantes do Toda Cerveja. Saúde!
* Letícia Cruz Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.
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