Produção e consumo de vinho crescem no Brasil

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Por Lalá Ruiz*

Em 2021, a produção de vinho no Brasil teve um crescimento de 60% em relação a 2020, de acordo com levantamento anual da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), com sede na França. O volume produzido foi de 3,6 milhões de hectolitros (mhl), o maior registrado no país desde 2008 – vale ressaltar que cada hectolitro equivale a cem litros de vinho.

Esse resultado, divulgado oficialmente no último dia 26 de abril, confirma as projeções feitas pela própria OIV no final do ano passado acerca da produção brasileira. E os bons índices não param por aí: de acordo com o relatório da organização, o Brasil teve, no ano passado, um acréscimo de 0,2% na área de vinhedos em comparação a 2020, com um total de 81 mil hectares plantados com videiras.

Além disso, o consumo da bebida no país foi de 4,1 mhl em 2021, uma alta de 1,2% em relação ao ano anterior. Na avaliação da OIV, esse “boom” do vinho no Brasil reflete uma mudança de consumo observada principalmente nos últimos dois anos, durante a pandemia da Covid-19, quando os consumidores passaram a se interessar mais pela bebida e a procurar por rótulos de melhor qualidade.

Nesta semana, coincidentemente, o clube de assinaturas Wine divulgou o resultado de um estudo sobre o mercado dos vinhos no Brasil que realizou em parceria com a MindMiners. De acordo com pesquisa, 49% dos entrevistados citaram o vinho como sua bebida preferida.

Esse levantamento foi realizado em outubro de 2021, com cerca de 900 homens e mulheres, de todas as regiões do Brasil, que compraram vinhos a partir de R$ 30,00 a garrafa, no período de 18 meses que antecedeu a pesquisa.

Assim como o relatório da OIV, esse trabalho concluiu que a pandemia da Covid-19 trouxe novos hábitos de consumo de vinho no Brasil. O resultado da pesquisa mostrou, por exemplo, que 20% dos brasileiros passaram a beber vinho em diferentes ocasiões e 15% disseram beber sozinhos. Outros 6% afirmaram gostar de apreciar um bom vinho com novas companhias, enquanto 5% bebem dentro de casa.

A frequência de tomar vinho mudou para 43% dos entrevistados, sendo que 28% aumentaram o consumo da bebida e 16% reduziram. O estudo ainda aponta que os brasileiros bebem vinho 5,6 vezes em média por mês – 17% afirmaram consumir duas vezes por semana, 12% de três a quatro vezes por semana e 20% uma vez por semana.

Consumo por cidades

A pesquisa da Wine/MindMiners constatou que o aumento na frequência do consumo de vinhos foi mais expressivo nas seguintes cidades:

  • Belo Horizonte (37%)
  • Fortaleza (37%)
  • Campinas (37%)
  • Recife (35%)
  • São Paulo (32%)

Na Capital Paulista, a frequência média no consumo da bebida é de 7,1 vezes por mês, enquanto em Belo Horizonte é de 4,7 vezes. Quem mora em Campinas bebe vinho em média 6,4 vezes por mês, no Rio de Janeiro 6,3 vezes, em Fortaleza 5,8 vezes, em Porto Alegre e Recife 5,7 vezes e em Curitiba 5,6 vezes. Um detalhe interessante: em Fortaleza, 18% dos entrevistados disseram que começaram a tomar vinho na pandemia.

Muitos brasileiros passaram a beber vinho durante a pandemia (Foto: Canva)

Produção e consumo pelo mundo

De volta ao relatório anual da OIV, a produção mundial de vinho em 2021 foi de 260 mhl, com uma leve queda de 1% em comparação com 2020. Desse total, 153,7 mhl correspondem à produção de países da União Europeia, região que apresentou um índice negativo de 8% em relação a 2020 e de 5% em comparação à média dos últimos cinco anos.

Aliás, três países da União Europeia respondem por 47% da produção mundial de vinho em 2021: Itália (com 50,2 mhl), França (com 37,6 mhl) e Espanha (35.3 mhl). Dos três, apenas a Itália registrou um crescimento na produção de 2% em relação a 2020 e de 3% em relação à média dos últimos cinco anos.

A França teve a menor produção desde 2000 por conta das fortes geadas que ocorreram no mês de abril. A Espanha, por sua vez, registrou uma queda de 14% em relação a 2020 e de 8% que a média dos últimos cinco anos.

Entre os países da América do Sul, mais especificamente, o Chile é o que mais produziu vinho no ano que passou: 13,4 mhl, 30% a mais do que em 2020. Foi a maior produção registrada no país, aponta a OIV. A Argentina vem logo depois com 12,5 mhl, alta de 16% ante 2020 e 5% a mais do que a média dos últimos cinco anos. Nada mal.

Em 2021, foram consumidos 236 mhl de vinho em todo o mundo, uma alta de 0,7% em comparação a 2020 e o primeiro índice positivo desde 2018. Os Estados Unidos lideram o ranking de países que mais bebem vinho – no ano passado, os norte-americanos consumiram 33 mhl da bebida. Entre os países europeus, o primeiro lugar fica com a França (25,2 mhl), seguida pela Itália (24,2 mhl) e Alemanha (19,9 mhl).

O Brasil, como dito lá no alto, registrou alta no consumo de 1,2%. Porém, na vizinha Argentina, ocorreu o inverso, apesar de o índice de consumo ser o dobro do nosso – foram 8,4 mhl, volume 11,1%, menor do que em 2020, um reflexo direto da diminuição do poder de compra da população.

SAIBA MAIS

O relatório anual da OIV, com esses e outros dados sobre o mundo do vinho no mundo em 2021, tais como números de exportação, projeções para o mercado asiático e perspectivas para 2022, pode ser conferido no site da organização: oiv.int.

EM TEMPO

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

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