Vem de Cravinhos a novidade do vinho paulista

Por Lalá Ruiz*

Uma ótima notícia para o vinho paulista: mais um empreendimento enogastronômico abriu as portas para o público no Interior do Estado, mais especificamente em Cravinhos, município que faz parte da Região Metropolitana de Ribeirão Preto.

Trata-se da Vinícola Biagi, localizada na Fazenda Cravinhos, projeto este que começou a ser “gestado” no final de 2019 pelo empresário Luiz Biagi. Após visitar outras vinícolas paulistas, ele se convenceu de que era possível produzir uvas viníferas na região.

Cravinhos fica 800 metros acima do nível do mar e tem grande amplitude térmica – ou seja, dias mais quentes e noites mais frias, diferença esta que pode chegar a 20 graus em alguns períodos do ano, fato considerado um ponto forte para o sucesso da produção.

“Minha inspiração para esta iniciativa veio dos amigos Paulo Brito, da vinícola Guaspari (Espírito Santo do Pinhal) e Beto Lorenzato, da Vinícola Marquese di Ivrea (Ituverava), ao visitar suas vinícolas, já consolidadas, no interior de São Paulo”, explica.

Na hora de tirar o projeto do papel, o empresário passou a estudar mais sobre o assunto, além de levar em consideração a própria origem de sua família, ligada ao cultivo de vinhedos na região do Vêneto, na Itália. Tanto que investiu em material genético de uvas italianas.

Dessa forma, inicialmente foram plantados 12 hectares de Moscato Giallo, Nebbiolo e Sangiovese, uvas a partir das quais são feitos os consagrados vinhos Brunello, Chianti e Barolo. A primeira safra foi em meados de 2022.

A expectativa da Biagi é de chegar a 20 hectares de vinhedos, com uma produção anual de 100 mil garrafas de vinho. Atualmente, a vinícola trabalha com um rótulo de tinto seco, o Pietro, batizado em homenagem ao avô Pedro Biagi, que chegou ao Brasil em janeiro de 1888.

Pietro: primeiro vinho a ser comercializado pela Biagi (Foto: Divulgação)

A produção do Pietro é comandada pela enóloga Isabela Peregrino, com vinificação na Vitacea Enológica, em Caldas (MG). Futuramente, quando a fábrica que está sendo construída na propriedade ficar pronta, todo o processo passará a ser feito na Fazenda Cravinhos.

O primeiro lote comercial, com 1.600 garrafas, foi lançado em março, sendo vendido somente na vinícola. Na safra do próximo ano, a vinícola também vai comercializar o Carina Biagi, um branco seco feito de Moscato Giallo que já foi produzido de forma experimental.

Experiência completa

Além dos próprios vinhedos, a Vinícola Biagi conta com uma Osteria. O espaço funciona para almoço aos sábados e domingos e foi projetado pela arquiteta Sissi Verri. Sob o comando da chef Beatriz Nomelini, aposta numa cozinha de inspiração italiana com alma brasileira.

Prato servido na Osteria: cozinha de inspiração italiana com alma brasileira (Foto: Divulgação)

O cardápio é quinzenal e elaborado com produtos selecionados a partir do conceito “Farm to Table”, valorizando tanto os produtos da própria fazenda quanto de produtores da região. Na harmonização, a Osteria conta com a consultoria do enólogo Pedro de Guide.

A Fazenda Cravinhos

Fundada em 1810 pelo Capitão Mateus José dos Reis e adquirida em 1876 pela família Pereira Barreto, a Fazenda Cravinhos foi o berço do café Bourbon em São Paulo, tendo fornecido sementes inclusive para o governo do Estado.

Foi uma potência na cafeicultura e na criação de gado da raça Gir na década de 1950. Adquirida por Luiz Biagi em 1983, com aproximadamente 700ha, a Fazenda Cravinhos vem se modernizando, ampliando suas instalações e aperfeiçoando os processos produtivos.

Possui estradas asfaltadas com acesso a todas as dependências e à rodovia, além de pistas para caminhada e lazer; vastas áreas gramadas e arborizadas; campo de futebol para os moradores; quatro represas; área com mata natural protegida e conservada; pomares e horta.

Além dos vinhedos, da vinícola e da Osteria, também mantém atividades como o cultivo de Cana de Açúcar; a criação de gado de leite da raça holandesa, com produção destinada à Leiteria da Fonte; e, por meio de meio de parceria, uma torrefação que produz o café Patrocínio.

Ainda mantém atividades como: pecuária extensiva com gado de corte; Haras Cravinhos, há mais de 30 anos criando cavalos da raça Mangalarga Paulista, em sistema de pastos e cocheiras; ovinos, que também são utilizados na culinária da Osteria, e granja com galinhas poedeiras de ovos galados.

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Imagem aérea da Osteria da Vinícola Biagi (Foto: Thiago Buosi)

ANOTE NA AGENDA

Vinícola Biagi e Osteria

Endereço: Fazenda Cravinhos (Rodovia Angelo Cavalheiro, km 1,3, saída de Cravinhos para Serrana) – ao chegar na entrada da fazenda, seguir as placas sentido Osteria.
Horário de funcionamento: Sábados e domingos, das 9h30 às 15h, mediante agendamento.
Agendamento de visitas: (16) 98843-4976 (WhatsApp, com Paulo), (16) 3951-2220 (escritório) ou pelo e-mail osteria@vinicolabiagi.com.br
Instagram: @vinicolabiagi
Opções de visita:

  • Almoço em três tempos (entrada, principal e sobremesa);
  • Tour guiado e degustação harmonizada de vinhos (sem almoço);
  • Completo (tour guiado, seguido de degustação harmonizada e almoço); e
  • Eventos corporativos e sociais.

(*Com informações Assessoria de Imprensa)

EM TEMPO

Espumante se guarda deitado ou em pé?

Quando se fala em armazenamento de vinhos, é consenso que as garrafas fechadas com rolha devam ser guardadas deitadas para evitar o ressecamento e o encolhimento da “tampa”. Mas, atenção: essa regra não vale para os espumantes. Nesse caso, o melhor é guardar a bebida “em pé”, uma vez que o gás que circula no interior da garrafa já conserva a rolha úmida.

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*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

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