1º de fevereiro é o Dia Internacional da Furmint

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Por Lalá Ruiz*

Você conhece a uva Furmint? Trata-se de uma variedade branca que pode ser considerada o grande ícone dos vinhos produzidos na Hungria. Sua importância é tamanha que, desde 2017, em 1º de fevereiro, é celebrado o Dia Internacional da Furmint.

Atualmente, dois terços dos vinhedos húngaros são plantados com essa cepa, que é a principal componente do celebrado vinho doce Tokaji Aszú, um dos mais famosos vinhos de sobremesa do mundo. Com a Furmint também são feitos bons rótulos secos.

Seu nome vem do francês froment, que quer dizer trigo, por conta da cor do vinho que produz, que lembra o dourado do cereal. Muitos historiadores acreditam que a variedade tenha origem italiana ou sérvia, e que tenha sido introduzida na Hungria no século 13.

Porém, pesquisas recentes de ampelografia, que é a área da botânica que estuda e classifica videiras, apontam que a Furmint pode ser nativa da região. Além da Hungria, também é cultivada na Áustria, Eslováquia, Eslovênia, Croácia, Romênia e República Tcheca.

É uma uva que brota cedo, mas de maturação tardia. Como sua casca fica mais fina à medida em que a fruta amadurece, a Furmint é constantemente atacada pelo fungo Botrytis cinerea, que faz com que a fruta apodreça.

Mas, diferentemente do que se pode imaginar, ao invés de “inutilizar” as uvas para o vinho, é justamente a ação desse fungo que garante ao Tokaji Aszú as características que o deixaram famoso, já que os aromas e sabores acabam se concentrando. Esse processo, aliás, é chamado de “podridão nobre”. Em geral, o Tokaji Aszú leva 60% de Furmint e o restante é dividido entre as castas Hárslevelü e Yellow Muscat.

Para a produção dos vinhos secos, são utilizadas apenas as uvas “sadias”, ou seja, não atacadas pelo Botrytis cinerea. Esses vinhos têm alta acidez, frescor e são levemente encorpados.

O Tokaji Aszú tem coloração dourada (Foto: Crepesuzette por Pixabay)

Como nasceu o famoso Tokaji Aszú

Em artigo publicado na edição online da revista brasiliense Embassy, a professora, sommelière e juíza internacional de qualificação de vinhos Rachel Alves Naryyoshi contou a seguinte história: em julho de 1650, quando soldados do Império Turco-Otomano avançavam sobre a Hungria, um clérigo da região de Tokaj-Hegyalja determinou o adiamento da colheita das uvas para não afrontar os turcos, que não consumiam álcool por conta da religião muçulmana.

Nesse meio tempo, as uvas maduras foram atacadas pelo Botrytis cinerea. Mas, no final de outubro, com a partida dos soldados, os moradores decidiram esmagar os cachos contaminados e fazer a fermentação. Na Páscoa seguinte foram surpreendidos por um vinho divino.

Porém, há relatos de que o Papa Pio IV (1499-1565) tenha sido presenteado com o Tokaji Aszú por um arcebispo húngaro, durante o Concílio de Trento em 1562, ou seja, cem anos antes.

“É o vinho dos reis e o rei dos vinhos.”

Luís XIV (1638-1715), rei da França, sobre o Tokaji Aszú

EM TEMPO

Há muitas opções de Tokaji Aszú à venda nas importadoras brasileiras. É um vinho caro – um Royal Tokaji 5 Puttonyos Aszú 2016 custa, em média, R$ 380,00 a garrafa de 250 ml. Já os brancos secos 100% Furmint são mais acessíveis. Um Ungvár-Pince Tokaj Furmint 2018, por exemplo, custa entre R$ 89,90 e R$ 120,00 a garrafa, dependendo do vendedor e da quantidade a ser adquirida.

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

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