Cerveja, folclore e crenças: uma história antiga

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No próximo dia 22 de agosto comemora-se o Dia do Folclore. Sabia que cerveja e folclore têm mais em comum do que se imagina? Embora a esse ponto você já deva ter esbarrado com algum rótulo que faça referência a figuras folclóricas brasileiras – as produzidas pela Cervejaria Nacional, por exemplo -, meu objetivo nos próximos parágrafos é abordar episódios culturais históricos, não só no Brasil, em que a cerveja atua ou atuava como protagonista.

Ainda que para nós, brasileiros, a cerveja tenha recebido uma aura sagrada por outros motivos mais mundanos, para outros povos a bebida já fazia parte de lendas há milênios. Para o povo nórdico, por exemplo, o ato de beber cerveja era mágico e os ligava diretamente aos seus deuses. Os vikings, aqueles guerreiros que saíam em expedições entre os séculos V e XII, acreditavam fielmente que o sucesso de suas empreitadas só era garantido por meio de seus rituais, em que a cerveja e outras bebidas como o hidromel serviriam como canais de comunicação com o divino.

Segundo reza a mitologia nórdica, o deus Thor certa vez salvou as divindades de ficarem de chifres vazios (recipiente onde os nórdicos bebiam cerveja e afins) no salão de Aegir, outra figura mitologica que servia como cervejeiro em Asgard. Teria sido o deus do Trovão o responsável por surrupiar um caldeirão e dar a Aegir – que desde então nunca deixou os canecos vazios. Tudo isso, de acordo com o estudo “Brindando aos deuses: Representações de bebidas na Era Viking, no cinema e nos quadrinhos”, de Johnni Langer e Luciana de Campos.

Os celtas também enriqueceram as lendas envolvendo nossa bebida amada. A lenda de Goibniu, o deus celta relacionado à feitura de bebidas fermentadas como cerveja, conta que ele foi o responsável pela formulação de uma poção da imortalidade, o elixir da vida. Já viram algo parecido em filmes? Aposto que sim!

Esta divindade celta da Irlanda antiga, que era um ferreiro, encontra similares em outras culturas: Govannon é sua versão na mitologia galesa, e Hefaistos na mitologia grega. Este último também era um deus ferreiro que fabricava cerveja.

Em outros folclores como os dos povos andinos, essas divindades são mulheres por representarem a fertilidade e a garantia de boas colheitas. Pachamama é a deusa máxima dos Incas, e é até hoje venerada pela proteção agrícola. Com a invasão dos espanhóis, muitos dos rituais foram convertidos para o cristianismo e a figura de Pachamama aproximada a da Virgem Maria.

Ainda assim, o povo Quechua segue acreditando que a deusa representa a natureza e, quando se extrai muitos de seus elementos, períodos de turbulência podem acontecer. Para encontrar um equilíbrio, pessoas acreditam que jogar cerveja nas terras pode acalmar a fúria da deusa e prover boas colheitas. No dia de Pachamama, se cozinham alimentos a noite inteira para agradecê-la.

Por aqui, nossas lendas mais conhecidas sobre cerveja são quando alguém pede cerveja sem colarinho ao garçom pois “rouba espaço no copo”, ou quando dizem que chope de vinho é chope. Se me faltou um exemplo mais próximo a nós, deixa aqui nos comentários pois quero saber!

Saúde!

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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