É tempo de Fecha Corpo, tradição em Monte Alegre do Sul

Tomar cachaça com guiné ou arruda em jejum na Sexta-feira Santa é tradição em Monte Alegre do Sul. Tradição esta que atrai gente de diversas partes do Estado de São Paulo e conta com mais um componente gastronômico: lanchinho de aliche picado com salsinha e cebolinha.
Mas por quê essa combinação junta tanta gente na Praça Bom Jesus ainda antes do amanhecer?
A resposta vem lá do final da década de 1940. 1948 para ser exata, quando a benzedeira Nhá Sabá indicou ao Seo Zezé Valente beber a pinga com ervas para fechar seu corpo contra energias negativas, que lhe causavam doenças que os médicos não conseguiam sanar.
Ele assim o fez, foi curado e passou a mensagem adiante, realizando anualmente o Fecha Corpo (já são 71 anos de evento), quando a cachaça e o pão com aliche são servidos para forrar o estômago de quem vem de longe em jejum para se proteger por mais um ano.
Seo Valente faleceu com mais de 90, e a tradição permanece com a família, porém não mais durante todo o dia. Agora, quem quer receber o Fecha Corpo tem que madrugar na praça, pois a distribuição ocorre apenas entre 6h e 8h.
Por outro lado, essa mudança abriu espaço para que os demais produtores de cachaça da cidade também sirvam o Fecha Corpo seguindo a tradição durante toda a sexta santa.
Uma delas é a Adega Peterlini, onde Entre Sabores conheceu essa história e provou o Fecha Corpo, que é vendido o ano inteiro. Segundo os proprietários, essa mistura tem sido procurada para ser bebida na virada do ano também.
Por lá, ainda são encontrados licores, vinhos, cerveja caseira e até uísque. Outras gostosuras também são vendidas ali feitas pelas mãos habilidosas das irmãs Peterlini, como salames e outros embutidos, pães, doces de frutas e geleias.
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