Gastronomia campineira e comida bandeirante

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Feijão, milho e mandioca não faltavam no prato dos bandeirantes

Texto e fotos: Érika Soares

A história de Campinas começa com os bandeirantes, os primeiros a se embrenharem por essas terras nas expedições em busca do Eldorado brasileiro, onde estariam os metais e as pedras preciosas encontrados posteriormente em Minas Gerais, Goiás e no Mato Grosso do Sul.

Para conquistar essas riquezas eles traçaram uma rota que obrigatoriamente passava por essa região, um lugar que tornou-se local de descanso nas longas jornadas. É o que conta o mestre em História Social pela Unicamp, o professor Edmilson Mello. “Esse caminho aberto entre 1721 e 1730 recebeu o nome de Caminho dos Goiases e revelou a região campineira para quem ali quisesse se fixar e cultivar o solo”, conta Mello.

Junto com a expedição bandeirante vieram os hábitos alimentares, típicos dos paulistas. Uma culinária adaptada para atender mais as necessidades dos viajantes do que provocar prazer gustativo.

“Tinha que ser algo fácil de preparar, de carregar e que suportasse o forte calor do sol”, explica o chef Adriano Ramos. “Por isso a farinha de mandioca ou de milho era a base de toda a refeição. Misturada ao feijão e ao toucinho de porco, pilada muitas vezes com carne assada ou seca, os bandeirantes conseguiam energia, que era reforçada com as frutas encontradas pelo caminho como o abacaxi e a banana”, comenta.

De acordo com o livro Terra Paulista, publicado pela Imprensa Oficial, para garantir a sobrevivência na volta para casa, os bandeirantes iam plantando roças de milho, feijão, abóbora e outras culturas. A mandioca era uma das raízes mais consumidas e servia muitas vezes de café da manhã ou sobremesa, misturada à rapadura. No final do dia, os bandeirantes, já nos acampamentos, desfrutavam de aguardente para relaxar.

O professor Mello revela uma curiosidade histórica que relaciona a fundação da cidade com a gastronomia: quando passavam pelas terras campineiras, os bandeirantes costumavam acampar-se justamente onde hoje está um dos polos gastronômicos de Campinas, o Cambuí.

Chef Adriano Ramos e sua releitura da comida de um bandeirante

Chef Adriano Ramos e sua releitura da comida de um bandeirante

Um prato de dar água na boca

Mas se no século XVIII a comida de bandeirante não visava provocar os prazeres da boa mesa, hoje em dia os pratos feitos a partir dos costumes alimentares desses expedicionários são de comer de joelhos, como dizem alguns.

A pedido de Entre Sabores, o chef Adriano Ramos recriou a típica comida de bandeirante, fácil de fazer e que serve muito bem um almoço de domingo com a família: feijão tropeiro, carne assada com mandioca e milho na manteiga.

“É uma pena que as comidas típicas paulistas venham pouco a pouco desaparecendo dos cardápios dos restaurantes. Valorizar a cultura gastronômica, degustar pratos tradicionais que fazem parte da nossa história é reconhecer a nossa identidade”, finaliza Ramos.

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