Queira você ser um mestre cervejeiro um dia ou só fazer uma brincadeira descompromissada, a ideia de produzir a sua própria bebida, da brassagem ao copo, é tentadora. E saiba que, por incrível que pareça, é possível literalmente cozinhar sua cerveja com equipamentos que você já tem em casa – como, por exemplo, a panela. Outros você encontra facilmente (e a custos modestos) por meio de kits que algumas empresas oferecem, tal como os insumos necessários. Por aqui, indico alguns kits básicos para a produção de cerveja em pequena escala no conforto do lar. Mas, antes, é preciso entender as etapas e ingredientes para produzir uma bela cerveja.
A primeira coisa é entender qual é o estilo que você mais se identifica para fazer. Gosta mais de cerveja de trigo? Invista na produção de uma Weiss. Se gosta de mais lúpulo na receita, prefira uma American IPA, que é mais simples para começar. Se é um gosto mais tradicional que você procura, a Pilsen (a cerveja de preferência do brasileiro), é uma boa aposta.
Brassagem (fervura, ou etapa quente)
A brassagem é a etapa do “chá”, falando grosseiramente. É nesta etapa que os grãos do maltes serão misturados à água para que soltem as enzimas que mais adiante se tornarão açúcar. Para isso, é necessário ter um bom fogão, com chamas altas. Lembrando que um fogão convencional suporta poucas quantidades de produção, por isso sugiro que, caso não tenha um fogão industrial, comece com quantidades entre 5 e 10 litros.
Para isso, você vai precisar de uma panela tipo caldeira, com boa capacidade em litros, feita preferencialmente de inox (ou alumínio). Uma pá, ou um utensílio como uma escumadeira, é necessária para mexer o líquido na panela. Utilize água de boa procedência, como água mineral. A mágica começa quando o malte entra em cena – e é a partir de qual estilo você deseja para a cerveja que irá determinar qual o tipo de malte será usado. Acredite, faz a diferença! Para uma receita de Pilsen, deverá ser utilizado o malte Pilsen. Para uma IPA, há a mistura entre um malte base e um malte caramelo. É uma alquimia!
Na produção caseira por puro lazer, prefiro escolher os maltes já moídos, em forma de extrato, uma vez que você economiza tempo na fase da moagem. Se você já for experimentado no assunto, poderá moar os grãos para adicioná-los na brassagem porque faz parte da diversão.
Os lúpulos (exceto em caso de “dry hop”, quando o lúpulo é adicionado na etapa fria) também são adicionados na brassagem. O tipo perfil aromático e de sabores vai da imaginação de cada um e do que se pretende alcançar. Por exemplo: uma cerveja com aromas mais cítricos pede lúpulos como Citra, Amarillo ou Cascade.
Você pode encontrar estes insumos para produzir sua cerveja na Lamas Brew Shop, assim como em milhares de outras lojas que vendem os ingredientes pela internet.
O mosto (usando como base uma produção de 5 litros) fica em fervura por cerca de 60 minutos. Depois disso, é chegada a hora do choque térmico.
Resfriamento (etapa fria)
Para esta etapa, caso você estiver fazendo a cerveja em casa, é hora de colocar seus instintos mais rústicos em ação. Não economize nos sacos de gelo: você vai precisar!
Na falta dos equipamentos mais usados no resfriamento – como a serpentina de cobre, para trocar gradativamente de calor com o mosto – use a boa e velha tática do balde ou pia cheia de gelo e água. Alcançado o tempo de fervura, tire imediatamente a panela do fogão e o coloque em choque térmico com o gelo. Lembre-se que, como a panela estará muito quente, o gelo vai derreter rápido e é preciso estar preparado com um saco de gelo extra.
Cuidado para o mosto não ter contato com a água. O líquido deve estar em temperatura ambiente ao final desta etapa. Se você optou pelo malte moído ao invés de extrato, é preciso coar o mosto com um pano esterelizado ou chinois (coador).
Fase fria (fermentação e refrigeração)
Aqui, paciência e cuidado andam lado a lado. Para essa etapa, você irá precisar de um balde fermentador, assim como de um Airlock (dispositivo que evita contaminação por entrada de ar no balde). Há termômetros específicos para registrar a temperatura do líquido no balde.
Após o mosto esfriar, é preciso transferir o líquido para um balde fermentador para que a mágica aconteça. É nessa fase que a levedura entra em ação misturada ao mosto – e sempre bom lembrar: levedura Ale para cerveja de alta fermentação, e Lager para cervejas de baixa fermentação.
Com mosto e leveduras já misturados, é o momento de fechar o balde (sanitizado) com todo o cuidado, e colocar dentro de um freezer ou geladeira. O líquido descansa refrigerado durante sete dias!
Maturação
Depois de repousar por sete dias fermentando, a cerveja estará pronta para a fase da maturação. Nela, é preciso ter garrafas ou growlers pet (todos sanitizados para evitar contaminação) à mão, pois são nestes recipientes que os últimos toques acontecem.
Despeje a cerveja nas garrafas e, antes de fechá-las, coloque o equivalente a um colher de chá de açúcar. Isso vai aumentar a graduação alcoólica da cerveja. Feche bem as garrafas (bem vedado!) e as coloque em um local fresco e longe da luz durante cinco dias. Depois, coloque para refrigerar durante mais dois dias e, após este prazo, a cerveja estará pronta para ser degustada.
Confira kits para alcançar a cerveja desejada em casa:
Neo Cerveja
Lamas Brew Shop
Cerveja da Casa
Quem quiser ver minha experiência em fazer cerveja na panela, clica aqui!
Saúde!
* Letícia Cruz Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.
No Replies to "Guia básico para fazer sua própria cerveja em casa"