Mitos e incertezas acerca da criação das India Pale Ales

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Provavelmente, a história que os entusiastas de cerveja conhecem é que as bebidas que iam da Inglaterra à Índia não sobreviviam à longa viagem e estragavam. Para que a cerveja pudesse resistir mais tempo, diz a lenda, o cervejeiro George Hogdson da londrina Bow Brewery, adicionou cargas de lúpulo à bebida. Como se sabe, o lúpulo tem poder antioxidante e é um conservante natural. Eventualmente, a nova cerveja, ainda batizada como “Pale Ale” virou hit também na colônia britânica.

Sabemos também que há enormes controvérsias quanto à origem das IPAs, e algumas hipóteses foram aventadas ao longo dos anos. A versão mais proeminente vem do pesquisador e jornalista britânico, Martyn Cornell, especialista em história da cerveja na Inglaterra. Observando artigos de jornais e registros datados do século XIX, Cornell constatou que os ingleses já tinham o conhecimento sobre a relação de quanto mais alcoólica e lupulada a cerveja for, mais tempo ela terá de validade.

Logo, a história tradicional mais conhecida poderia cair por terra. De acordo com a conclusão do pesquisador, é bem mais provável que o estilo tenha sido mais uma consequência natural das já conhecidas Pale Ales, apenas mais lupuladas e batizadas de “East India Pale Ale”. Uma das primeiras cervejarias com notoriedade a produzir e comercializar com o nome IPA foi a Taylor Walker. Porém, nos anúncios dos jornais, a Bow Brewery continuou sendo o rótulo de referência, conforme Martyn descreve no Zythophile, em “The first reference to IPA”.

O que há de certeza nisso tudo é que, na Índia – ironicamente – a East India Pale Ale era muito mais cara do que nos pubs de Londres. Mas, ainda assim, ainda era a opção mais refrescante para aplacar o calor do país asiático. Outra verdade é que a Bow Brewery, por sua proximidade ao porto, tinha uma grande vantagem na exportação da bebida, o que talvez tenha ajudado na popularização da marca.

Mas as IPAs já eram como as conhecemos hoje? A resposta é… não! A lupulagem era bem mais amena do que as atuais, que devem muito aos norteamericanos em seu perfil mais agressivo e novas técnicas. Outra diferença está na graduação alcoólica: enquanto as antigas alcançavam no máximo 6%, hoje já é possível produzir Double ou Triple IPAs com 10%. Tudo é questão de evolução, e também de questionar as histórias que fomos ensinados a replicar.

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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