O que vale mais: o vinho tomado ou o passaporte carimbado?

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Texto e fotos: Lalá Ruiz

Sabe aquelas viagens combinadas em mesa de bar, depois de algumas cervejas, e que em 99% das vezes não se concretizam? Pois minha primeira viagem à Itália se encaixa nesse improvável 1%. Tudo começou com um “gostaria tanto de conhecer”, seguido de um “vou pra lá no meu aniversário, quer ir comigo?”. Meses depois, chega o e-mail: “Estou cotando passagem”.
Entre a primeira conversa, o planejamento e a viagem em si, foi-se quase um ano. E em maio de 2008 partimos, eu e minha amiga Renata Sanches, rumo a Milão, nossa primeira parada e porto seguro – ela, que morou na capital italiana da moda por muitos anos, conseguiu que nos hospedássemos na casa de uma amiga, de onde partíamos para viagens curtas pelo país.

Uma das cidades que visitamos foi Florença, capital da Toscana, região famosa pela arte e pelos vinhos. Lá, na terra natal de Leonardo Da Vinci e Dante Aleghieri, compramos um tour para visitar uma das muitas vinícolas produtoras do clássico Chianti. Confesso que escolhemos o passeio mais barato, já que nenhuma das duas era expert no assunto ou estávamos nadando em dinheiro.

Hoje, com um pouco mais de conhecimento acerca do mundo dos vinhos, eu faria diferente, e teria escolhido, por exemplo, visitar a vinícola Biondi Santi, onde foi engarrafado o primeiro Brunello di Montalcino, em 1888, ou a Barone Ricasoli, a mais antiga da Itália e local de nascimento do Chianti, no século 9. Porém, o destino que escolhemos ao acaso se revelou muito peculiar.

Castello dell Trebbio pode não ser o produtor de vinho mais famoso da Toscana, mas sua história é pra lá de curiosa. Construído em 1184, sintetiza tudo o que o viajante espera encontrar em uma viagem à região: vinho, uma paisagem espetacular e uma pitada generosa de mistério, com direito a tramas conspiratórias envolvendo a mais proeminente das dinastias fiorentinas: a família Medici.

O castelo inicialmente pertenceu à família Pazzi. Foi lá, em 1478, que os então nobres banqueiros arquitetaram, com a ajuda do papa Sisto IV e de Federico da Montefeltro, o Duque de Urbino, o assassinato de Lorenzo de Medici, cabeça da República de Florença. A chamada “Conspiração Pazzi” falhou, a família caiu em desgraça e o castelo foi confiscado pelo governo.

Há tempos a propriedade deixou as mãos da administração pública e, desde 1968, pertence à família Baj Macario, que enxergou nas terras que circundam o histórico castelo a oportunidade de dar nova vida à região, tornando-se ao mesmo tempo vinícola, produtora de azeite, de açafrão e de cosméticos à base de vinho. Com restaurante e hotel, integra o circuito de agroturismo de Florença.

O empreendimento produz rótulos que vão do Chianti Superiore ao espumante Metodo Classico, e oferece diferentes tipos de visita guiada. A que eu e Renata fizemos incluiu degustação de brancos e tintos. O trajeto, feito em ônibus de turismo com guia em inglês, teve parada na Igreja de Santa Brígida e a visão de um autêntico Davi de Michelângelo de britadeira em punho na beira da estrada.

Escrever sobre essa experiência me faz pensar em quanto viagens assim ficaram proibitivas – ou mesmo acintosas – neste momento de incertezas advindas com a (pós) pandemia da Covid-19. Por outro lado, penso que, diante do que vivemos hoje, mais do que simplesmente carimbar o passaporte, quero boas memórias, como essa visita ao Castello del Trebbio, para brindar com um bom vinho.

Anote na agenda

Castello del Trebbio

Via Santa Brigida 9, 50065, Pontassieve, Florença, Toscana, Itália

Telefone: +39 055 8304900

Fax: +39 055 8304003

Celular para informações: +39 335 6550585

E-mail: info@castellodeltrebbio.eu

Site: www.castellodeltrebbio.com.

*Mais informações sobre Florença e suas atrações: www.firenzeturismo.it

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