Por que comemoramos o St. Patrick’s Day?

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Chegou a semana de março em que só se fala em comemorações regadas à cerveja e chapéus verdes nos pubs mundo afora. Provavelmente, você já deve ter visto a famosa cerveja verde em algum lugar. Nesta semana, em que se comemora o Saint Patrick’s Day (17 de março), a Cervejopédia te explica os motivos dessa festividade e seus simbolismos. Antes de tudo, é preciso conhecer o patrono das comemorações. Afinal de contas, quem foi essa figura tão venerada pelos irlandeses?

O que a história diz sobre São Patrício (a alcunha do santo irlandês em português) é que ele nasceu por volta de 390 d.C (século IV) na Grã-Bretanha ainda sob domínio romano. O local certo é desconhecido, mas acredita-se que seja ou na Escócia ou País de Gales. Seu nome real não era Patrício e sim, Maewyn Succat. Mas como é que o filho de um diácono foi parar na Irlanda, a ilha a noroeste da Europa Continental? O desenrolar do enredo foi bem menos romântico do que se pode imaginar.

Representação de São Patrício com o trevo de três folhas em mãos

Quando tinha 16 anos, Succat foi sequestrado por piratas irlandeses e vendido como escravo para aquelas terras. Preso e impedido de voltar para casa, o então adolescente trabalhou como pastor de ovelhas e cuidador de porcos no condado de Antrim, na Irlanda do Norte. Neste período em que foi escravizado, o menino que até então era considerado pagão, foi aos poucos se voltando à religiosidade. Reza a lenda que, durante uma oração, ele teve uma iluminação que o guiou a encontrar o barco que o levaria de volta à Grã-Bretanha.

Geralmente, a trajetória dos santos tem alguns plot twists, e a de São Patrício não seria diferente. Já um homem livre, Succat teria sonhado com a Irlanda e interpretado o fato como um chamado para dedicar-se à vida religiosa. Viveu e estudou por doze anos em um mosteiro na França e, após tornar-se clérigo, decidiu retornar à Irlanda (mais especificamente em Strangford Loch) com o objetivo de pregar o catolicismo ao povo celta.

Seus métodos eram diferentes da catequese imposta pelos romanos, procurando criar amizade entre os druidas, figuras responsáveis pelo ensino na sociedade celta. Ao longo dos anos, foi o responsável por erguer igrejas, escolas e mosteiros pela ilha. O resultado é que até hoje a Irlanda é um dos países com maior concentração de cristãos no mundo.

No entanto, sua presença na Irlanda era vista com maus olhos e foi bastante perseguido, sendo preso inúmeras vezes até a sua morte em 17 de março de 461 d.C. no condado de Down. Muito do que se sabe sobre sua vida foi registrado pelo próprio em sua autobiografia. Clica aqui.

A existência de São Patrício foi envolta de lendas difundidas através dos tempos. A mais famosa provavelmente é a de que o santo expulsou todas as cobras da Irlanda – o que seria uma simples metáfora da expulsão dos pecados pela fé. Também é creditada a ele a invenção da Cruz Celta, uma cruz com um círculo no centro, como simbologia da transição do paganismo ao cristianismo. E o trevo de três folhas, ícone máximo da Irlanda, teria sido usada pelo santo para explicar a Santíssima Trindade aos celtas.

E quando a cerveja verde entra na história?

Pasmem: o St. Patricks Day, embora tenha alma irlandesa, não nasceu por lá. A data surgiu como um grito de orgulho dos irlandeses que tiveram de imigrar para os Estados Unidos durante a Grande Fome na Irlanda. Utilizando das simbologias máximas de seu país natal, como o trevo (shamrock), o Leprechaun (o duende que representa o folclore celta) e a cor verde, os imigrantes começaram a organizar paradas celebrando seus costumes no dia da morte do patrono São Patrício, dia 17 de março. O primeiro desfile foi feito em Saint Augustine, na Flórida, EUA, em 1601.

A maravilhosa cerveja Guinness, nascida em Dublin. A mais pedida dos pubs mundo afora.

A cerveja verde é item indispensável, coloração alcançada não por um feito de uma receita mirabolante (desculpe destruir a fantasia) – e sim, do simples uso de corante verde alimentício em alguma Pilsen ou IPA. Porém, a cerveja Guinness continua sendo o símbolo máximo das comemorações na Irlanda, e sinônimo de qualidade. De acordo com a própria marca, cerca de 5 milhões de pints da stout Guinness Draught são vendidas diariamente no mundo – e durante as comemorações de São Patrício, o número dobra.

A festa ganhou notoriedade mundial depois de 1995, quando uma campanha do governo irlandês procurou disseminar essa cultura que pegou muito nos EUA, Austrália e Canadá, países com muitos imigrantes irlandeses, e até mesmo no Brasil – pois se há um paralelo entre brasileiros e irlandeses é que adoramos uma cervejinha. Duvido que você já não tenha visto alguma programação especial para a data!

A cerveja é indiscutivelmente a bebida preferida dos irlandeses, e essa celebração também é uma ode às muitas contribuições desse povo à popularização dessa bebida que tanto amamos. Um brinde!

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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