Uma reflexão sobre o cancelamento dos vinhos brasileiros

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Por Lalá Ruiz*

No dia 8 de julho, um cozinheiro foi preso em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, ao se queixar com amigos, no Facebook, de ter que cozinhar para o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que na ocasião se encontraria com produtores de vinho da região, conhecida como Vale dos Vinhedos.

O fato mobilizou a internet, não apenas pelo ridículo da situação – um deputado gaúcho, vejam só, interpretou a frase como uma ameaça explícita à vida do atual ocupante do Palácio do Planalto e acionou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Mas, principalmente, pela discussão acerca do cancelamento dos vinhos nacionais.

No Twitter, Facebook, Instagram e nos comentários de leitores dos principais portais de notícias, o que mais vi foram pessoas declarando o banimento dos rótulos nacionais de suas taças.

Protestar contra arbitrariedades, quaisquer que sejam, é mais do que necessário, diria que é um dever. Mas, nesse caso específico, dá pra fazer isso sem desprestigiar o vinho brasileiro.

A Serra Gaúcha concentra boa parte da produção da bebida no país, é verdade, mas outras regiões têm apostado nesse mercado, graças ao desenvolvimento de tecnologias de plantio, colheita etc. Como consequência dessa movimentação (que não é nova, começou há pelo menos duas décadas), há bons vinhos sendo feitos atualmente no país, em especial no Sudeste.

Por exemplo: uma das mais bem avaliadas e premiadas vinícolas do Brasil, a Guaspari, fica em Espírito Santo do Pinhal, cidade do interior paulista. Sua produção inclui vinhos tintos, brancos e rosés, com especial destaque para os feitos a partir da uva Syrah.

A Guaspari possui loja na sua sede e e-commerce, mas também vende seus produtos em empórios especializados e em mercados – já encontrei vinho da marca no Hortifruti Oba. E para quem gosta de conhecer vinícolas, a Guaspari ocupa uma antiga fazenda cafeeira com boa infraestrutura para receber turistas, o que inclui opções de visitas guiadas seguidas da degustação de pelo menos quatro vinhos, tudo mediante reserva.

Outro exemplo: a 26 quilômetros de Espírito Santo do Pinhal, mas já no sul de Minas Gerais, na cidade de Andradas, fica a Casa Geraldo, vinícola fundada por descendentes de italianos que produz um excelente espumante, entre outros vinhos – que, aliás, podem ser comprados em sites de grandes lojas como Americanas.com e Magazine Luíza.

Raízes do Baú (São Bento do Sapucaí, SP), Villa Santa Maria (também em São Bento do Sapucaí, que já foi tema aqui na coluna) e Casa Verrone (Itobi, SP) também estão entre as vinícolas que merecem a atenção dos amantes dos bons vinhos. Que tal dar uma chance?

EM TEMPO

Um dos mais populares vinhos de mesa do Brasil, o Dom Bosco, é produzido pela CRS Brands, empresa com sede na cidade de Jundiaí (SP) fundada em 1926 pela família Cereser, cujo nome batiza a popular sidra presente em todo tipo de comemoração pelo país afora.

Foto: Vinotecarium por Pixabay

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

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