Afinal, vinho sem álcool é suco de uva?

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Por Lalá Ruiz*

O mercado de bebidas sem álcool ou com baixo teor alcoólico está entre os que mais cresce no mundo. Relatório recente da organização britânica IWSR, que há mais de 50 anos atua na pesquisa e análise de dados sobre o setor de bebidas, aponta que a busca do consumidor por um estilo de vida mais saudável levou o segmento a um crescimento de 7% em volume em 2022.

De acordo com o Estudo Estratégico de Sem e Baixo Álcool da IWSR, o faturamento de produtos sem e com baixo teor de álcool – leia-se cerveja, cidra, vinho, destilados e drinques prontos para beber, os famosos RTD – ultrapassou os US$ 11 bilhões em 2022 nos dez principais mercados globais examinados, a saber: Austrália, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Japão, África do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. Em 2018, esse valor foi de US$ 8 bilhões.

O dado interessante é que, desse total, 70% correspondem a produtos zero álcool. E a tendência, aponta a IWSR, é de que essa porcentagem suba para 90% nos próximos quatro anos. Já quando o assunto é, especificamente, vinho sem álcool, a empresa americana Fact.MR estima um aumento da demanda mundial em torno de 10% ao ano entre 2023 e 2033.

Diante desses dados, vem aquela dúvida cruel: afinal, vinho sem álcool é suco de uva?

A resposta é: não.

Tanto o vinho sem álcool quanto o tradicional são preparados da mesma forma. O que muda é que, no caso do zero, o álcool é extraído da bebida pronta antes do envase. Aliás, se o vinho tiver um teor alcoólico inferior a 0,5%, já é considerado zero álcool e pode ser comercializado como tal.

São várias as técnicas para se retirar o álcool da bebida. Porém, a Osmose Reversa é apontada como o método mais eficiente – consiste em passar a bebida por um tipo de filtragem que separa o álcool e a água do resto da composição do vinho. Quem quiser saber mais sobre isso encontra uma explicação bem completa aqui no Divvino Blog, da importadora de vinhos Divvino.

E no Brasil?

Como no resto do mundo, essa tendência de consumo é percebida e levada a sério tanto por produtores quanto por comerciantes brasileiros. A Cooperativa Aurora, do Rio Grande do Sul, por exemplo, tem em sua linha de produtos dois espumantes zero álcool, um branco e um rosé. Tecnicamente falando, esses dois rótulos não são espumantes, mas sim sucos de uva integral gaseificados.

Porém, com o sucesso das vendas – conforme dados publicados no dia 2 de setembro em reportagem do site da revista Exame, o produto zero álcool representa cerca de 25% do volume vendido pelo e-commerce da Aurora –, a cooperativa busca por tecnologias que permitam a “desalcoolisação” de vinhos finos produzidos com uvas brasileiras já a partir de 2024.

“Espumante” da Aurora e vinho da La Dorni: aposta certeira (Fotos: Divulgação)

Por outro lado, a vinícola paranaense La Dorni percebeu o potencial desse mercado há mais de duas décadas e “desalcoolisa” seus vinhos desde 2001 com um método próprio. Hoje, o setor responde por 20% da produção da vinícola, com um portfólio que inclui opções de vinho seco de uvas como tempranillo e tannat, além de versões demi-sec e doce.

Por aqui já tem e-commerce 100% voltado para o consumidor “álcool free”. É o caso, por exemplo, do Empório sem Álcool, uma adega online especializada em bebidas nacionais e importadas (sem álcool, claro), com sede no Bosque da Saúde, em São Paulo (Capital). Além de cervejas, sucos etc., comercializa vinhos e espumantes do Brasil, Alemanha, Chile, Espanha, Estados Unidos e França.

Agora, me diga: você está pronto para o vinho sem álcool?

EM TEMPO

Vem aí a ProWine São Paulo 2023

A edição 2023 da ProWine São Paulo, considerada a maior feira da indústria de vinhos e destilados das Américas, será realizada entre 3 e 5 de Outubro, das 12h às 19h, no Expo Center Norte. O evento é focado no segmento B2B (business to business) e voltado exclusivamente para profissionais do setor.

Durante esses três dias, o evento reunirá importadores, distribuidores, sommeliers, varejistas e o trade do Brasil e da América Latina para se relacionar e fazer negócios com produtores de vinhos e destilados de todas as partes do mundo.

Mais de 1 mil marcas confirmaram a participação. Entre as novidades, uma seleção de produtos provenientes de países ainda pouco explorados no mercado brasileiro, como Irlanda, Grécia, Israel, Turquia, Moldávia e Líbano, entre outros.

A expectativa é de receber 10 mil visitantes, 25% a mais em relação à edição anterior. A realização é da Emme Brasil e Inner Group, em sociedade com a Messe Düsseldorf, organizadora da maior feira de vinhos e destilados do mundo, a ProWein, na Alemanha.

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

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