Você come o que quer ou o que a mídia sugere?

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Quem nunca salivou ao ver um belo prato de comida ou sanduíche em propaganda de restaurante ou de empresas alimentícias que atire a primeira pedra. Somos constantemente induzidos a consumir esse ou aquele produto já que o alimento é uma mercadoria e, portanto, é explorado pela mídia de diversas formas e já há bastante tempo.
Tanto é que a bela imagem que ilustra este texto, provavelmente, foi uma das responsáveis por atraí-lo a ler esse artigo. O fato é que nesse universo midiático em que estamos inseridos, a publicidade é a que possui maior influência sobre as pessoas, a ponto de ser considerada um dos fatores de mudança no comportamento alimentar dos indivíduos.
O sociólogo Ariovaldo Franco conta em seu livro De caçador a gourmet que os primeiros alimentos industrializados eram insípidos e, portanto, com pouca aceitação. Dessa forma, para persuadir os consumidores a adotar novos padrões alimentares, desenvolveu-se a publicidade e suas técnicas. “Buscando ao mesmo tempo ganhar maior confiança do comprador, os rótulos e a publicidade destacavam medalhas e os prêmios recebidos pelo produto em feiras e exposições”, argumenta. Outra finalidade da publicidade foi encurtar a distância entre o produtor e o consumidor decorrente da produção em massa e do sistema de venda por atacado da sociedade industrial.
Nos dias atuais, a mídia também dita regras, gostos, modas no setor gastronômico, transformando a arte culinária em um dos temas do momento, principalmente entre os adolescentes, que parecem estar mais sensíveis e permeáveis às mudanças e, consequentemente, mais vulneráveis à propaganda. Mesmo em sociedades mais homogêneas, o poder da influência dos adolescentes é muito grande. Pode-se dizer que, a partir dos anos 70, essa influência ficou ainda maior. Isso veio a contribuir para a proliferação dos restaurantes com aspecto mais juvenil, os fast food (1).
Além de influenciar a forma de alimentação das pessoas, os veículos de comunicação (sites, blogs, revistas especializadas, programas de televisão, de rádio e livros sobre o assunto) acabam por conferir a alguns chefs o status de celebridade, que aparecem em colunas sociais, capas de revistas e viram apresentadores de TV.
A gastronomia nunca esteve tão em alta como nos dias de hoje. No mundo interligado pela internet, tendências e ideias espalham-se de forma rápida e eficaz fazendo com que técnicas culinárias e insumos sejam compartilhados universalmente, influenciando de maneira multicultural os hábitos à mesa.
A relevância, e porque não chamar de modismo, da gastronomia nos dias atuais foi capaz até de transformar a concepção espacial da cozinha nas casas, que deixaram de ser um local reservado para tornarem-se um ambiente aberto à área social, segundo a pesquisadora Rossana Pacheco da Costa Proença (2). No entanto, ela comenta que muitas vezes essas áreas gourmet parecem não serem feitas realmente para cozinhar porque na hora de escolher utensílios, equipamentos e acabamentos leva-se mais em consideração a decoração do espaço do que efetivamente suas utilidades.
De qualquer forma, a influência da mídia sobre as pessoas a consumir a gastronomia de forma ampla e irrestrita também desencadeia outros comportamentos que podem ser considerados positivos, principalmente dos indivíduos que vivem em países industrializados. A pesquisadora destaca a autonomia, o convívio, a preocupação com a saúde e o equilíbrio alimentar, assim como a valorização do natural como tendências nas sociedades de consumo que são benéficas aos seres humanos.
Depois de saber tudo isso, qual sua resposta para a pergunta feita já no título? Pense nisso.
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(1) Susana Inez Bleil. O Padrão alimentar Ocidental: considerações sobre a mudança de hábitos no Brasil. Cadernos de Debate, Vol. VI, 1998.
(2) Rossana Pacheco da Costa Proença. Alimentação e globalização: algumas reflexões. Ciência e Cultura. Vol.62, N.º4, São Paulo: Out. de 2010.
Foto: Colchilhone com ragu de ossobuco, feito pelo Chef Adriano Ramos.

No Replies to "Você come o que quer ou o que a mídia sugere?"

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    paulosalvador 10 de abril de 2013 (14:50)

    Sou azedo e crítico com a mídia em geral, prefiro não terceirizar meus pensamentos, mas na gastronomia deixo-me levar, aceito dicas de restaurantes principalmente os populares e baratos que tenham algo a dizer, assim como sou um devorador de receitas, produtos e idéias.

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    Márcia Aparecida Cardoso 15 de maio de 2013 (12:21)

    Acredito na sugestão da mídia mas,tenho discernimento na hora de escolher o prato a ser degustado.Bela reportagem.

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