Da produção ao copo, produzir cerveja com sustentabilidade é possível

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Só no ano passado, o brasileiro consumiu cerca de 13,3 bilhões de litros de cerveja, segundo levantamento da Euromonitor. Foi também a bebida alcóolica com maior volume de vendas no mesmo período – maior parte envazada em latas e garrafas. Em uma realidade ideal, estes materiais encontrariam uma solução melhor de reaproveitamento depois de descartados. No entanto boa parte do material ainda acaba no lixo comum e, sem uma triagem para reciclar, acabam até mesmo poluindo oceanos, num páreo duro com as garrafas pet e embalagens plásticas que têm uma degradação lenta.

Com o aumento do delivery neste período pandêmico, a situação parece que se agravou. Uma pesquisa realizada pela conceituada revista Nature em junho deste ano concluiu que a maior parte do lixo encontrado nos oceanos vêm de sacos de plástico e embalagens, recipientes para alimentos e talheres, garrafas de plástico e de vidro e latas. “Sobretudo, o estudo ajuda a informar a urgência de tomar ações para controlar a produção, uso e destino destes itens produzidos pelos humanos no nosso planeta”, diz o artigo.

Imagens como essa motivam a maior conscientização tanto de produtores quanto de consumidores (Imagem: MyGrowler)

A preocupação ambiental veio para ficar no meio cervejeiro. Ações como a adoção de suportes para latinhas de cerveja feitos de polietileno 100% reciclado eliminam a necessidade de embalar as latas em material plástico. A empresa responsável pelo produto, a PakTech, tenta desde 2018 inserir a aposta ambientalmente responsável aqui no Brasil e na Argentina.

Soluções também são dadas durante a feitura da cerveja. O bagaço de malte que sobra em grande quantidade depois da brassagem (cozimento dos cereais da cerveja) é reaproveitado para fazer pães. Muitas cervejarias doam o insumo para pequenas padarias, ou até mesmo encontraram novos nichos produzindo pães maltados. Outras cervejarias, como a estadunidense Boulevard Brewing Co., do Misouri, quis se livrar dos aterros e preferiu direcionar os aproximadamente 10 mil quilos de bagaço de malte produzidos em um ano para fazendeiros locais.

A redução da emissão de carbono com misturas GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) é outro ponto de atenção. A cervejaria Seasons, de Florianópolis, foi pioneira entre as artesanais em adotar caldeiras com queima de biomassa em vez de utilizar o gás GLP, tal como utilizar o ozônio como sanitizante na fábrica em detrimento aos químicos que agridem o ambiente.

A Cervejaria Dádiva, de Várzea Paulista, além de doar o bagaço do malte para produção de ração animal, reutiliza a água do processo de produção da cerveja. É tendência o incentivo para o uso de growlers (garrafas de armazenamento de chope) de vidro – em vez dos “pet” ainda muito consumidos predominantemente no delivery. Um bar que fica na zona sul de São Paulo, o Barcearia, aposta nos “cascos” de vidro mesmo com o aumento considerável do custo. “Além do benefício da redução da produção de lixo com a logística reversa, o casco de vidro conserva melhor as características originais do chope”, afirma o estabelecimento. Na compra do growler de vidro abastecido, o cliente retorna com ele vazio para reabastecê-lo.

Pinheiros, um dos bairros com maior densidade de restaurantes e bares na capital paulista, enfrenta uma grande dificuldade no descarte de garrafas e embalagens. Por isso, desde 2019 a cervejaria Goose Island (que fica no Largo da Batata), investe na coleta de recipientes em parceria com a Green Mining, por meio de uma bicicleta adaptada que recolhe as garrafas de vidro e as envia para o centro de reciclagem da Ambev no Rio de Janeiro.

E como faço minha parte?

Quem está bebendo mais em casa por conta da pandemia sempre tem muito o que descartar, principalmente latas e garrafas de vidro. Procure sempre ter um lixo separado no quintal, de acordo com o material, para descartar alumínio e vidro por coleta seletiva a fim de que não acabem em um aterro sanitário. Há cooperativas de reciclagem espalhadas pelas grandes cidades que aceitam estes materiais, e também pontos de coleta.

Caso você sempre peça delivery de chope, prefira os growlers reutilizáveis de vidro, cerâmica e inox. Como já dissemos, alguns estabelecimentos incentivam com descontos. Os growlers pet, por mais que sejam mais práticos, nem sempre são descartados corretamente para reciclagem além de liberar substâncias tóxicas quando expostas ao calor.

Se você mora em São Paulo, clique aqui e veja se existe esse serviço no seu bairro.

Saúde!

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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