Um raio-x do mercado global de vinho em tempos de pandemia

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Dados da OIV – The International Organisation of Vine and Wine apontam que a produção mundial foi de 260 milhões de hectolitros em 2020

Por Lalá Ruiz*

Ao divulgar os números do mercado mundial do vinho em tempos de pandemia, a OIV – The International Organisation of Vine and Wine, instituição intergovernamental de natureza técnica e científica com sede em Paris, na França, classificou 2020 como o ano da resiliência.

Isso porque, na avaliação da entidade, os produtores tiveram de se adaptar para sobreviverem aos efeitos do novo Coronavírus nos hábitos de consumo da população. Para tanto, diversificaram mercados, buscaram uma melhor integração com os serviços online e investiram fortemente em dados e tecnologia.

Com isso, a produção global de vinhos, conforme informou a OIV no relatório anual apresentado no último dia 24 de abril, teve uma leve alta em 2020 em comparação com 2019. No ano passado, a produção mundial foi de 260 milhões de hectolitros (mhl), 1% a mais do que no ano anterior – cada hectolitro equivale a cem litros.

Três países concentraram 53% da produção: 1º) Itália, com 49,1 mhl (3% a mais do que em 2019); 2º) França, com 46,6 mhl (acréscimo de 11% na produção em relação ao período anterior); e 3º) Espanha, com 40,7 mhl (um crescimento de 21% em 12 meses).

Esses mesmos países são listados como os principais exportadores de vinho. Porém, ocupam posições diferentes do “top 3” quando se contrapõe o volume comercializado com o faturamento, consequência do valor do produto (ou seja, quem vende os vinhos mais caros fatura mais). Compare no gráfico abaixo:

De acordo com a OIV, o volume de exportações de vinho em 2020 foi de 105,8 mhl, índice 1,7% menor do que em 2019. Os três principais países importadores da bebida responderam por 39% desse mercado. A saber: 1º) Reino Unido (14,6 mhl); 2º); Alemanha (14,1 mhl); e 3º) Estados Unidos (12,3 mhl).

O consumo global de vinho em 2020 também registrou queda: 234 mhl, 3% a menos em relação ao ano retrasado. Esse consumo foi medido em 200 países. Apenas cinco, vejam só, respondem por quase 50% do escopo: 1º) Estados Unidos (14%); 2º) França (11%); 3º) Itália (10%); 4º) Alemanha (8%); e 5º) Reino Unido (6%).

Uma curiosidade: quando o assunto é consumo per capita, Portugal aparece em primeiro lugar, com 51,9 litros/ano por pessoa, seguido por Itália (46,6), França (46), Suíça (35,7) e Áustria (29,9). A título de comparação, no Brasil, em 2020, o consumo per capita foi de 2,6 litros, conforme o relatório da OIV, o que nos garantiu um honroso 21º lugar no ranking.

HEMISFÉRIO SUL

Os dados apresentados pela OIV oferecem uma visão global do mercado em 2020, porém, o relatório traz um recorte interessante no que diz respeito aos países produtores de vinho do Hemisfério Sul, tais como Argentina, Austrália, África do Sul e Brasil, entre outros. Explico: até a divulgação do relatório, ainda não havia números absolutos disponíveis sobre a produção abaixo da linha do Equador. Confira o gráfico com dados levantados pela OIV:

A alta na produção brasileira registrada no relatório é pra lá de alvissareira, e mostra a profissionalização crescente do mercado nacional. Além disso, o Brasil foi o país que registrou a maior alta no consumo de vinho no mundo em 2020. Os dados divulgados em abril mostram que o país consumiu 4,3 mhl no ano passado, 18,4% a mais do que em 2019, um recorde desde 2000.

Para quem quer se aprofundar ainda mais no assunto, o relatório completo da OIV pode ser conferido no site da organização (https://www.oiv.int/). Vale ressaltar que os números não incluem dados referentes a suco de uva e mosto.

EM TEMPO

Uma dica de filme para quem gosta de assuntos relacionados à indústria do vinho: O Julgamento de Paris (Bottle Shock, EUA, 2008). Dirigido por Randall Miller e estrelado por Chris Pine, Alan Rickman e Bill Pullman, entre outros, o longa-metragem conta a história do início da produção de vinho na Califórnia, nos Estados Unidos, com enfoque na famosa degustação às cegas de vinhos em 1976 que ficou conhecida, justamente, como Julgamento de Paris. O filme atualmente faz parte do catálogo da Amazon Prime Video. E aqui vai um puxão de orelha na plataforma: o thumbnail tem erro de digitação (está como O “Juglamento” de Paris). Feio, né?

*Lalá Ruiz é jornalista formada pela PUC-Campinas. Trabalhou no extinto jornal Diário do Povo e no Correio Popular, ambos de Campinas (SP). Gosta de rock, blues, jazz, Clube da Esquina, pop latino, flamenco, literatura, televisão e cinema. É torcedora do Santos F.C. e criadora do IG @oassuntoevinho.

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