O Brasil (ainda) não é escola cervejeira. Mas está bem perto de ser

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Historicamente, há quatro escolas cervejeiras no mundo: a alemã, a belga, a americana e, por fim, a inglesa. Possuir uma escola cervejeira significa ter grande tradição sobre as receitas e os estilos ao longo dos anos. Cada um destes países contribuiu na construção das maiores referências que temos hoje. A mais clássica talvez seja a escola alemã, de onde surgiram as Lagers, as cervejas de fermentação em temperaturas baixas mais adoradas pela população – principalmente aqui no Brasil.

Se me permitem o comentário, há mais da cultura alemã no tocante das cervejas que considero essenciais: o respeito aos ingredientes e a resistência das pequenas cervejarias e consumo local. Coisas que considero primordial para a produção viva de cervejas de ótima qualidade.

Continuando este preâmbulo, cito a criativa escola belga de onde saíram estilos queridos e potentes como as Tripels, Saisons e Strong Dark Ales. Foi pelos monastérios belgas que conhecemos as cervejas trapistas, produzidas por monges e seguindo um ritual incrível de exigências para serem chamadas como tal.

Quando pensamos em cervejas mais secas e amargas, mas com boa drincabilidade, pensamos nas Ales (alta fermentação) como as Bitters, Stouts, Porters e, claro, as India Pale Ale inglesas. Tudo isso graças à escola inglesa. Não é difícil imaginar um pub cheio de gente curtindo alguns pints de cervejas de coloração âmbar e marron!

E por último, mas não menos importante, aterrisamos nos Estados Unidos da América dos anos 1970, quando a produção cervejeira se tornou punjante por lá. Foram muitos os estilos históricos surgidos na Europa que foram repaginados naquelas terras. Primando pelos toques inusitados e exageros, como a intensificação do teor alcoólico das bebidas, a cerveja artesanal teve um boom de cervejeiros e clientes nos anos 1990.

As tradicionais IPAs como costumamos beber atualmente, por exemplo, tiveram uma contribuição gigantesca da variedade de lúpulos americanos. E daí, já conhecemos. Existem tantas ramificações dessa adorada receita quanto há estrelas no céu.

E o que o Brasil pode oferecer ao mundo?

A resposta é: MUITO! Desde quando Maurício de Nassau, um holandês de origem alemã, decidiu por instalar uma cervejaria em Recife, por volta de 1654 – até os primórdios da cerveja em escala industrial com a influência da imigração alemã, a cerveja mais consumida é a Lager. Talvez pelo clima mais quente, talvez simplesmente uma questão de gosto: o brasileiro é phD em cerveja clara.

Nos últimos tempos, com muita inspiração do renascimento das cervejarias inglesas e americanas, cervejeiros brasileiros viram um espaço não explorado na criação de receitas com ingredientes que só nós temos, ou com nossas frutas tropicais. A junção da sede com a vontade de comer resultou na Catharina Sour – uma cerveja ácida com fruta fresca, primeira reconhecida como originalmente brasileira. E os primos e primas dela com certeza seguirão o mesmo rumo do reconhecimento, como a Imperial Sour.

Também estamos craques no quesito de fermentação espontânea e Wild Ales maturadas em barris de madeira. Não é a toa que estamos cavando espaços importantes em categorias de competições internacionais. A ver!


* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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