Kölsch: uma alternativa refrescante às lagers

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Volta e meia venho aqui neste espaço divulgar alguns estilos de cerveja que por um motivo ou outro foram renegados ou esquecidos no cotidiano. Além do fator histórico, pois cada estilo carrega em si uma história e um motivo de ser, acredito também na pluralidade e nas nuances que esse mundo pode abrigar. A cerveja Kölsch, mais um estilo vindo da Alemanha (mais especificamente patrimônio da cidade de Colônia), é um desses casos, apesar de ser um pré-adolescente centenário perto de outros estilos antigos.

A Kölsch é uma cerveja de alta fermentação, clara, filtrada, de aparência translúcida, super carbonatada e com um amargor lupulado com final seco no gole. Caso você já tenha experimentado ou visto por aí, ela é tradicionalmente servida em um copo alto e cilíndrico chamado Stange (já falamos sobre diferentes copos para cerveja aqui). Segundo especificação do BCJP (Beer Certification Judge Program), o amargor do estilo varia entre 18 e 30 IBUs (unidades de amargor) e o teor alcoólico entre 4,4% a 5,2% ABV.

Este estilo tem sutis diferenças com outros estilos que são muito conhecidos, e não por acaso: ela surgiu como uma maneira de competir com as Pilsens. A cidade alemã de Colônia, que fica bem próxima de Bruxelas, na Bélgica, também é um berço cervejeiro relevante com um histórico de pelo menos mil anos de produção de cervejas. E foi lá que em 1603, por força de uma lei que proibia a fabricação de cervejas com leveduras Lager (de baixa fermentação), sendo produzidas apenas cervejas de alta fermentação utilizando levedura Ale.

Uma Kölsch original da Gaffel, no copo stange (Foto: Pixabay)

Ainda não se sabe ao certo a razão que embasou a decretação dessa lei, uma vez que as cervejas lager eram – e continuam sendo – as preferidas da região. Porém, alguns historiadores apontam o clima da cidade ou falta de tecnologia para refrigerar as cervejas. Ou poderia ser mesmo o desejo de reencontrar a ancestralidade das cervejas alemãs, mesmo. Apesar disso, a cerveja Kölsch ainda encontra similaridades com as lagers, como o amargor médio, limpidez, coloração e corpo leve da cerveja.

A Sünner Brewery na época que produziu a primeira Kölsch, em 1900

A primeira cervejaria que comercializou a cerveja com nome Kölsch foi a Sünner, no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra e a destruição que decorreu dela, poucas da cerca de 40 cervejarias de Colônia tinham retomado a produção. Por volta de 1986, as cervejarias da cidade fizeram uma associação chamada Kölsch Konvention para garantir que o nome só fosse dado às cervejas produzidas dentro de Colônia, e mantendo sempre as características originais de aparência, aromas e sabores.

A pioneira Sünner Brewing ainda produz o rótulo, tal como a In der Gaffel e a Privatbrauerei Heinrich Reissdorf (nomes difíceis, não? rs).

Kölsch na atualidade e adaptações

Algumas cervejarias fora da Alemanha têm apostado em trazer o estilo à vida e, no Brasil, onde o clima quente pede cervejas leves e a preferência por lagers é indiscutível, cervejeiros artesanais encontram demanda para as Kölschs. E as nacionais representam super bem o estilo!

Lata da Oliven Kölsch

A Cervejaria Bodebrown, de Curitiba, é uma das que fizeram a aposta no estilo. Já produziu a “Gol de Bicicleta” em 2018, em comemoração à Copa do Mundo daquele ano, em parceria com outras cervejarias como a inglesa Adnams e Devil’s Peak, da África do Sul. Tem atualmente em linha a “Oliven”, uma “Brasilianisch” Kölsch feita em colaboração com a Casa Albornoz, que produz azeites especiais e outros produtos como o mel, ingredientes que dão o toque especial nesse rótulo. Muitas notas frutadas e florais, com aroma de camomila e pão bastante presente.

A Oliven recebeu medalha de ouro no Festival Brasileiro da Cerveja em Blumenau, em 2021.

Se você gosta de Lager e de cervejas leves, é uma ótima oportunidade de experimentar uma Kölsch. Saúde!

* Letícia Cruz 
Uma jornalista curiosa pelo mundo das cervejas compartilhando suas descobertas. Entusiasta da cerveja viva e local. Apaixonada pelos lúpulos! 
Criadora do @cervejopedia no Instagram e da loja @cervejopedia.beershop, que fica em Santana, capital paulista.

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